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Mariza (27/01)
Lindas fotos! Lugares espetaculares! Viajo com um grupo de amigos e o Can...
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Observando o mágico, quase inacreditável Delicate Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Depois da nossa visita e verdadeira aula de história no Mesa Verde National Park, no sul do Colorado, jantamos em Cortez e pegamos estrada ontem mesmo, de volta à Utah. Continuamos assim nossas voltas por esses estados do sudoeste, um verdadeiro ziguezague para tentar ver tantas atrações espalhadas por essa região tão especial dos Estados Unidos. O objetivo agora era a cidade de Moab, principal base para se visitar os parques nacionais de Arches e Canyonlands, os dois em Utah. Depois disso, voltaremos ao Colorado, dessa vez para uma temporada mais longa por aí
Nossa rota entre o Arizona, Colorado e Utah
A viagem foi toda no escuro e, ao cruzar as montanhas mais altas, empurramos um pouquinho mais para baixo o nosso recorde de temperatura negativa nessa viagem: -18 graus Celsius! Já estamos negativos até em Fahrenheit, hehehe! Bom, isso foi do lado de fora, pois dentro da nossa Fiona, tínhamos confortáveis 21 graus positivos. De qualquer maneira, quando chegamos à Moab, já em altitude mais baixa, a temperatura era de “apenas” 8 graus negativos. Acostumados que estamos, quase já dava para usar manga curta.
A majestosa "Park Avenue", no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Moab praticamente não existia nos mapas até que, na década de 50, em plena Guerra Fria, a mineração de Urânio a tornou famosa. O ciclo do Urânio passou e foi substituído pelo turismo como principal força econômica da região. Afinal, logo aqui do lado estão inúmeros canyons, uma paisagem deslumbrante e dois dos parques nacionais mais belos do país. Foi justamente atrás deles que viemos e hoje, no meio da manhã, já estávamos dirigindo no Arches National Park.
Mirante da "Park Avenue", no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
O nome do parque, “Arcos”, vem do fato que aqui se encontra a maior concentração dessas atrativas formas geológicas no mundo. São mais de 2 mil arcos de rocha catalogados, desde aqueles de apenas um metro (o menor tamanho possível para que a formação possa mesmo ser chamada de arco) até o gigantesco Landscape Arch, com quase 100 metros de uma base à outra, o maior do planeta.
Curiosas formações rochosas no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Uma enorme rocha parece equilibrar-se em um pedestal no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Não é fácil entender, e muito menos explicar, como esses arcos se formam. Resumidamente, a região já foi um solo marinho há mais de 300 milhões de anos. O mar se foi e a areia deixada foi coberta por cerca de dois quilômetros de sedimentos trazidos por rios, ventos, lagos e geleiras que andaram por aqui. Sob esse enorme peso, a areia virou arenito. Movimentos tectônicos e centenas de milhares de anos de erosão trouxeram novamente á superfície esse arenito, agora ele mesmo sentindo os efeitos da erosão. A água da chuva vagarosamente dissolve esse tipo de rocha. A água também penetra em pequenas fissuras, congela no inverno e, ao se expandir, quebra a rocha em pequenas migalhas que são arrancadas dali pelo vento. O material menos resistente se vai antes e, muitas vezes, é ele que está embaixo. Resta, encima, um material mais duro, que se equilibra sobre uma base ou pedestal. Dessa maneira, se formam torres de pedra por aqui e arcos de pedra por ali. E porque arcos e não formas mais retas? Bem... já há mais de dois mil anos que arquitetos romanos sabem muito bem que arcos são muito mais estáveis e resistentes para segurar peso sobre si que outras formas. Quer dizer, quando a erosão leva a formação de bases mais retas, elas simplesmente duram menos, desabam sob o peso da rocha acima. Já os arcos, esses duram seus milhares de anos, mas irão, um dia, desabar também. Enquanto isso não acontece, temos esse verdadeiro show da natureza que é o Arches National Park.
Estrada coberta de neve na chegada à "Windows Section", um grupo de formações de arcos de pedra no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
A enorme North Window, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Enfim, assim como arcos foram e continuam se formando, também outras formações geológicas como pináculos e torres de forma estranha estão presentes no parque. Um colírio para os olhos de qualquer geólogo ou turista que se aventure por ali. No caso, hoje, éramos nós! Uma estrada nos leva para perto de diversas formações ou à trilhas que nos levam ainda mais perto delas.
