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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Painel mostrando os conquistadores espanhóis explorando os indígenas pintado por Diego Rivera no Palácio do Governo, na Cidade do México, capital do país
Hoje a manhã começou com novas “burocracias”. Por e-mail, descobri que nosso querido consulado brasileiro nada pode (ou deseja) fazer para me ajudar na questão do imbróglio de nomes e sobrenomes no meu passaporte e no visto mexicano. O negócio é passar na raça mesmo, quando estivermos voltando de Cuba. O bom senso há de prevalecer! Quanto ao consulado, lá na Guiana Francesa eles também não ajudaram. Espero que a ajuda deles não seja, algum dia, fundamental. Até agora, ainda bem, sempre pudemos resolver de outra maneira... Também encomendamos com o Rafa, que vai nos encontrar em Cuba, peças para as revisões da nossa Fiona, aqui na América do Norte. Por ser a diesel, e aqui só há Hilux gasolina, não se encontra filtros de combustível e de óleo para ela. Especialmente esse último, deve ser trocado a cada 10 mil km. Achei que só teríamos este problema nos EUA, mas aqui no México já é assim também.
A enorme Catedral da Cidade do México, capital do país
Depois, táxi para a Zócalo, praça central da Cidade do México. Uma das maiores praças do mundo, um enorme espaço vazio cercado de prédios monumentais. Quem logo chama a atenção é a vistosa Catedral Metropolitana. Enorme também, com mais de 60 metros de altura, a construção demorou séculos para terminar. Com isso, são as mais diversas as suas características arquitetônicas, dependendo do arquiteto ou da geração em que aquela parte da construção estava sendo feita. Outra coisa que logo notamos é que o prédio e suas torres estão bem inclinadas. Junto com toda a parte central da cidade, a catedral está afundando aos poucos no solo poroso do antigo lago que ocupava a região. Tem até um gigantesco pêndulo pendurado no alto da cúpula da catedral que nos mostra o quanto o prédio já se “movimentou” desde a sua construção.
Passeando na enorme Catedral da Cidade do México, capital do país
A Catedral e o Palácio do Governo na Zócalo, praça central da Cidade do México, capital do país
Outro prédio monumental na praça é o Palácio Governamental. Parte aberto a visitação pública, parte ainda usado pelo próprio presidente do país. Impressionante por fora, belíssimo por dentro. Aí estão os famosos e enormes murais de Diego Rivera, o mais importante pintor mexicano. São mais de dez deles, cobrindo paredes inteiras, mostrando aspectos e cenas da história do país, desde o período indígena até a revolução mexicana do início do século passado. Para mim, os mais interessantes são os que mostram a época asteca e o encontro fatídico com os espanhóis. Interessante também são aqueles que glorificam “Carlos Marx”, não deixando dúvidas qual eram as tendências políticas do autor dos murais.
Gigantesco e incrível mural pintado por Diego Rivera no Palácio do Governo, na Cidade do México, capital do país
Painel pintado pelo socialista Diego Rivera no Palácio do Governo, na Cidade do México, capital do país
Depois de visitarmos várias salas suntuosas do Palácio onde se passaram alguns dos mais importantes eventos da história mexicana, seguimos para outro prédio ali do lado da praça, um dos que eu mais estava interessado. Na verdade, ruínas de um antigo prédio: o Templo Maior de Tenochtitlán.
Maquete de Tenochtitlán, a capital asteca, no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, capital do país
Não é de hoje que a Cidade do México é uma das maiores cidades do mundo. Essa “tradição” vem de longe, de antes de Colombo chegar à América. Nesta época, a cidade tinha o difícil nome de Tenochtitlán e era a capital de um vasto e poderoso império. Enquanto os espanhóis ainda se ocupavam de conquistar as ilhas caribenhas e dizimar suas respectivas populações, nas primeiras décadas do séc. XVI, aqui no México eram os astecas que ampliavam seus domínios, chegando a mais de 1000 km de distância de sua capital, ainda completamente ignorantes de que o maior perigo estava logo ali, bem do lado.
