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SHUFFLE Há 1 ano: Rio Grande Do Sul Há 2 anos: Rio Grande Do Sul

A Gloriosa Tikal

Guatemala, Tikal

Em frente ao Templo I, o mais famoso de Tikal, na Guatemala

Em frente ao Templo I, o mais famoso de Tikal, na Guatemala


A civilização maya se estendeu de El Salvador e Honduras ao sul do México, passando por Guatemala e Belize. Deixou ruínas de grandes cidades em todos esses países, algumas mais conhecidas e outras menos. A mais famosa de todas elas é, sem dúvida, Tikal, na Guatemala. Perto dela, até Copán, em Honduras, e Palenque e Chichen-Itzá, no México, ficam secundárias. O magnífico Templo I, em Tikal, não apenas é o cartão postal dessa antiga cidade, mas também a imagem mais conhecida de toda essa antiga civilização, uma espécie de símbolo máximo dos mayas, assim como a pirâmide de Queóps o é para a civilização egípcia.

Chegando às ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

Chegando às ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Na entrada do parque, a maquete das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

Na entrada do parque, a maquete das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Nós, que desde Dezembro de 2011 temos viajado pelos países que conformavam esse mundo maya, finalmente chegamos à Tikal. Chegamos com uma certa experiência no assunto, depois de termos passado por boa parte das ruínas mais conhecidas (ainda falta Copán!). Tivemos contato com os diversos dialetos, com os variados estilos arquitetônicos, com as diversas fases históricas, estivemos em museus, cavernas e até cenotes que eram reverenciados por esse antigo povo. Mas faltava a cereja do bolo, aquele local onde essa civilização atingiu o seu ápice, o coração do mundo maya. E este lugar é Tikal.

Nosso guia nos ensina a ler o hieroglifo de Tikal, na Guatemala

Nosso guia nos ensina a ler o hieroglifo de Tikal, na Guatemala


Com o nosso guia, caminhando pelas trilhas de Tikal, na Guatemala

Com o nosso guia, caminhando pelas trilhas de Tikal, na Guatemala


A região do Petén, a maior província da Guatemala, possui centenas de sítios arqueológicos. Tikal é “apenas” o mais conhecido deles. Estaria no nosso roteiro de qualquer maneira, mas ficamos tentados a fazer outros programas também. Principalmente, ir conhecer as ruínas de El Mirador. Essa teria sido a maior cidade maya do período pré-clássico e a descoberta de suas ruínas é relativamente recente. Na verdade, muita pesquisa arqueológica ainda está sendo feita por lá, além de alguns trabalhos de restauração. O maior charme é que nenhuma estrada chega até lá e o próprio caminho para se atingi-la já é uma aventura e atração em si só. São dois dias de caminhada na selva até as ruínas, um dia inteiro por lá e outros dois retornando. Obviamente que só se pode ir em um tour, com guia e estrutura de acampamento, inclusive uma mula para levar a equipagem. Não é um passeio barato. Depois de muito pensarmos, resolvemos não fazer, mas fica a dica para quem quiser algo fora do circuito tradicional. Para nós, mais do que acostumados a andar na mata (que é o grande atrativo para os gringos), com tantas outras ruínas na bagagem e correndo contra o tempo para retornar ao Brasil, foi a decisão lógica a ser tomada, apesar da dor no coração. Mesmo o charme de se estar em uma ruína isolada, já tínhamos tido em Caracol, em Belize. Enfim, optamos pelo tradicional e pelo prático e resolvemos nos concentrar mesmo na gloriosa Tikal.

No alto de um dos templos de Tikal, na Guatemala

No alto de um dos templos de Tikal, na Guatemala


Templo e várias estelas em Tikal, na Guatemala

Templo e várias estelas em Tikal, na Guatemala


Assim, hoje cedo, fomos de Fiona até as ruínas, pouco mais de 60 quilômetros ao norte de Flores. Logo na entrada, quase que como homenagem e reverência às ruínas, contratamos um guia para caminhar conosco pelo sítio. Quem me conhece, sabe que não é do meu feitio. A Ana até sofre com isso. Mas eu realmente prefiro caminhar em silêncio entre essas antigas pirâmides e templos, sentir mais do que escutar, imaginar mais do que ouvir, ter o impacto da descoberta com meus próprios olhos, seguir meu próprio caminho, ter meu próprio ritmo. Temos sempre um livro-guia e as informações lá escritas e mais algum conhecimento prévio e o de placas espalhadas pelo sítio são, normalmente, mais do que o suficiente para mim. Mas hoje, estávamos em Tikal! Se tivesse de escolher uma das antigas cidades mayas para ter o máximo de informações possíveis, nada mais justo que fosse na maior de todas. Então, que assim seja!

