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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Homenagem a Che em Santa Clara, em Cuba
Nosso ônibus saiu no horário de Santiago de Cuba e a maioria dos passageiros era estrangeira. Também, para poder pagar 51 CUCs pela passagem, o dobro do salário mensal de um cubano, só mesmo quem tem suas economias em moeda forte. Todos devidamente agasalhados, já que é conhecido o frio que se faz nos ônibus da Via Azul, com seus potentes ar condicionados. Há outras companhias que oferecem passagens mais baratas, mas o tempo de viagem é mais longo. Tem também o trem, que anuncia a viagem em 16 horas, mas muitas vezes demora dois dias. Todos os cubanos que conversamos nos disseram para a gente fugir do transporte ferroviário. Por fim, essa é a maneira que a maioria dos cubanos viaja, tem o caminhão, uma espécie de pau de arara do Caribe. Acho que teria sido a escolha na minha época de estudante, hehehe. Tempos “românticos”...
Esperando o trem passar, na viagem entre Trinidad e Camaguey, em Cuba
As primeiras horas da viagem passaram bem, todos dormindo enquanto o motorista nos levava através das estradas quase desertas. Mas, no meio da madrugada, todos acordamos com uma densa fumaça dentro do ônibus. O motorista encostou numa praça de uma cidade atravessada pela estrada e todos descemos apressadamente. Apesar do susto, o problema era “só” com o ar condicionado. Após retirar a fumaça e desligar o ar, voltamos à estrada. No fim, foi até bom, pois o motorista resolveu acelerar, já que durante o dia a temperatura interna do ônibus, de janelas fechadas, esquentaria muito. Não sei se por essa pressa ou não, mas nossa única parada com direito à rápida descida para café foi em Santa Clara, a principal cidade entre Santiago e Havana.
Parada na rodoviária de Santa Clara, em Cuba
Aí havia estado há dez anos, em visita ao memorial do mais celebrado herói da revolução, o argentino Ernesto Che Guevara. Nessa viagem de agora, não paramos na cidade no nosso caminho para Santiago, pois não há muito o que ver por lá, além do Memorial. E para quem gosta de história, as informações sobre a vida desse famoso revolucionário estão em toda parte, na ilha, nos livros e na internet. O tal Memorial é mesmo só para aficionados.
Salão da rodoviária de Santa Clara, em Cuba
Che Guevara, ainda estudante, fez duas grandes viagens pelo continente, a primeira delas retratada no filme “Diários de Motocicleta”. Ficou compadecido com a situação de miséria em que vivia o povo dos países que visitou. Depois de voltar para casa e se formar médico, colocou o pé na estrada novamente, indo parar na Guatemala no início da década de 50, onde um governo de tendência esquerdista promovia uma reforma agrária e outras reformas sociais. Acompanhou de perto como militares guatemaltecos ajudados e treinados pela CIA derrubaram esse governo, estabelecendo um sangrento governo ditatorial que duraria décadas. Essa experiência mudaria para sempre suas convicções, tendo cada vez mais certeza que apenas uma revolução seria capaz de levar o povo ao poder e defender-se das ingerências imperialistas.
Che, sempre presente nas ruas de Havana, capital de Cuba
Perseguido pelo novo governo da Guatemala, fugiu para o México, onde acabou entrando em contato com o cubano Fidel Castro, que em autoexílio, tratava de organizar um exército para derrubar o governo de Batista em seu país. Che se animou com a possibilidade e juntou-se ao grupo. Rapidamente se destacou nas “aulas de guerrilha e combate”, ministradas por um veterano da Guerra Civil Espanhola.
Livros à venda nas ruas do centro de Havana, capital de Cuba
Che realmente foi um bom aluno e a prova disso é que foi um dos únicos 11 sobreviventes do catastrófico desembarque do Granma em Cuba, no início de Dezembro de 56. Outros 70 morreram ou foram presos, um início desalentador para a revolução imaginada por Fidel. Che embarcou no Granma como médico, mas logo nesse primeiro combate, ao ver um companheiro cair morto e decidir carregar a munição que esse levava, deixando para trás seu equipamento médico, largou de vez a medicina para virar soldado.