Visitando o Palácio do Governo, na Cidade do México, capital do país
Pois os espanhóis finalmente chegaram ao continente e logo ficaram sabendo do rico e poderoso império que existia por ali. Numa épica jornada, Hernán Cortés conduziu seus pouco mais de 500 “conquistadores” através de terrenos desconhecidos até a capital dos astecas. Lá, ficaram completamente boquiabertos com o que viram, uma cidade muito maior do que qualquer uma que havia na Espanha, naquela época. Cerca de 250 mil pessoas viviam em uma ilha no meio de um lago, enormes templos e pirâmides marcando não só o centro da cidade, mas também do universo (é, os caras não eram modestos...). Cortés relata que entre seus homes havia pessoas que conheciam as maiores cidades da época, como Constantinopla ou cidades da Índia. E não houve que não se abismasse com o que via ali, tanta glória e riqueza juntas. Poucas vezes na história da humanidade houve um encontro como esse, de duas culturas tão fortes, tão distintas e completamente surpresas pela existência da uma da outra.
Ruínas do templo Maior de Tenochtitlán, na Cidade do México, capital do país
O fato é que cerca de um ano depois desse encontro, o outrora poderoso império asteca estava dizimado, de joelhos, batido e vencido por essas poucas centenas de conquistadores. Várias são as razões desse desfecho tão trágico para os astecas. O gênio de Cortés, que soube aproveitar ao máximo as oportunidades que o destino lhe conferiu e a personalidade titubeante e fraca do imperador Montezuma II, líder dos astecas, certamente foram decisivas na história. Quis o destino que Cortés chegasse ao México justamente no ano em que antigas previsões e lendas astecas dizam que retornaria à região, vindo exatamente do oriente, o antigo deus tolteca Quetzacoatl, para reconquistar o que tinha sido seu. Além disso, a imagem do deus, de barba, se assemelhava à do próprio Cortés. Essa semelhança fez com que o místico Montezuma temesse enfrentá-lo, permitindo que Cortés ganhasse um tempo valioso não só para entender aquele novo mundo que estava conhecendo, mas também para formar uma grande rede de alianças com tribos e povos que odiavam os despóticos astecas. Esses, coitados, mal sabiam que estavam trocando o diabo pelo capeta...
Visitando as ruínas do Templo Maior dos astecas, na Cidade do México, capital do país
A tecnologia de guerra espanhola era infinitamente superior. Os povos pré-hispânicos não usavam o metal e suas armas pouco podiam contra as pesadas espadas e armaduras espanholas. Além disso, nunca tinham visto cavalos e o seu uso nas batalhas era avassalador, colocando os indígenas em fuga. A enorme superioridade numérica foi sendo perdida aos poucos, já que os espanhóis angariaram milhares de aliados. Na batalha final por Tenochtitlán, já seriam 200 mil indígenas sob o comado de cerca de mil espanhóis.
O prédio das Caveiras, no Templo Maior dos astecas, na Cidade do México, capital do país
Mas, não resta dúvida, o maior soldado em prol dos espanhóis foram as doenças trazidas do velho mundo. A varíola simplesmente destroçou a população das Américas. Somente no México, de uma população indígena estimada em 20 milhões no início do séc. XVI, apenas um milhão sobrava no início do século seguinte. Guerras e escravidão contribuíram com esse declínio, mas foi a morte por doenças e o completo desarranjo que causou às antigas sociedades e modos de vida, resultando em queda de produção agrícola e fome generalizada o principal culpado do mais mortífero século da história da humanidade.
Painel mostra como grande parte do Templo Maior está abaixo da Catedral da Cidade do México, capital do país
Lendo a história, observando as ruínas, vendo de tão perto os apetrechos dessa antiga civilização que ruiu literalmente de um dia para o outro, é difícil não se simpatizar com eles, torcer para que o resultado tivesse sido outro, querer voltar no tempo para prepará-los para este encontro, levar alguns cavalos, armaduras, espadas e vacinas para aquela época. Como teria sido a história da América se os europeus não tivessem chegado aqui? Incas e astecas eventualmente se encontrariam e se enfrentariam?
