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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Velejando na grande barreira de corais, em Belize
Sentados em um restaurante de frente à praia, com os pés na areia e curtindo o fim de tarde na pequena cidade de Hopkins, no sul de Belize, não demorou muito para conhecermos outras pessoas. Meninas garifunas que queriam nos vender algo, cidadãos locais para quem perguntávamos sobra a famosa batida de tambor do local e um solitário indivíduo de cabelos que começavam a embranquecer, pele curtida pelo sol e alta estatura que se divertia com seu cão. Era o Gaston, dono de um veleiro que estava “estacionado” ali na frente.
Amarras do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Detalhe do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Conversa vai, conversa vem, contamos a ele sobre nosso caminho pelas Américas, assim como ele nos contou sobre sua própria jornada. Ele trabalha como mergulhador durante alguns poucos meses por ano, em projetos no mundo inteiro. Trabalho altamente especializado, com poucas pessoas aptas para fazê-lo. Por isso, paga-se bem e ele pode se dar ao luxo de, em boa parte do ano, fazer o que mais gosta: viver em seu pequeno veleiro perambulando pelo litoral da América Central e Caribe. Não é uma vida luxuosa. Para isso, ele teria de trabalhar mais. Mas prefere a vida simples, sempre perto do mar, pescando a própria comida, casa apertada, mas com o maior e mais belo quintal do mundo, o oceano.
Vela içada na grande barreira de corais, em Belize
Chegando á ilhota na grande barreira de corais, em Belize
Ele também é amigo da Trisha, a dona da nossa pousada. Já de noite, foi visitá-la, enquanto a simpática e falante nova-iorquina preparava o jantar para sua clientela. Ali, continuamos nossas conversas. Ele nos ofereceu um passeio em seu veleiro até a grande barreira de corais, cerca de 25 quilômetros mar adentro. Ali, quase em frente à Hopkins, está uma pequena ilha, assentada justamente sobre a barreira de corais, chamada Tobacco Caye. Tão pequena que podemos dar a volta nela, caminhando, em uns 10 minutos. Alie estão três hotéis, entre o caro e o barato e uns cinquenta habitantes, além de uns poucos turistas felizardos. Pode-se chegar até lá de lancha também, saindo de Dangriga. Até cogitamos fazer isso também, mas foi o charme de poder velejar até lá, ao ritmo dos ventos, que mais nos apelou.
A sala de estar e refeições do nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Nossa suíte no veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Então, nessa noite mesmo, nos decidimos: íamos com ele. Acertamos preço e condições. Duas noites no barco, três dias no veleiro. Além de Tobacco Caye, velejaríamos ao largo da barreira também, conhecendo outras ilhotas e fazendo snorkel sempre que possível. A saída seria no dia seguinte, logo depois de eu pegar dinheiro em Dangriga (não há bancos em Hopkinns) e da Ana e o Gaston comprarem comida em uma quitanda local.
Início da nossa velejada na grande barreira de corais, em Belize
Vida dura no veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Feito isso, eram pouco antes das 11 da manhã quando abordamos o The Rob (“A Foca”, em holandês), o veleiro até o qual já tínhamos nadado no dia anterior, para conhecer nossa nova “casa”. Com sua namorada, o Gaston já tinha feio isso outras vezes: receber um casal de clientes para uma temporada pelos mares. Depois de muitos anos nesse tipo de vida, a namorada sentiu falta da vida agitada e da terra firme. Atualmente, está na Europa, onde organiza festas eletrônicas. Em poucas semanas, o Gaston voará para lá, para matar as saudades.
Dias lindos a bordo de nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Chegando à Tobacco Caye, na grande barreira de corais, em Belize
O veleiro não é grande, pouco mais de 10 metros de comprimento. Na parte interna, a sala de refeições, uma cozinha e um quarto, que ele cedeu para nós. Do lado de fora, a “varanda” de comando e um deck com passagens apertadas, por entre amarras e velas dobradas. Espaço mais que suficiente para pendurar uma rede ou para se tomar sol admirando o mar azul, cor de piscina, a nossa volta.