Propagandas do socialismo, muito comum nas ruas de Havana - Cuba
Pelos próximos 23 meses, provou seu valor na Sierra Maestra, não só liderando ações militares, mas também promovendo a alfabetização da população local, organizando “fábricas” de armamentos para os rebeldes e ajudando a colocar no ar a Rádio Rebelde, importante arma na guerra de propaganda e informação contra o governo Batista, que mantinha sob forte censura a imprensa do país.
Che Guevara continua arrebatando corações! (em Havana - Cuba)
Elevado ao cargo de “comandante” por Fidel Castro, Che era um duro chefe. Requeria o máximo de seus comandados e não titubeava em fuzilar traidores. Ao mesmo tempo, comunista convicto, vivia e dividia tudo o que tinha com seus homens, não aceitando nenhum tipo de regalia e estando sempre na linha de frente do combate. Em Novembro de 59, liderou uma das colunas que cruzou o país, da Sierra Maestra à Havana. No caminho, muitas batalhas, a mais famosa delas a tomada de Santa Clara.
A figura de Che, sempre presente! (em Cienfuegos, em Cuba)
Foi aí que se deu a batalha decisiva da revolução. Com muito menos homes que o exército de Batista, mas com a moral muito mais elevada, a coluna de Che tomou um trem repleto de armas e soldados enviados pelo ditador para proteger a cidade. Foi uma batalha rápida, quase sem mortos, a tropa oficial amedrontada logo se rendendo. No dia seguinte, Batista fugiria do país, levando consigo parte das reservas do Banco Central. Passou o resto de sua vida recolhido em sua mansão na Espanha (passou também por Portugal), morrendo no início da década de 70. Quanto à Che e sua coluna, seguiram triunfantes para Havana, onde foram recebidos em festa.
Arte com a figura de Che Guevara em galeria de Trinidad, em Cuba
Transformado em cidadão cubano, Che acumulou vários cargos no governo revolucionário, a segunda pessoa mais importante do regime. Seu maior sucesso foi na campanha de erradicação do analfabetismo no país, feito conseguido em apenas um ano. Mas, no campo econômico, suas ações, movidas por seu idealismo comunista, não deram muito certo, não. Insistia que as pessoas deveriam tabalhar tendo como estímulo o bem comum, e não por prêmios em salários. Estabelecia cotas de produção e, quem as superasse, ganhava um “diploma de honra ao mérito”, e não um bônus monetário. Quem ficasse abaixo, aí sim, tinha o salário cortado. O resultado foi uma enorme queda de produção na economia cubana.
Interior de galeria de arte em Trinidad - Cuba
Após alguns anos de tentativas e erros na economia do país e de uma agressiva atuação na diplomacia internacional, Che simplesmente desapareceu. Ele foi um dos maiores incentivadores da instalação dos mísseis soviéticos em Cuba e ficou furioso com o desfecho da crise. Passou a criticar os soviéticos, alinhando-se mais com o comunismo da China de Mao, então rival de Moscou. Mas já era Moscou que sustentava a economia Cubana e isso gerou “desconfortos”.
Propaganda pró-revolução nas ruas de Camaguey, em Cuba
O fato é que Che deixou o governo cubano e, muitos meses mais tarde, reapareceu no Congo, lutando ao lado dos guerrilheiros de Kabila. Poucos meses de luta no continente africano o deixaram desiludido com a capacidade de luta e reais convicções de seus novos companheiros. Mal sabia ele o desastre que seria quando Kabila chegasse ao poder, três décadas mais tarde. Não viveria para isso...
