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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A Ana e seus sogros, o Joca e a Ixa, chegando a Punta del Este, no litoral do Uruguai
Enquanto eu crescia, nas décadas de 70 e início dos 80, o nome “Punta” só podia significar uma coisa: o sofisticado balneário uruguaio de Punta del Este. Nas enormes fotos da revista Manchete, lá estavam chiques e famosos se divertindo em festas ou iates na concorrida cidade uruguaia. Isso foi muito tempo antes da Ilha de Caras ou da outra “Punta” famosa que apareceu nos anos 90 e que hoje atrai muito mais turistas que sua homônima, Punta Cana, na República Dominicana (estivemos lá também nesses 1000dias. Veja o post aqui).
A Ana e seus sogros, o Joca e a Ixa, chegando a Punta del Este, no litoral do Uruguai
Praia tranquila nas cercanias de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Mas a concorrência internacional não tirou o Ímpeto dos turistas em viajar para lá. Punta del Este pode já não ter o mesmo glamour de outrora, mas a cada verão, suas praias e discotecas se enchem novamente. A população que realmente vive em Punta o ano todo é de 10 mil pessoas, mas o número de casas e apartamentos na cidade é quase três vezes maior. São das pessoas que moram em Montevideo e, principalmente, na Argentina, e voltam a cada temporada. No auge do verão, são cerca de 400 mil pessoas na cidade, não só naquelas casas de veraneio, mas também na extensa rede hoteleira e, claro, aqueles tantos que vêm apenas para passar o dia e retornar às suas cidades de origem ou gigantescos navios-cruzeiro.
Praia tranquila nas cercanias de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Navio-cruzeiro ancorado nas águas tranquilas de Punta del Este, no litoral do Uruguai
A nacionalidade da maioria dos turistas é argentina. Na temporada de 2011, por exemplo, foram 1,25 milhões de hermanos. Em segundo lugar estamos nós, brasileiros. Naquele mesmo ano, foram pouco mais de 300 mil brazucas, à frente dos 60 mil americanos e 100 mil europeus. Esse número representa apenas aqueles que, de alguma maneira, passaram pelos registros da cidade, como hotéis, aeroporto, rodoviária e marina. Nós, por exemplo, vindos de Fiona e apenas de passagem, não estaríamos nessas estatísticas.
Praia tranquila nas cercanias de Punta del Este, no litoral do Uruguai
A famosa Punta del Este, no litoral do Uruguai, é uma pequena península de menos de 4 km que se projeta para o sul sobre o Oceano Atlântico. Nós demos a volta na península, entrando pela Playa Mansa e saindo pela Playa Brava
Punta del este é uma pequena e estreita península que se projeta para o sul, sobre o Oceano Atlântico. Tem um pouco menos de quatro quilômetros de extensão e apenas alguns quarteirões de largura. De um lado, onde está a concorrida Playa Brava, o mar aberto, o Oceano Atlântico. Para o outro lado, na tranquila Playa Mansa, está o estuário do Rio da Prata e o continente. Aliás, na opinião de uruguaios e argentinos, Punta del Leste marca o fim do rio e o início do mar. Mas as fotos de satélite e as medições de salinidade da água não parecem concordar com isso. Na verdade, já seria na altura de Montevideo essa transição entre rio e oceano.
Foto de satélite do estuário do Rio da Prata, desde seu início, no delta do rio Paraná, até sua foz. Para alguns, ele termina na altura de Montevideo. Para outros o final do rio é mais adiante, em Punta del este
Foto de satélite mostra bem a diferença da cor da água na altura de Buenos Aires (Rio da Prata), Montevideo (transição) e Punta del Este (oceano)
O turismo nesse lugar idílico, uma península de areias brancas entre o rio e o mar, já é centenário. O primeiro hotel é de 1889 e os primeiros veranistas chegaram de barco em 1907, vindos de Montevideo, mas cheio de... argentinos! Já naquela época, a aspiração era fazer de Punta uma espécie de Biarritz, o famoso balneário francês. Desde então, afama e a popularidade não pararam mais de aumentar. A luz elétrica chegou em 1916 e o hotel mais tradicional da península, o San Rafael, ficou pronto em 1948.