A Ceiba, a bela e sagrada árvore dos mayas, em Tikal, na Guatemala

A Ceiba, a bela e sagrada árvore dos mayas, em Tikal, na Guatemala


A Ceiba, a bela e sagrada árvore dos mayas, em Tikal, na Guatemala

A Ceiba, a bela e sagrada árvore dos mayas, em Tikal, na Guatemala


Para nossa agradável surpresa, Tikal estava muito mais vazia que Palenque ou Chichen-Itzá. Talvez pela enorme área em que os palácios, templos e pirâmides se encontram, talvez pela época do ano, o fato é que estivemos quase sós com o nosso guia em boa parte do percurso. A exceção, claro!, foi na praça principal. Mas mesmo lá, arem apenas meia dúzia de gatos pingados. Segundo o nosso guia, bem diferente do dia 21/12 do ano passado (aquela famosa data do fim do mundo...), em que mais de 10 mil pessoas estiveram em Tikal! Deve ter sido o fim do mundo, hehehe!

O magnífico Templo I, construção símbolo de Tikal, na Guatemala

O magnífico Templo I, construção símbolo de Tikal, na Guatemala


O magnífico Templo I, construção símbolo de Tikal, na Guatemala

O magnífico Templo I, construção símbolo de Tikal, na Guatemala


As ruínas se espalham por uma vasta área, quase toda ela coberta por florestas. Caminhos e trilhas na mata ligam as diversas construções e é essencial ter um mapa nas mãos (ou um guia como companhia!). Para conhecer os prédios mais importantes, são cerca de cinco quilômetros de caminhada, quase sempre na sombra agradável. Nós mal vimos o tempo (e a distância!) passar, pois nosso guia foi se encarregando de dar informações, contar histórias e responder nossas intermináveis perguntas enquanto caminhávamos.

O Templo I, o mais famoso das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

O Templo I, o mais famoso das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


O Templo I, o mais famoso das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

O Templo I, o mais famoso das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


A ocupação de Tikal já é antiga, mas ela só se tornou importante no período Clássico, entre 300 e 900 da nossa era. Aparentemente, a ascensão de Tikal coincidiu com o declínio daquela que era a maior cidade nos séculos anteriores, a El Mirador que não fomos conhecer. Essa mudança de hegemonia deve ter sido consequência de alguma guerra entre as duas cidades. Nosso guia disse que os habitantes de El Mirador abandonaram a velha cidade e formaram outra, Calakmul. Aliás, essa foi a outra cidade que planejávamos visitar e acabamos deixando para trás. Fica no sul do Yucatán, no México, a cerca de 80 km de Tikal, em linha reta. Calakmul seria a grande rival de Tikal no mundo maya, disputando com ela a supremacia ao longo de todo o período Clássico.

Caminhando pelos túneis e passagens de um dos palácios em Tikal, na Guatemala

Caminhando pelos túneis e passagens de um dos palácios em Tikal, na Guatemala


Caminhando pelos túneis e passagens de um dos palácios em Tikal, na Guatemala

Caminhando pelos túneis e passagens de um dos palácios em Tikal, na Guatemala


As cidades-estado mayas formavam alianças e federações, para disputar o poder. Tikal, por exemplo, era aliada de Copán, enquanto Calakmul era aliada de Caracol, em Belize. Tikal manteve-se como a mais importante cidade maya até o ano de 562 quando foi derrotada pelas forças combinadas de seus adversários. Pior do que isso, seu rei foi capturado, humilhado, torturado e sacrificado. Pelo próximo século, a cidade tornou-se secundária e nenhuma nova construção foi feita. Mas o tempo de vingança chegaria quando, em 695, foi a vez Tikal vencer a rival Calakmul e capturar seu rei, cujo destino foi o mesmo do antigo monarca. Os tempos de glória voltaram e mais templos foram erigidos, homenageando novos soberanos.

As ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

As ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Como todos os outros grandes centros mayas do período Clássico, Tikal foi abandonada em meados do século X. Dificuldades de produção de alimentos numa época de grandes secas e superpopulação aumentou sobremaneira a quantidade de guerras entre as cidades-estado, ao mesmo tempo em que a população deixou de crer em seus governantes e na sua suposta divindade. Preferiram abandonar as cidades e voltar para o campo, cuidar da própria vida do que sustentar e defender uma classe nobre e seus monarcas. Dadas as dificuldades da época, fazia muito mais sentido...