Che com Fidel, nos primeiros tempos do governo revolucionário
Pouco tempo depois de sua aventura africana, voltou ao continente de origem. Idealizou e imaginou transformar os Andes na nova Sierra Maestra e fazer uma revolução socialista em todo o continente sulamericano. A Bolívia seria apenas o ponto inicial. Infelizmente para ele, a realidade nua e crua foi muito mais dura que seus sonhos. Nos meses de luta na Bolívia, a luta não seguiu como imaginava, conseguiu poucos adeptos e resultados. Recebeu menos apoio que pediu de Cuba, não se entendeu com os comunistas bolivianos e, provavelmente traído, acabou capturado pelo exército do país, ajudado pela CIA. No dia seguinte seria executado, perdendo a vida e ganhando um lugar para sempre no panteão de mártires da esquerda mundial.
A famosa foto de Che morto na Bolívia
Para muitos, Che morreu na hora certa. Antes que envelhecer, engordar (quem sabe, “enricar”) e, possivelmente, perder aquela imagem idealizada do revolucionário perfeito. Mas, mesmo para aqueles que não concordam com suas ideias e seus métodos (entre eles, a longa fila de mortes em seu currículo), acho difícil não admirar a coragem e convicção de largar uma vida garantida de segurança e conforto em Cuba para se embrenhar novamente na mata e nos rigores de uma vida de combate, tudo para lutar por seus ideais de um mundo sem diferenças sociais.
Che se tornou um grande admirador dos "puros"
Bom, talvez por isso ele estampe camisetas de jovens por todo o mundo. Além de outdoors por toda Cuba, sempre acompanhado de mensagens de autoajuda ou frases de efeito. Algo me diz que ele não gostaria muito disso. Se ainda estivesse vivo, como seria? Nunca saberemos… Passei as horas restantes de nossa viagem até Havana pensando na vida desse mito. É, ninguém pode negar, o “hermano” viveu sua vida intensamente...
A mais famosa foto de Che Guevara, tirada por Alberto Korda, durante cerimônia em Havana
vc ñ citou o imperialismo americano!!!
Muito bom resumo da jornada do Tche!!!
Tenho lindo seus posts sobre a sua viagem a Cuba...por estar planejando a minha.....e tenho tirado ótimas dicas!!!
Uma informação, por favor: existe alguma bibliografia que vc possa indicar sobre Cuba...e, principalmente, sobre Tche???
Abraço!
Resposta:
Olá Sumai
Legal que vc esteja gostando. espero que as dicas possam mesmo te ajudar a planejar sua viagem! Ir à Cuba é uma experiência incrível, principalmente quando se tem tempo para conhecer o interior do país e as pessoas de lá, longe dos grandes resorts
Infelizmente, nessa nossa correria de viagem, não temos tido muito tempo para ler livros. Nas ruas de cuba, há dezenas de livros sobre Tche e sobre a revolução, mas imagino que sejam livros meio idealizados...
Hoje, pela internet, consegue-se muita coisa, mas também precisamos saber filtar, pois tem muita coisa ruim tb. Eu adoro o filme Diários de Motocicleta, mas aí, só se conta o início da história de Tche. Fica faltando o principal...
Um grande abraço e espero mesmo que possa viajar para Cuba. vc vai adorar!
Poul: Erradicar o analfabetismo em 1 ano parece propaganda comunista... Quando vcs estarão em NY? Abs
Resposta:
Pois é, Kina, e eles fizeram isso.
Caravanas e caravanas de voluntários percorriam o país para ensinar as pessoas a ler e escrever, nem que fosse de forma rudimentar. É claro que, em um ano, não ensinaram as pessoas a ler enciclopédias ou fazer contas mais complicadas. Mas que o avanço foi enorme, isso foi. Talvez, o maior sucesso da revolução que, entre tantos erros, também teve seus acertos!
Quanto a NY, vamos saber melhor assim que passarmos para o lado de lá da fronteira. Mas espero que seja a partir do meio de Abril. Vamos usar a cidade como base para idas ao caribe e à Groelandia. Então, vamos e voltamos várias vezes para lá.
E vcs, quando vão?
Abs
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