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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuÃna é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
O esperado banho para tirar o sal e a lama da travessia do salar de Uyuni (em Iquique, no norte do Chile)
Dia nublado, mais do que previsÃvel nessa época do ano, totalmente favorável ao cobertor, à preguiça e à leitura. Nossa única obrigação foi arrumar um lugar para dar um banho na Fiona. Afinal, depois de cruzar os maiores salares do mundo, ela estava cheia de sal, em cada buraco ou reentrância. E, como todos sabem, sal é o maior inimigo de qualquer lataria de carro, como bem sabem aqueles que moram em qualquer cidade litorânea. Atrai e captura qualquer umidade do ar e logo aparecem os pontos de ferrugem.
Como ela estava hiper super mega blaster tomada pelo sal, poeira e lama, resolvemos dar dois banhos. Primeiro, num lava rápido de um posto, muita água e pressão para tirar o sal grosso. Depois, num shopping, banho na carroceria e parte interna. Ao final, um novo carro pronto para os novos desafios à frente. Menos salares, hehehe!
O esperado banho para tirar o sal e a lama da travessia do salar de Uyuni (em Iquique, no norte do Chile)
Enquanto isso, dedicamo-nos aos posts, atualização do site e leituras, além do passeio no shopping, o que é igual em qualquer lugar do mundo. A Ana até descolou um corte de cabelo. Cinema é que não deu, só opções bem fraquinhas...
Quanto à s leituras, me concentrei na Guerra do PacÃfico. Em resumo, foi mais ou menos assim: com a independência das ex-colônias espanholas na América, as fronteiras entre elas ficaram bem indefinidas, um diz-que-me-disse que não chegava à lugar nenhum. Afinal, na época da Espanha, tudo era dela e não era preciso definir limites.
O esperado banho para tirar o sal e a lama da travessia do salar de Uyuni (em Iquique, no norte do Chile)
Uma dessas áreas "confusas" era a fronteira de Chile e BolÃvia. A cidade de Antofagasta era claramente boliviana, mas não havia nada, nenhum documento ou tratado que dissesse e a área à sua volta era boliviana. Pois bem, enquanto aqui era somente um deserto, nenhum problema. Mas quando as riquezas começaram a aparecer, vieram também as disputas. O Chile acabou aceitando que aquele pedaço de terra era mais boliviano que chileno, mas eram os chilenos, com capital britânico, que exploravam as minas de salitre do local. Os bolivianos só ficavam com as taxas e impostos.
O dinheiro começou a aumentar, assim como a ganância dos governos. Os bolivianos quiseram aumentar sua fatia de impostos e, quando as empresas se recusaram a pagar, ameaçaram com expropriação. No dia marcado para isso, quem apareceu foi o exército chileno, em defesa de suas empresas. Começava a guerra. A BolÃvia, chamando uma cláusula de um tratado secreto de ajuda recÃproca com o vizinho Peru, chamou-o para a guerra. Meio a contragosto, mas fiel ao tratado, o Peru veio em seu auxÃlio. O problema é que Peru e BolÃvia tinham exércitos desmobilizados e despreparados, ao contrário do Chile, com exército profissionalizado e dinheiro inglês para se financiar.
O resultado foi uma lavada do Chile nos aliados, BolÃvia e Peru. A primeira perdeu Antofagasta (que fica mais de 100 km ao sul de Iquique) e seu acesso ao mar. Até hoje não aceita essa condição e tem na sua Constituição uma cláusula que obriga todos os seus lÃderes a lutar para retomar seu acesso marÃtimo. O segundo perdeu não só uma parte de seu território, como as cidades de Iquique e Arica, como teve até suas maioeres cidades ocupadas militarmente pelo Chile, inclusive Arequipa e a capital, Lima. O Chile retrocedeu, depois de algum tempo de ocupação, mas manteve algumas cidades. Algumas se "tornaram" chilenas, como Iquique e Arica, mas outras sempre continuaram peruanas no espÃrito. Tanto que, em plesbiscito na década de 1920, a cidade de Tacna votou para voltar a ser peruana, algo que ocorreu em seguida...
Os territórrios dos paÃses antes (em cores) e depois (linhas pretas) da Guerra do PacÃfco
A consequência da guerra, vista aqui do futuro, não foi boa para ninguém. O Peru saiu humilhado e perdeu várias cidades, aparentemente para sempre. A BolÃvia ficou enclausurada dentro do continente, condição de que não se conforma até hoje, mais de um século mais tarde. E o Chile, que durante pouco mais de meio século gozou das riquezas das terras conquistadas, vindas da exploração do salitre, hoje já não conta com essa receita, já que há muito não há mais sentido econômico nessa exploração. Ao mesmo tempo, endividou-se de tal maneira com a Inglaterra que passou por um longo perÃodo de dependência econômica da terra da rainha, condição que todos nós sabemos não é das melhores. Além disso, para evitar que a Argentina aderisse aos aliados na guerra, acabou desistindo de suas pretensões territóriais sobre boa parte da Patagônia, algo de que muito se arrepende hoje.
Enfim, entre mortos e feridos, salvaram-se todos, mas com cicatrizes que perduram até hoje. Cicatrizes que nós, brasileiros, podemos estudar, tentar entender, mas realmente sentir, jamais. Pensamentos que passam pela cabeça enquanto um forte jato de água tira o sal da Fiona.
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