Parte da skyline de Punta del Este, no litoral do Uruguai
A movimentada marina de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Para o lado do rio e do continente, as águas são calmas e as praias são as preferidas das famílias. Aí também estão a movimentada marina do balneário e a ilha Gorriti, a preferida dos iates. Do outro lado, o do oceano, a Playa Brava, com muitas ondas e a preferida de jovens e surfistas. É aí que foi inaugurada, em 1981, a escultura que se tornou o cartão postal mais famoso da cidade e do país. Foi durante um concurso promovido pela prefeitura que o chileno Mario Irarrázabal idealizou e construiu uma mão gigantesca, parcialmente coberta pela areia da praia, onde apenas os dedos aparecem. Parece até o último suspiro de alguém que se afoga no mar. Pois essa era mesmo a sua intenção, alertar os banhistas dos perigos da Playa Brava. A escultura caiu nos amores da cidade e nunca mais foi desmontada, a imagem mais conhecida de Punta del Este pelos quatro cantos do mundo, sendo fotografada, literalmente, milhões de vezes a cada verão.
Caminhando na orla de Punta del Este, no litoral do Uruguai, próximo à área de sua marina
Programação de shows em Punta del Este, no litoral do Uruguai. Quem diria, hein Ricky? Do lado do Michel Teló...
Punta del Este não é o tipo de cidade que mais nos atrai. Talvez há 100 anos, mas não como é hoje. Praia por praia, há outras bem mais interessantes na costa leste do país. Baladas caras não são o nosso forte, ainda mais acompanhados de meus pais. Lojas de marca, e elas não faltam na cidade, nunca foram meu estilo, ainda mais durante os 1000dias, onde temos tão poucos compromissos sociais. Shows de Ricky Martin e Michel Teló, definitivamente, não nos atraem. De qualquer maneira, com a fama que tem e a beleza inegável de sua natureza, ela não poderia estar de fora do nosso roteiro. Então, programamos uma rápida passagem por aqui, um almoço para aproveitar os excelentes restaurantes disponíveis e uma tarde para ver de perto suas praias e avenidas.
Viajantes overlanders alemães acampados na proximidade de Punta del Este, no litoral do Uruguai
A movimentada marina de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Como disse, a cidade é bem pequena e, de carro, podemos dar a volta nela, com paradas para fotos, em menos de uma hora. Nós chegamos do lado oeste, aquele das águas mais tranquilas, e logo paramos nas praias mais afastadas. Dali se podia ver a península com perfeição, além da ilha Gorriti. Na baía plácida descansava um dos enormes navios-cruzeiro que chegam à cidade diariamente. Na praia, acampados e tranquilos, jogando baralho, uma família de alemães e seu enorme carro, quase um caminhão, com que viajam pelo mundo. Muito bem instalados, bela vista e sem ter de pagar nada. Nessa época do ano, a acomodação na cidade é bem cara e uma opção mais em conta é hospedar-se na cidade de Maldonado, bem maior e com mais infraestrutura. Mas quem ficar aí vai estar meio longe do agito.
Playa Brava, em Punta del Este, no litoral do Uruguai
Surfistas pegam suas ondas na PLaya Brava, em Punta del Este, no litoral do Uruguai
Em Punta del Este, no litoral do Uruguai, homenagem aos 60 anos da Batalha de Punta del Este (ou do Rio da Prata), o primeiro grande enfrentamento de navios de guerra alemães e britânicos, que terminou com o afundamento do famoso Graf Spee
Depois dessa primeira parada estratégica, fomos para a península propriamente dita. Entramos pela tranquila Playa Mansa e chegamos até a marina repleta de iates. Aí, mais um tempo para caminhada e fotos. Depois, no carro outra vez, para dar a volta na península e chegar ao lado do oceano. Realmente, a diferença na agitação da água é gritante. Antes de chegarmos à Playa Brava, anda demos uma parada em um monumento que marca uma passagem no mínimo inusitada da história da cidade.
O cruzador alemão Graf Spee, orgulho da marinha nazista, antes do início da 2a Guerra Mundial
Após a Batalha de Punta del Este, o cruzador alemão Graf Spee chega avariado ao porto de Montevideo, no Uruguai
Ante a perspectiva de ser capturado pela marinha inglesa, o comandante do cruzador alemão Graf Spee prefere destruir e afundar seu navio, em frente ao porto de Montevideo, em 1939
Esse ano marca 65 anos da famosa Batalha de Punta del Este, também conhecida como Batalha do Rio da Prata. O ano era 1939, início da 2ª Guerra Mundial. As águas de Punta del Este foram o cenário do primeiro grande embate naval desse conflito, entre um navio de guerra alemão, o Graf Spee, e três navios britânicos. Pelas regulações impostas à Alemanha após sua derrota na 1ª Guerra Mundial, o país não poderia construir grandes navios de guerra. Ela se concentrou, então, em fazer barcos menores e mais bem armados, mas bem rápidos. A estrela dessa frota era justamente o Graf Spee e, desde o início da guerra, três meses antes, o cruzador alemão vinha fazendo um verdadeiro estrago na marinha mercante inglesa aqui no Atlântico Sul, inclusive na costa brasileira. Foram diversos navios afundados, sempre com o devido cuidado de se salvar seus tripulantes e passageiros. Virou questão de honra para britânicos, que dominavam os mares há mais de três séculos, capturar e afundar o Graf Spee. Jornais do mundo inteiro cobriam a caçada e milhões de pessoas acompanhavam e esperavam, ansiosas, os próximos capítulos do drama.