Uma das muitas estelas expostas em Tikal, na Guatemala

Uma das muitas estelas expostas em Tikal, na Guatemala


Uma vista à Tikal de hoje significa perambular entre diversos edifícios construídos ao longo de quase um milênio. É interessante acompanhar a evolução arquitetônica e organizacional do espaço público, dos templos e pirâmides. Aliás, é a arquitetura a maior “marca” de Tikal. Os templos são altos, quase verticais. Se elevam a mais de 40 metros de altura, de forma graciosa e efeito visual impactante. O famoso Templo I não tem sua fama por acaso: é uma pintura! Estar ali, à sua frente, é emocionante!

No alto do Templo IV, observando o mapa das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

No alto do Templo IV, observando o mapa das ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Admirando Tikal do seu ponto mais alto, o topo do Templo IV (na Guatemala)

Admirando Tikal do seu ponto mais alto, o topo do Templo IV (na Guatemala)


Estimulado por nossas perguntas, o guia foi nos dando várias informações interessantes, aspectos que eu pouco havia pensado anteriormente. Por exemplo, calculando o volume e peso do material necessário para construir esses grandes templos, considerando que não havia animais de carga ou que o uso da roda era quase inexistente, e sabendo o tempo que levaram para ser construídos, os estudiosos podem calcular a quantidade de escravos que foram necessários para tais empreendimentos. Uma enormidade! É por isso que as guerras também eram tão necessárias naquela sociedade...

Admirando Tikal do seu ponto mais alto, o topo do Templo IV (na Guatemala)

Admirando Tikal do seu ponto mais alto, o topo do Templo IV (na Guatemala)


Apenas os templos mais altos se erguem acima da mata que cobre Tikal, na Guatemala

Apenas os templos mais altos se erguem acima da mata que cobre Tikal, na Guatemala


Bom, guerras e escravos passaram e caminhar por Tikal, hoje, só nos inspira paz e contemplação. Seja sob a copa de frondosas árvores, como a sagrada e gigantesca ceiba, seja no topo do mais alto dos templos, o Templo IV, de onde se pode descortinar todo o horizonte e a mata que nos cerca, com apenas algumas torres mais altas se elevando acima da copa da floresta. Foi aí que encontramos dois simpáticos brasileiros, entusiastas da cultura e civilização maya, viajando pela Guatemala em um circuito focado nos resquícios dessa antiga civilização.

O Templo V, nas ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

O Templo V, nas ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Como em Caracol, também tivemos interessantes encontros com a rica fauna que vive na região. Dois lindos pica-paus dividiam uma mesma árvore, guaxinins e iguanas perambulavam pelos cantos, o som de bugio-gritadores e montezumas podia ser ouvido de longe e, sobre nossas cabeças, macacos-aranha faziam suas peripécias. Prato cheio para quem gosta da vida selvagem.

Encontro com o macaco-aranha, durante visita às ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

Encontro com o macaco-aranha, durante visita às ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Um belo piaca-pau à procura de seu almoço, durante passeio às ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

Um belo piaca-pau à procura de seu almoço, durante passeio às ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Foram quase quatro horas de caminhadas e aulas com o nosso simpático guia, uma infinidade de informações que foram desde a história dessa cidade até sobre noções de como ler um hieróglifo maya. Foi muito bom tê-lo como companhia, assim como teria sido se tivéssemos feito o programa a sós. Em Tikal, tem espaço para as duas opções, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Para nós, depois de tantas ruínas sem guias, foi especial ter feito a mais bela delas com um “professor” como o que tivemos. Foi muito legal!

Encontros com brasileiros nas ruínas mayas de Tikal, na Guatemala

Encontros com brasileiros nas ruínas mayas de Tikal, na Guatemala


Com a visita à Tikal, quase fechamos nossa visita ao mundo maya. Digo “quase” porque ainda há um epílogo. Falta Copán, em Honduras, onde estaremos em poucos dias. Estamos mesmo virando especialistas. Só falta ficar fluente nos diversos dialetos, hehehe

A 'pirâmide', um dos maiores edifícios de Tikal, na Guatemala

A "pirâmide", um dos maiores edifícios de Tikal, na Guatemala

Guatemala, Tikal, história, mayas, El Mirador, Calakmul

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Pequena cidade na orla do lago Petén, em frente à ilha de Flores, na Guatemala
Entrando na ATM Cave, na região de San Ignacio, em Belize (foto da internet)
As majestosas ruínas mayas de Caracol, em Belize, quase na fronteira com a Guatemala
Mergulhando no pequeno cenote Blue Hole, ao sul de Belmopan, capital de Belize
Delicioso banho de cachoeira no Rio Blanco National Park, no sul de Belize
Despedida do Chimi, em Hopkins, no litoral sul de Belize
Velejando na água azul-piscina da grande barreira de corais, em Belize
Chegando à Tobacco Caye, na grande barreira de corais, em Belize
Velejando na grande barreira de corais, em Belize
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