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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Ainda na estação de embarque do bondinho, vista do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Como já disse diversas vezes ao longo desses 1000dias, eu sou mineiro de Belo Horizonte, onde vivi até os 14 anos de idade. A família de meu pai é do interior do estado, da simpática e gloriosa Poços de Caldas, quase na fronteira com São Paulo. Nós até passamos por lá nesse nosso giro pelas Américas <[a href="http://www.1000dias.com/rodrigo/busca-pocos-de-caldas":posts aqui), a cidade onde passei tantas e tantas férias da minha infância entre primos, tios, avós, pais e irmãos. Para nós, crianças na época, uma das grandes atrações da cidade era subir o teleférico, ou bondinho, como o chamávamos, até o alto do do morro onde está a estátua do Cristo redentor da cidade.
Chegando à estação de bondinhos do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Os "dois andares" do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Esse bondinho foi construído em meados da década de 70 e a firma responsável pela construção foi, para meu grande orgulho na época, a empresa onde meu pai trabalhava, Pohlig Heckel do Brasil. Como o nome já parece indicar, era apenas a subsidiária brasileira de uma grande multinacional alemã. Lembro-me de ver as iniciais da empresa, PHB, nos bondinhos e máquinas e pensar que éramos responsáveis por tudo aquilo! Eram cabines pequenas, para apenas 4 passageiros, mas eu já achava aquilo tudo maravilhoso, como se voássemos sobre a cidade e montanhas da região, frio na barriga e brilho nos olhos.
A caminho do primeiro andar do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Praia Vermelha vista do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Perguntava a meu pai sobre como tudo aquilo funcionava e sobre outros bondinhos espalhados pelo mundo. Ele me dizia que o maior de todos era um no Rio de Janeiro, também construído pela Pohlig Heckel, só que muito tempo antes, no início do século. Era um bondinho gigante onde os passageiros não iam sentados, mas em pé, dezenas ao mesmo tempo. Para mim, soava como algo de outro mundo, até difícil de imaginar. Eu tinha de ver isso com meus próprios olhos!
Exemplar dos primeiros bondinhos do Pão de Açúcar, em exibição na estação intermediária do trajeto, no Rio de Janeiro
História da primeira geração de bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Foi o que aconteceu pouco tempo depois. mas não foi ao vivo! Foi na tela grande do cinema, numa clássica cena do 007, o famosos James Bond, ainda na época em que a personagem era representada pelo canastrão Roger Moore. O herói enfrenta seu maior inimigo, o monstruoso “Dentes de Aço”, em plena Rio de Janeiro. O grande embate entre os dois se dá justamente no bondinho do Pão de Açúcar, quando Dentes de Aço quase consegue destruir o cabo de aço que sustenta os bondes com sua poderosa mordida. Depois, ele pula para o bondinho onde estava o 007 e os dois lutam sobre o teto do bondinho com a linda paisagem carioca lá embaixo. Por fim, James Bond foge com a mocinha deslizando sobre o cabo de aço numa cena que, na época, causou espanto, e hoje nos faz rir. Eu publico o video dessa batalha “épica” nesse post (para ficar ainda mais engraçado, está dublado em espanhol...)!
Depois de ver esse filme, logo estive em carne e osso lá no famoso bondinho e me maravilhei com a paisagem que nos cerca. Finalmente, conhecia o bondinho original! Saciada a vontade, foram precisos outros 20 anos para que eu lá retornasse, já na virada do milênio. E agora, nesse P.S. dos 1000dias, na nossa segunda passagem pela Cidade Maravilhosa, acompanhados dos nossos amigos gringos Álvaro e Valentín, foi a vez de nos animarmos e voltamos a este ícone da cena carioca, que disputa com o Corcovado o título de Cartão Postal oficial da cidade.
Na estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar, podemos admirar o sol iluminando a baía de Botafogo, no Rio de Janeiro
Na estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar, podemos admirar o sol iluminando a baía de Botafogo, no Rio de Janeiro
O projeto desse teleférico nasceu durante as celebrações do centenário da abertura dos portos brasileiros ao comércio exterior, em 1908 (Dom João, sob pressão inglesa, tinha mandado abrir nossos portos ainda em tempos de Brasil colônia, em 1808). A idealização do projeto foi do engenheiro Augusto Ferreira Ramos. Com pouco entusiasmo estatal pela ideia e sob a gozação da imprensa e sociedade da época, o engenheiro contou com a ajuda de algumas figuras notáveis da cidade para levar o projeto adiante. Com a ajuda de operários alpinistas e sob comando da empresa alemã, a obra andou e em Outubro de 1912 o trecho entre a Praia vermelha e o Morro da urca foi inaugurado. No início do ano seguinte, foi a vez do bondinho chegar até o topo do Pão de Açúcar, mudando para sempre a paisagem carioca.
O pequeno e simpático bairro da Urca, no Rio de Janeiro
Avião decola do aeroporto santos Dummont, no Rio de Janeiro. Ao fundo, a ponte Rio-Niteroi
Até aquela época, existiam apenas dois outros teleféricos no mundo. Um na Espanha, de 1907, com extensão de 280 metros, e outra na Suíça, de 560 metros, inaugurado em 1908. A versão carioca aniquilava todos esses recordes anteriores. Afinal, são 600 metros de extensão até o “primeiro andar”, no Morro da Urca, e outros 850 metros até o topo do Pão de Açúcar, a 396 metros de altitude. Essa primeira versão do teleférico tinha apenas uma linha, que servia tanto para subir como para descer. Cada carrinho, logo apelidado de “bondinho” pelos cariocas, por sua semelhança com os bondes elétricos que naquela época já eram muito comuns nas ruas da cidade, carregava 22 passageiros em uma viagem que demorava mais de 10 minutos até o final da linha, no Pão de Açúcar. Em dias de movimento, eram pouco mais de 2 mil passageiros.
Vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Bondinho do Pão de Açúcar, um dos ícones do Rio de Janeiro
A fama logo se espalhou pela cidade, pelo país e pelo mundo. Gente como o presidente Kennedy ou o físico Albert Einstein não perderam a chance de fazer o passeio quando estiveram na cidade. A demanda crescente superava em muito as possibilidades do antigo bondinho. Assim, aos 60 anos de idade, em 1972, ele foi revitalizado. Uma nova linha foi construída e carrinhos mais modernos desalojaram os bondinhos históricos. A capacidade por carrinho aumentou para 65 passageiros e o número de turistas que sobem a montanha a cada hora chega a 1.200. Com isso, pouco depois do centenário da inauguração do bondinho do Pão de Açúcar, mais de 40 milhões de pessoas já foram até o alto do morro se deliciar com as vistas da Cidade Maravilhosa.
Vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Hoje foi a nossa vez. O dia não estava tão belo como ontem, mas também não podemos exigir céu azul de São Pedro todos os dias. Deixe que ele guarde o bom tempo para a nossa próxima aventura atravessando a Serra dos Órgãos. Por aqui, um pouco de chuva misturado com um pouco de sol já foi o bastante para deixar nossos amigos espanhóis de queixo caído com a beleza da paisagem. Enfrentamos o chuvisco, o vento e o preço salgado e lá fomos montanha acima.
O Corcovado visto do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Do alto do Pão de Açúcar admirando a silhueta inconfundível da Pedra da Gávea, onde estivemos ontem (Rio de Janeiro)
O outro caminho para chegar ao cume dessa montanha emblemática do Rio de Janeiro é escalando. São mais de mil rotas possíveis, com todos os níveis de dificuldade e que fazem a alegria dos escaladores da cidade e dos visitantes também. Esse é um programa que ainda não fizemos, mas que está nos nossos planos. Mas não em um dia como hoje, muito mais propício à segurança e conforto do bondinho.
1000dias no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
1000dias no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
O Pão de Açúcar está localizado na saída da baía de Guanabara, um enorme bloco de granito reminescente da época em que América do Sul e África se separaram. Sua beleza imponente já atraía visitantes há séculos, mas fi apenas no início do séc. XIX que ele começou a ser escalado. Mas foi preciso outros 100 anos para que o acesso ao topo da montanha e às vistas que se tem lá de cima fossem democratizados. esse foi o grande mérito do bondinho idealizado por Augusto Ramos e construído pela firma alemã que empregaria meu pai meio século mais tarde.
Copacabana vista do alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
Fim de tarde nublado no Rio de Janeiro visto do alto do Pão de Açúcar
Para mim, foi uma festa, com chuva ou com sol. Para começar, surpreendi-me que o bondinho já não é o mesmo que eu havia conhecido nos finais dos anos 70 e revisto no início desse milênio. Um novo tipo de carro foi adotado depois dessa última visita, ainda mais moderno e confortável, com uma área envidraçada bem maior. É a versão 3.0! Por falar nisso, quando chegamos à estação intermediária, no alto do Morro da Urca, lá estava exposta a histórica versão 1.0, àquela construída pela Pohlig Heckel e aposentada há 40 anos. está numa espécie de pequeno museu da história desse famoso teleférico. Aí também é possível assistir a filmes históricos e até à cenas de cinema em que o bondinho é retratado.
Visão noturna do Rio de Janeiro a partir da estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar
Por fim, fomos até o alto onde enfrentamos o frio e o vento para fotografar a cidade em todas as direções. Lá estava o Corcovado com seu Cristo Redentor, quase no dobro da nossa altitude. Mais longe, a silhueta inconfundível da Pedra da Gávea, mais alta ainda, onde estivemos ontem. Para baixo, de um lado a baía de Botafogo, lotada de barcos e iates. Do outro lado, a Praia Vermelha, de onde parte o teleférico, e o pequeno e simpático bairro da Urca, uma espécie de mini-cidade dentro da cidade do Rio de Janeiro.
Visão noturna do Rio de Janeiro a partir da estação intermediária do bondinho do Pão de Açúcar
Ficamos aí até o finalzinho da tare. Tanto que, ao chegarmos de volta ao Morro da Urca, as luzes da cidade já estavam acesas. Pudemos ver, então, a Rio by night. Quase tão bela como o Rio de dia, o Cristo lá no alto, a zelar pela cidade. Interessante pensar que, durante o último século, 40 milhões de pessoas fizeram o mesmo caminho que fizemos hoje, do Einstein até o Papa, do meu bisavô até mim. As pessoas voam pelo bondinho, no tempo e no espaço. Amanhã deixamos essa cidade. felizes de ter passado por essa atração turística que há tempos deixou de ser carioca e passou a ser mundial.
A caminho do Pão de Açúcar, um dos programas mais turísticos do Rio de Janeiro
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