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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Chegando à Plaza de la Revolución, em Havana - Cuba
Depois do café da manhã na deliciosa casa com pé direito alto da Margarita e de descobrirmos a dificuldade do uso da internet no país (só em grandes hotéis e na empresa estatal de comunicação), saímos dispostos a uma boa caminhada aqui em Vedado e depois, para o centro.
Visitando a Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba
A primeira parada foi quase do lado de onde estamos, na Necrópolis Cristóval Colón, o maior e mais tradicional cemitério de Havana. Entre os mais de um milhão de túmulos, muitos dos quais ornados com esculturas clássicas e mausoléus, alguns nos interessavam mais. O cemitério já tem mais de 150 anos de uso, uma verdadeira cidade dentro de Havana. Logo na entrada, o imponente túmulo do General Máximo Gomez, um dos heróis da guerra de independência, no final do séc XIX. Ali perto também, o túmulo de Amélia Goyri, uma moça que morreu junto com seu bebê na hora do parto. Foram enterrados juntos e, alguns anos depois, quando o túmulo foi exumado, o bebê foi encontrado em seus braços. O marido ficou meio doido com isso, mas o fato é que ela acabou se tornando uma fonte de milagres e seu túmulo é o mais visitado pelos cubanos em busca de alguma dádiva.
Agradecimentos aos milagres de Amelia Goyri, na Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba
Túmulo de Eduardo Chibas, o fundador do Partido Ortodoxo e onde Fidel fez seu primeiro grande discurso, na Necrópolis Cristóbal Colón, em Havana - Cuba
Mas o túmulo que mais me interessava, curioso que sou sobre os anos que antecederam à revolução, era o de Eduardo Chibás. Ele foi o fundador do Partido Ortodoxo, onde militava um jovem e idealista advogado, Fidel Castro. Chibás fazia uma incansável campanha contra a corrupção que assolava o país, mas mesmo ele acabou perdendo suas esperanças. Num derradeiro golpe em sua cruzada, ele se suicidou ao vivo, durante um popular programa radiofônico. Seu enterro mobilizou multidões e foi sobre a sua lápide, logo após abaixarem o caixão, que o jovem advogado fez o primeiro de seus inflamados discursos que se tornariam sua marca pessoal ao longo das décadas seguintes. Estávamos em 1951 e, não tivessem sido as próximas eleições canceladas pelo golpe militar dado por Fulgêncio batista, certamente teria sido Fidel um dos mais votados deputados. Dois anos mais tarde viria o famoso e fracassado ataque ao quartel de Moncada, liderado pelo já rebelde Fidel, a prisão, o exílio no México e o retorno com mais tropas para formar a guerrilha que, após anos de luta, chegou ao poder no início de 59. Histórias que pretendo contar ao longo da estadia aqui em Cuba...
Propagandas do socialismo, muito comum nas ruas de Havana - Cuba
Monumento ao heroi da independência josé Martí, na Plaza de la Revolución, em Havana - Cuba
Bom, após prestar minhas homenagens a Chibás, deixamos a Necrópolis e seguimos caminhando até a mais emblemática praça da capital cubana, a Plaza de La Revolución. É um enorme espaço vazio para acomodar as milhares de pessoas que ali se reuniam para os grandes eventos comemorativos do sucesso da revolução cubana, que invariavelmente contavam com um dos longos discursos de Fidel, pelo menos até ele adoecer. No entorno da praça, o monumental obelisco em honra a José Martí, poeta, intelectual e herói da guerra de independência no final do séc XIX. Do outro lado, as enormes figuras de dois outros heróis, mais recentes: Che Guevara e Camilo Cienfuegos, os principais comandantes de Fidel durante a revolução e que acabaram ficando ainda mais populares que seu chefe, pelo menos entre os cubanos. Ambos mortos prematuramente, tornaram-se ícones pelo mundo e peça de propaganda constante dentro do país.