Recolhendo âncora para zarpar, na grande barreira de corais, em Belize
A bordo do veleiro na grande barreira de corais, em Belize
O barco tem um pequeno motor, principalmente para quando o vento está muito preguiçoso. O Gaston o comprou na década de 90, na Europa, de onde o barco nunca havia saído. O The Rob vai fazer 100 anos muito em breve, um respeitável senhor construído no início do século XX por um famoso construtor de barcos holandês. Passou pela mão de uns 5 proprietários até que o Gaston o comprasse de um casal alemão. Não muito tempo depois, na companhia de um casal de amigos, fez a travessia oceânica, trazendo “a foca” para as ágas quentes do Caribe, de onde não mais saiu.
Um pequeno coqueiro na popa do Rob, nosso veleiro na grande barreira de corais, em Belize
Por aqui, ficou muito tempo no Panamá, navegando pelas paradisíacas ilhas de San Blás, de doces memórias para nós também. Também teve uma temporada em Honduras e agora por aqui, entre Belize e Guatemala. Isso sem falar de passagens mais rápidas pelo litoral da Venezuela e de algumas ilhas no sul do Caribe. Mas atualmente, sua casa é mesmo a grande barreira de corais de Belize, a não ser quando se aproxima um furacão, quando o gaston e toda a torcida do Corinthias levam seus barcos para as águas seguras de Rio Dulce, um rio na Guatemala considerado pela marinha americana como o local mais seguro para barcos no lado caribenho da América Central.
O Gaston mostra nosso jantar fresquinho, na grande barreira de corais, em Belize
Tudo isso fomos aprendendo nas interessantes conversas com o Gaston, ao longo desses três dias no mar. A melhor hora das conversas era durante as refeições, sempre preparadas por ele mesmo. Algumas vezes, até mesmo pescadas por ele. Por gosto e necessidade, ele ficou craque em pesca submarina e peixe fresco e gratuito é o item principal de sua dieta. Junte-se a isso sua classe em criar molhos e temperos, mistura da herança europeia e condimentos caribenhos e será fácil concluir que nós passamos bem nesses três dias, muito bem alimentados.
Hora do jantar no veleiro, na grande barreira de corais, em Belize
Na parte de bebidas, além de umas poucas cervejas geladas e de sadios sucos de laranja, caprichamos bem era nos rum punches, sabor aveludado com o uso de água de coco como um dos ingredientes. A Ana ficou especialista na sua confecção. Entre um mergulho e outro, entre uma ilha e outra, sempre tínhamos a nossa jarra pronta para saborear.
Uma velha loba do mar, na grande barreira de corais, em Belize
De resto, só posso dizer que foi uma experiência incrível, ver e sentir de perto como funciona um veleiro e como seria viver no mar. Na parte de dentro da barreira de corais, exceto em poucas situações, o mar é sempre tranquilo e nem a Ana teve problemas de enjoo. A gente observou o uso das velas, como se joga ou se recolhe uma âncora, a escolha do melhor lugar para “estacionar” e como dirigir o timão. Foram três dias que nos ajudarão e responder nossa eterna pergunta: poderíamos ou não passar alguns anos dentro de um barco desses, conhecendo aquelas partes do mundo em que a Fiona não pode nos levar?
A bordo do Rob, nossa casa nesses 3 dias velejando pela grande barreira de corais de Belize
É claro que só tivemos noções básicas e navegamos apenas por um mar tranquilo. Mas é preciso começar em algum lugar, certo? E nós começamos por aqui, na barreira de corais de Belize, a bordo do The Rob, “capitaneados” pelo nosso agora muito amigo Gaston, que nos levou com segurança e conforto por esses três dias inesquecíveis. Já de volta à Hopkins, a despedida foi calorosa, com uma pequena esperança de reencontro em poucos dias, na Guatemala. Mas, se não for por lá, será em algum outro lugar desse mundão, que não é tão grande assim... Meu caro Gaston, muito obrigado pela oportunidade e aprendizado!
Despedida do nosso capitão e amigo, o holandes Gaston, já em terra firme, em Hopkins, no litoral sul de Belize
Que bacana, gosto muito destas histórias com experiências que ficam para a vida toda. E que mar azul, hein? Bonito demais.
Parabéns,
Helder
Resposta:
Olá Helder
Pois é, quando aparece uma oportunidade dessas, temos de aproveitar! Como vc mesmo disse, são experiências que vamos levar para o resto das nossas vidas.
Quanto ao mar, sem comentários! As imagens falam por si, hehehe
Um grande abraço para vc e para minha querida BH
Fantástica estadia,uma abençoada Páscoa
Resposta:
Obrigado Lurdes
Ótima e abençoada páscoa para vc tb!
Um grande abraço
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