A bela formação da South Window, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
North Window, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
A gente passou primeiro pela grandiosa Park Avenue, nome dado a um vale cercado e repleto de torres de pedra. O frio e a vontade de chegar logo aos arcos nos convenceu de não fazer a trilha pelo vale e seguimos em frente, de Fiona mesmo, até umas formações em que enormes pedras parecem se equilibrar sobre minúsculos pedestais. Qualquer semelhança como Vila velha, no Paraná, não é mera coincidência!
Chegando ao majestoso Double Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos. Os turistas mal aparecem na belíssima paisagem
Enfim, chegamos às principais estrelas do parque, os famosos arcos. Eles estão em vários setores do parque nacional e o primeiro que chegamos foi o Windows Section. Aí, em meio a muita neve e vários outros turistas, percorremos uma trilha que circunda vários arcos. São enormes e graciosos e é apenas quando há uma pessoa perto da abertura que temos a real dimensão de seu tamanho. Por mais que saibamos a teoria, é difícil imaginar como a natureza constrói tudo aquilo. Como está tudo ali, à frente dos nossos olhos, não dá para dizer que não acreditamos, mas ficaria bem mais fácil se a explicação fosse mais simples, algo como um trabalho de deuses ou antigos gigantes. Não é a toa que essa era a explicação dada pelos antigos nativos que frequentavam a região...
Momento de contemplação nos gigantescos Double Arch, uma das mais belas formações no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Momento de contemplação nos gigantescos Double Arch, uma das mais belas formações no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Sem dúvida nenhuma, a mais bela formação dessa área é o Double Arch. Na verdade, deveria ser chamado de “triplo”! As aberturas praticamente se interlaçam, um trabalho minucioso e intrigante da natureza, um verdadeiro templo de adoração. Aí ficamos um bom tempo, embasbacados, tentando entender e fotografar da melhor maneira aquilo que víamos. As fotos ficaram boas mas, sinceramente, é só mesmo estando lá para poder apreciar toda aquela beleza. Fantástico!
Muita neve no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Céu azul e muita neve no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Por falar em “fantástico”, já estávamos no meio da tarde e ainda queríamos ver o principal cartão postal do parque, o famoso “Delicate Arch”. Para chegar lá, mais alguns quilômetros de estrada e quase quarenta minutos de trilhas, sobre gelo, neve e pedras. O esforço, diziam, era muito mais do que recompensado. Algo que, agora, podemos atestar de pés juntos!
Chegando pelo caminho errado no Delicate Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Agora, no caminho certo para o delicate Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
O Delicate Arch se formou no alto de uma colina, sobre um vasto vale, isolado de qualquer outra estrutura. Só não falo que é meio mágico porque, na verdade, é mágico inteiro mesmo!. Mais parece um portal que nos levará para algum outro mundo ou dimensão. Ele forma uma grande janela, uma moldura para o belíssimo vale lá embaixo, para as montanhas nevadas ao fundo e para o sol que se põe no horizonte. Aqui, ainda é mais difícil acreditar que foi tudo uma obra ao acaso da natureza e não algo meticulosamente arquitetado por alguém. Alguém com muito bom gosto, diga-se!
Delicate Arch, o mais famoso cartão postal do Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Procurando o melhor ângulo do Delicate Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Nessa época do ano, por causa do frio e do gelo, são menos pessoas que chegam até lá. Mesmo assim, éramos algumas dezenas. Todos nós na “arquibancada”, máquinas fotográficas em punho, tentando aproveitar cada minuto do mágico entardecer. Tão sábia foi a natureza que, pelo menos nessa época do ano, com o gelo escorregadio, é possível chegar até perto, mas não até o arco em si. Ficamos a uma distância respeitosa (e segura!), o arco delicado protegido por um campo de força invisível. Muito legal mesmo!
1000dias no Delicate Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
O sol se põe na paisagem gelada ao longo da trilha para o Delicate Arch, no Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
Cada minuto saboreado ao máximo e depois, a procissão do caminho de volta, enquanto ainda temos luzes e a temperatura não chega aos dez graus negativos. Com o devido cuidado de não se escorregar no gelo. Uma experiência e tanto para fechar com chave de ouro esse primeiro dia no parque. Mas amanhã tem mais. Afinal, ainda nem conseguimos chegar no tal Landscape Arch, aquele com quase 100 metros de tamanho. Com essas dimensões, não será difícil encontra-lo, imagino...
Céu colorido de fim de tarde atrás dos arcos de pedra do Arches National Park, perto de Moab, em Utah, nos Estados Unidos
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