Plaza de la Revolución, com os herois Che Guevara e Camilo Cienfuegos, em Havana - Cuba
Entrada do famoso hotel Habana Libre, em Havana - Cuba
Continuamos nossa longa caminhada por Havana seguindo em direção ao centro. No caminho, alguns dos ícones dessa incrível cidade: os hotéis Habana Libre e Nacional, o incomparável Malecón e a mais incrível coleção de carros antigos ainda em atividade, digna de emocionar nossos pais e avós.
Fotos históricas da chegada dos guerrilheiros ao saguão do Hotel Habana Libre, em Havana - Cuba
O famoso Hotel Nacional, em Havana - Cuba
O Hotel Habana Libre era o mais novo e elegante hotel nos anos finais do regime de Batista. Com o ditador da fora do país e a revolução triunfantes, os guerrilheiros foram recebidos em festa nas ruas da cidade e se acomodaram neste hotel onde, por um bom tempo, funcionou a sede do novo governo. Nacionalizado, o hotel foi rebatizado com o nome que ainda tem hoje, reconhecido de longe pelo enorme mural que tem em sua parte exterior. Ali perto, já na beira do mar e do Malecón, está o imponente Hotel Nacional. Endereço mais chique da cidade na década de 30, passou por um longo período de decadência após a revolução, mas foi renovado recentemente. Além da vista magnífica para o mar em seus jardins, lá estão também os canhões espanhóis que lutaram contra os americanos durante a guerra hispano-americana do final do séc XIX. Tomar um morrito em seus jardins com essa vista é programa obrigatório para quem vem à Cuba!
Os famosos carros antigos de Cuba (em Havana)
Os incríveis carros antigos em Havana - Cuba
Assim que os revolucionários chegaram ao poder começaram as medidas de reforma agrária e nacionalização de empresas. Os grandes afetados por essas medidas foram exatamente as empresas americanas, então donas da maior parcela de terras do país e também das empresas dos setores de energia, telecomunicação, petróleo, entre outros. As relações com os Estados Unidos se deterioraram rapidamente, onde os poderosos lobbies logo começaram a atuar para desestabilizar o novo regime. Novas exportações para Cuba foram proibidas e é por isso que, ainda hoje, boa parte dos carros que rodam pelo país ainda são os carros que rodavam naquela época. Para quem gosta de carros, andar por Cuba e principalmente pelas ruas de Havana é uma verdadeira visita ao passado, às décadas de 50 e 40. Como o país passou mais de 20 anos sem importar novos carros, os cubanos tiveram que se virar com os que já tinham, tratando de conservá-los e mantê-los andando da maneira que tinham, improvisando peças de reposição. Na década de 80, uma nova onda de carros chegou, vindos da antiga União Soviética. Assim, Fords 48 e Chevrolets 56 dividem as ruas com Ladas 81 e Nivas 85. Uma paisagem surreal! Agora, nos últimos anos, chegaram alguns carros europeus e também os chineses, que ninguém sabe o nome, mas com uma aparência moderna. O cenário nas ruas ficou ainda mais variado. Mas, uma coisa é certa: os que melhor combinam com a arquitetura do centro da cidade são as banheiras americanas de 60 anos atrás. Para a gente se achar em um antigo filme de Hollywood, só faltava ser tudo em preto e branco!
Trânsito na famosa avenida Malecón, em Havana - Cuba
Observando a orla ao longo do Malecón em Havana - Cuba
Esse cenário dos carros e prédios antigos só perde para o do Malecón, ali em frente ao Hotel Nacional. Os carros antigos ainda estão lá, mas o fundo dos prédios antigos é substituído pela orla marítima com a imponente Fortaleza de San Carlos bem ao fundo, no alto de um promontório. Também chama a atenção a torre do Capitólio, réplica do congresso americano em pleno coração de Havana. Caminhar pelo longo calçadão do Malecón é um dos programas prediletos de cubanos e estrangeiros em Havana. O espaço também é disputado por pescadores e artistas solitários, que buscam no belo e tradicional cenário inspiração para a sua arte, ao mesmo tempo que servem de motivo para fotografias. A melhor hora para essa caminhada é no final de tarde, quando a avenida está mais cheia e a luz mais bonita.
