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"Shit Happens"

Argentina, Salta, Purmamarca

Pneu destruído entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina

Pneu destruído entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina


Bem cedo saímos de Belén, pois tínhamos um longo caminho pela frente. Nossa idéia era seguir até Cafayate, de lá para Salta, Jujuy, Purmamarca, já na Quebrada Humahuaca e, finalmente, ir até Susques, a última cidade argentina antes do Paso de Jama, fronteira com o Chile. Muitas e muitas horas de estrada.

Batizando o triângulo da Fiona entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina

Batizando o triângulo da Fiona entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina


Tudo começou bem. Rapidamente deixamos para trás os únicos 40 km de estrada de terra de todo o trajeto. Passamos por Santa Maria e Cafayate era o próximo "objetivo". Foi quando ouvimos um barulho estranho. Seria o pneu ou apenas ranhuras no asfalto? Foi o tempo de eu indagar a Ana e o barulho multiplicou-se por dez, além do carro puxar forte para a direita. Encostamos, descemos do carro e vimos o tamanho do "desastre": não era um pneu furado, era um pneu destruído.

Tentando de todos os jeitos tirar a trava do estepe, entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina

Tentando de todos os jeitos tirar a trava do estepe, entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina


Bem, nada está tão ruim que não possa ser piorado. O estepe da Fiona fica embaixo do carro e é protegido por uma trava que compramos. A trava é tão boa que nem nós conseguíamos abri-la. Muita sujeira entrou dentro dela que a chave não mais funcionava. De tanto tentarmos, quebrou. Que beleza!

Na estrada, passava um carro a cada dez minutos. Paramos um deles, que seguia para Santa Maria. Em seguida parou outro, que ía em direção contrária, para a pequena cidade de Amaicha. Era um mecânico que nos garantiu que, na sua oficina, conseguiria tirar aquela trava. O homem que seguia para Santa Maria estava com muita pressa e eu fui com ele até lá, atrás de uma "gomeria" (borracharia). A Ana ficou na estrada, depois de me assegurarem que era seguro ela ficar. Voltei com o borracheiro que levou o pneu arrebentado embora enquanto eu, dessa vez, ficava com a Ana. Mais um tempo se passou e o borracheiro voltou, agora com um pneu bem menor que os da Fiona, pelo menos para podermos rodar um pouco. E assim conseguimos seguir para Amaicha, para a oficina daquele mecânico que tínhamos conversado.

Na oficina em que serramos a trava do estepe da Fiona, para finalmente podermos utilizá-lo! (em Amaicha - Argentina)

Na oficina em que serramos a trava do estepe da Fiona, para finalmente podermos utilizá-lo! (em Amaicha - Argentina)


Assim, num bairro da periferia dessa pequena cidade da Argentina, com uma serra elétrica, tiramos a maldita trava para sempre. Ai colocamos o estepe, que também é menor que os pneus que usamos no carro, mas muito maior que o pequeno pneu careca que estávamos usando até lá. Desta maneira, depois de uma 3 horas desde o início dos nossos problemas, retomamos a viagem, dessa vez para ir até Salta, onde tínhamos de chegar antes das oito da noite, quando as lojas fecham.

Finalmente, a Fiona está na estrada novamente, chegando em Salta - Argentina

Finalmente, a Fiona está na estrada novamente, chegando em Salta - Argentina


Chegamos 15 minutos antes do prazo numa grande loja de pneus. Ali compramos dois pneus novos, para serem colocados na traseira. O nosso estepe, com 150 km de vida, entrou na transação. O outro, careca, que nos salvou na estrada, foi deixado de presente. E o pneu ainda bom, retirado da traseira esquerda, virou nosso estepe. Assim, agora temos 5 pneus do mesmo tamanho, os dois de trás, novos, de uma marca diferente. Feita a compra e as devidas trocas, seguimos viagem para Jujuy e Purmamarca, onde chegamos perto das onze da noite.

Loja de pneus em Salta - Argentina

Loja de pneus em Salta - Argentina


Ali achamos um hotel bem gostoso, para que pudéssemos ter uma noite mais tranquila do que o dia que tínhamos tido. Na cama, antes de dormir, ao invés de reclamar do pneu destruído, meu pensamento era mais de agradecimento. Afinal, se a mesma coisa tivesse acontecido um dia antes, aí sim estaríamos encrencados. Afinal, estávamos numa estrada onde não passava absolutamente ninguém, a 4 mil metros de altitude, a quase cem quilômetros de distância de qualquer pessoa, onde as temperaturas baixam a dez graus negativos durante a noite. É, aí sim poderia reclamar...

O pneu novo da Fiona, comprado em Salta - Argentina

O pneu novo da Fiona, comprado em Salta - Argentina

Argentina, Salta, Purmamarca,

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Blog da Ana Desânimo, entre as cidades de Amaicha e Santa Maria, na Argentina

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