Pequena capela na costa leste de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Cartão postal nacional, a famosa escultura da mão enterrada na areia da praia de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Praia nas cercanias de Punta del Este, no litoral do Uruguai
Pois foi aqui em águas uruguaias que, finalmente, o Graf Spee se encontrou com navios de guerra ingleses. Ele não fugiu do combate e, ao contrário, atacou furiosamente os três barcos, infringindo pesadas perdas. Mas ele também saiu danificado do combate e, impossibilitado de voltar a alto mar, buscou refúgio no porto de Montevideo, capital de um país neutro na guerra. Mas os consertos necessários demorariam semanas e, até lá, mais navios ingleses chegariam para esperá-lo em águas internacionais, na foz do Rio da Prata. Além disso, pelas leis da guerra, se ficasse no porto por mais de quatro dias, o navio deveria ser “internalizado” no Uruguai até o final do conflito e os alemães não tinham dúvidas que os uruguaios dariam acesso ao navio para seus amigos ingleses. Após dias tensos acompanhados pela imprensa mundial, o comandante do Graf Spee ordenou que a maioria da tripulação deixasse o navio e, com um punhado de homens, levou o barco para longe do porto e o explodiu. Afundava assim o orgulho da marinha nazista. O comandante e seus auxiliares seguiram para a Argentina, nação simpática aos alemães. Mas poucos dias mais tarde, em um hotel de Buenos Aires, vestido com sua farda militar, o comandante alemão se suicidou. Por sua honra e também para não ter de voltar para Hitler de mãos abanando. Enquanto essa terrível batalha pode ser vista e ouvida aqui de Punta del Este, os momentos finais do Graf Spee foram acompanhados de perto pelas lentes da imprensa e dos olhos de mais de cem mil pessoas que o viram zarpar do porto de Montevideo.
O delicioso restaurante La Huerta, em Punta del Este, no litoral do Uruguai
Parte da horta do restaurante La Huerta, em Punta del Este, no litoral do Uruguai
Dentro do restaurante, tem até espaço para uma árvore crescer! (em Punta del Este, no litoral do Uruguai)
Bom, voltando do nosso passeio na história, seguimos para a Playa Brava, cheia de surfistas. Ainda paramos um pouco do lado da famosa mão enterrada, mas a quantidade de turistas e fotografias era tão grande que desistimos de fazer uma selfie por lá. A cada vez que ela ameaçava se esvaziar, um novo ônibus repleto de turistas estacionava ao lado e a confusão aumentava novamente. Tiramos nossa foto de longe mesmo, só pelo registro, e seguimos para o ponto alto de nossa passagem pela cidade: o almoço.
Almoço no restaurante La Huerta, em Punta del Este, no litoral do Uruguai
O estado dos nossos pratos mostra o sucesso da comida do restaurante La Huerta, em Punta del Este, no litoral do Uruguai
Nossa deliciosa sobremesa no restaurante La Huerta, Punta del Este, no litoral do Uruguai
Já fora da península, seguindo em direção ao litoral leste do país, encontramos o restaurante La Huerta. Como o próprio nome indica, muito do que é servido por ali é produzido nos próprios jardins do restaurante. Fresco, orgânico e delicioso. Para completar, uma arquitetura bem aconchegante, mistura de madeira e vidro, muita luz entrando e espaço para se ver longe. Nós nos banqueteamos felizes e o estado dos nossos pratos ao final da refeição é reflexo não só da nossa fome pelo avançado das horas, mas da qualidade da comida servida. Nem deu tempo de fotografar! Quando vimos e pensamos na foto, já era! Pelo menos a sobremesa, tão boa quanto, ainda conseguimos registrar. E assim, estômago cheio, seguimos viagem. Punta ficou para trás, junto com a mais fotografada das mãos e a heroica batalha naval, mas as saborosas lembranças viajarão sempre conosco!
Chegando a Punta del Este, no litoral do Uruguai, uma selfie do 1000dias e seus hóspedes, o Joca e a Ixa, pais do Rodrigo
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