Tarde ensolarada no Malecón, em Havana - Cuba
Inspirando-se no Malecón para fazer música (em Havana - Cuba)
Aproveitamos esses belos momentos e, depois de tanto caminhar, nos rendemos a um táxi para chegar mais rápido ao centro, na região do Capitólio, onde não havíamos estado ontem. Nova oportunidade de caminhar pelas ruas charmosas e decadentes do centro da capital e conhecer todos os tipos de pessoas, dos simpáticos e interessantes aos chatos e exploradores. Havana é um prato cheio para fotógrafos, oportunidades para todos os lados e todos os assuntos: arquitetura, pessoas, cores, sombras, detalhes, etc... Difícil mesmo é escolher as fotos depois, entre tantas boas imagens.
Moradias no centro de Havana - Cuba
Rua movimentada no centro de Havana - Cuba
A noite caiu e nós seguimos para a Fortaleza de San Carlos para ter a visão noturna da cidade, assistir à cerimônia do canhonaço e aprender um pouco mais de história. Aí contratamos uma amável e curiosa guia que nos levou rapidamente pela fortaleza, contando rapidamente trechos da história cubana pré-independência, as guerras de independência e todo o processo da revolução. A pressa era porque queríamos estar a postos na hora da cerimônia do tiro de canhão, ou canhonaço, uma réplica do que se fazia na época dos espanhóis, em finais do séc XVIII, quando o tiro de canhãp significava o fechamento das portas da cidade. Hoje a cerimônia é feita diariamente, com soldados vestidos a caráter (caráter de 200 anos atrás!), para a alegria dos turistas, sempre às nove da noite. Para quem vai, o bônus é a visão noturna de Havana logo ali em frente. E para quem paga um dólar a mais para ficar no “camarote” (nosso caso!), ainda ganha outro bônus: um morrito para assistir à cerimônia e ao canhonaço em grande estilo.
Chegando à Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba
Nossa guia na Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba
Essa gigantesca fortaleza, uma das maiores construídas pela Espanha no novo mundo, custou tanto aos cofres reais que o rei espanhol da época tentou vê-la com uma luneta desde Madrid. Disse que, para ter custado tanto, deveria ser muito alta! Ela ficou pronta um pouco tarde. Poucos anos antes a Inglaterra havia atacado e conquistado a cidade, onde permaneceram por vários meses. Só saíram depois de muitas negociações, o que incluiu, entre outras coisas, a barganha pelo estado americano da Flórida, que até então era espanhol. Vem daí o envolvimento histórico entre EUA e Cuba, quase sempre tão danoso ao país caribenho. Com a consolidação da independência americana duas décadas mais tarde, todo o comércio que se fazia com a Jamaica (açúcar!), então colônia britânica, foi suspenso. Foi o açúcar cubano que substituiu o jamaicano e já na primeira metade do séc XIX a cotrrente de comércio entre Cuba e EUA já era maior até que com a metrópole Espanha.
Visão noturna de Havana - Cuba, do alto da Fortaleza de San Carlos
Guarda vestido para a cerimônia do "canhonaço", na Fortaleza de San Carlos, em Havana - Cuba
Isso explica o fato de que, quando o grande general da independência latino-americana Simón Bolívar quis liberar Cuba também, os EUA disseram que “ali não!”. Tinham outros planos para a ilha... Por duas vezes tentaram comprá-la dos espanhóis, mas a decadente ex-potência europeia se negou a fazer negócio. Bom, se não fosse por bem, seria por mal, mas isso já é uma outra história. Vem no próximo post...
Interagindo com os cidadãos de Havana - Cuba
Ótimas dicas, principalmente a do canhonaço. Muito obrigado!
Olá encontrei o seu blog e tenho adorado ler sobre suas viagens, algumas estão me servindo de referência para futuras aventuras. Bjk da Rô.
Resposta:
Olá Rosane
Espero que vc continue achando muitas coisas inspiradoras por aqui para suas futuras viagens! Se tiver alguma dúvida, pode escrever que será um prazer tentar ajudar.
bjs
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