Crânio encontrado nas ruínas do Templo Maior dos astecas, na Cidade do México, capital do país
Bom, os astecas também não eram os “mocinhos” da história. Tinham uma sociedade altamente militarizada, baseada na conquista e posterior tributação dos povos conquistados. Eram simplesmente odiados pela maneira tirânica como governavam. Um dos aspectos que mais chamam nossa atenção é a verdadeira cultura dos sacrifícios humanos. O que mayas e outros povos faziam eventualmente, eles faziam diariamente. Durante a época de festivais eram centenas ao dia. O coração arrancado do corpo ainda vivo, ainda chegava a bater na mão do sacerdote. Dentro do seu vasto império, eles tiveram o cuidado de “não conquistar” três ou quatro pequenas áreas, exatamente para poderem fazer guerra sempre que precisassem de novas vítimas. Aliás, esse costume de querer capturar vivos (para posterior sacrifício) os oponentes, ao invés de mata-los no campo de batalha, também os atrapalhou bastante na guerra contra os espanhóis. Não obstante, cerca de 70 ibéricos foram sim sacrificados, aos gritos, nos altares astecas.
Estátua de guerreiro vestido de águia encontrada nas ruínas do Templo Maior dos astecas, na Cidade do México, capital do país
Impossível para nós julgar com isenção toda uma cultura baseado, mesmo inconscientemente, numa ética cristã que já nos é intrínseca, e que é completamente alienígena àquele povo. Mas admirar a sua arquitetura, a sua arte, a sua cultura e a organização de seu império e sociedade, isso não é difícil. As “testemunhas” estão ali, na nossa frente, nos museus e nas ruínas do Templo Maior.
Enorme escultura colorida de deusa asteca encontrada nas ruínas do Templo Maior dos astecas, na Cidade do México, capital do país
Falando nisso, e voltando à conquista espanhola, após a queda de Tenochtitlán e à indigna tortura do último imperador asteca para que dissesse aonde estava o ouro (e ele não falou!), os espanhóis e seus aliados indígenas destruíram completamente a cidade. Sobre ela, fundaram uma nova, a capital da Nova Espanha, a Cidade do México. Os gigantescos templos estacas foram desmontados e, com suas pedras, a praça e suas construções foram pavimentadas. A Catedral foi construída justamente encima de onde estava a maior parte do Templo Maior. O intuito foi destruir completamente os vestígios da antiga cultura para ser substituída pela outra. Como já disse em outro post, todos os documentos escritos no idioma nahuatl (a língua asteca) eram queimados como obras do demônio. Felizmente, alguns poucos escaparam, assim como pessoas da época, especialmente frades, nos deixaram documentos e relatos sobre a sociedade asteca. E, num acaso do destino, numa obra de remodelação da praça, foram redescobertos vestígios do Templo há muito esquecidos e, desde então, novas pesquisas e escavações vem sendo feitas, revelando mais e mais sobre esta fantástica civilização.
Painel com cenas astecas pintado por Diego Rivera no Palácio do Governo, na Cidade do México, capital do país
Bom, e nós, depois desse banho asteca, felizmente sem sacrifícios humanos, voltamos para nossa casa na capital mexicana. Amanhã, retorno ao Caribe. E daqui a um mês, voltamos à Cidade do México para mais alguns dias de explorações nessa que é não apenas uma cidade, mas um verdadeiro universo (mas não o centro dele!!!) de informações e atrações que apenas começamos a arranhar...
Uma enorme bandeira tremula no centro da Zócalo, principal praça da Cidade do México, capital do país
Bela reportagem Rodrigo, uma verdadeira aula. Um grande abraço.
Resposta:
A história do México pré colombiano é riquíssima. Daria para fazer uns dez posts sobre o assunto. Pena que meu blog é de viagens e não de história...
Um grande abraço
O óbvio ululante:corte os dias da Jamaica pela metade( a menos
que a prioridade sejam práias),pule Caymsn(amenos que tenha
uma conta lá),diminua Cuba(onde é mais seguro não mexer com os dissidentes(deixe isso para a nossa poderosa Presiden
te) e assim vocês terão muito mais dias para s Cidade do Mexico, que é o que vale mais a pena.
Bjs Mm
Resposta:
Opa!
A Jamaica tem muito mais do que praias! País de cultura fortíssima, só o show de reagge que fomos ontem em Negril já valeria esses 10 dias por aqui e todas as dificuldades que tivemos para chegar...
Ilhas Cayman, além de bancos, tem mergulhos espetaculares. Mal podemos esperar para chegar lá...
E Cuba, então, serão duas semanas muito corridas, infelizmente. Difícil vai ser postar de lá, como bem sabem os dissidentes... Vamos ver!
E aí, voltaremos ao maravilhoso México, com uma bagagem cultural enriquecida de um mês em ilhas caribenhas. Isso só pode ajudar...
Beijos e saudades
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