0
Arquitetura Bichos cachoeira Caverna cidade Estrada história Lago Mergulho Montanha Parque Patagônia Praia trilha vulcão
Alaska Anguila Antártida Antígua E Barbuda Argentina Aruba Bahamas Barbados Belize Bermuda Bolívia Bonaire Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Cuba Curaçao Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Falkland Galápagos Geórgia Do Sul Granada Groelândia Guadalupe Guatemala Guiana Guiana Francesa Haiti Hawaii Honduras Ilha De Pascoa Ilhas Caiman Ilhas Virgens Americanas Ilhas Virgens Britânicas Islândia Jamaica Martinica México Montserrat Nicarágua Panamá Paraguai Peru Porto Rico República Dominicana Saba Saint Barth Saint Kitts E Neves Saint Martin San Eustatius Santa Lúcia São Vicente E Granadinas Sint Maarten Suriname Trinidad e Tobago Turks e Caicos Uruguai Venezuela
Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Enfim chegamos à Antártida! (Brown Bluff, na ponta da península antártica)
Quando começamos nossa viagem pelas Américas, ainda em Março de 2010, tínhamos um vago plano de passar por todos os países e regiões do continente. Aonde pudéssemos chegar de carro, a Fiona nos levaria. Se fosse uma ilha ou lugar sem acesso por estrada, pediríamos ajuda para aviões, barcos, cavalos ou mesmo a força de nossas próprias pernas. A ideia era bonita, mas sabíamos muito bem das dificuldades que nos esperavam. Alguns lugares, a ideia estava mais próxima de um sonho do que da realidade. Seja pelo preço, seja pela segurança, sempre tivemos nossas dúvidas. Lugares como o próprio Alaska, a Groelândia, ilhas distantes como Páscoa ou Galápagos, regiões teoricamente menos seguras, como partes da Colômbia, México ou Haiti, sempre foram desafios. Mas todos eles foram “caindo”, um a um. De uma maneira ou de outra, chegávamos lá. E assim, toda a América foi mesmo cabendo dentro do nosso bolso. Faltava, então, apenas o maior de todos esses desafios: a Antártida.
Pinguins, gelo, neve e rochas: visual de Brown Bluff, na península antártica
Praia de Brown Bluff, na Antártida: frequentada por pinguins e blocos de gelo
Aqui, o problema maior não era a segurança. Longe das dificuldades encontradas pelos primeiros exploradores, como relatei nos dois últimos posts, a proibição maior era mesmo o preço. Não há viagem barata para a Antártida. Principalmente se, como era o nosso caso, o roteiro também incluir a Georgia do Sul e as Malvinas. O único caminho é uma excursão nos poucos barcos que oferecem esse roteiro. Todos com muito conforto e segurança, mas com um investimento equivalente a vários e vários e vários meses da nossa viagem pelo continente. Mas agora, tão perto do nosso objetivo final, tão carinhosamente planejado e sonhado anos atrás, resolvemos fazer uma loucura, daquelas que fazemos uma vez na vida e bancamos a viagem. Caro? Sim! Mas valeu cada centavo do investimento! Malvinas e a maravilhosa Geórgia do Sul no currículo, mas ainda faltava a Antártida!
Icebergs na baía de Brown Bluff, na Antártida
A enorme geleira em que fizemos caiaque no início da tarde, em Brown Bluff, na Antártida
Pinguins gentoo observam um estranho bloco de gelo na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pois é, nessa época do ano que viajamos, final de Novembro, a temporada está apenas se abrindo. Ainda há muito gelo nos mares que rodeiam o continente e nada é garantido. Chegamos até as ilhas próximas da península, mas pisar no continente verdadeiro, isso só é decidido na véspera. Todos os passageiros ficam ansiosos, colocando pressão na chefe da expedição. Após muita tensão, finalmente ela sorriu de orelha à orelha e anunciou as boas novas: “Sim, vamos desembarcar na Antártida!”. Alívio geral! E para nós, finalmente, o último grande desafio para cumprirmos nosso sonho parecia, enfim, vencido. Mas a vitória veio lenta, uma ansiedade crescente, cada vez mais difícil de ser controlada. Afinal, o dia começou com uma sessão de caiaque numa ilha próxima, o continente já dentro do nosso campo de visão. Depois, quando o Sea Spirit se aproximou da praia de Brown Bluff, o pequeno grupo de caiaqueiros ainda saiu para uma última sessão de remadas, nossa despedida, enquanto os outros passageiros já foram se refestelar em terra firme. Só aí, então, chegou a nossa vez: o tão sonhado desembarque numa praia continental.
A área da Antártida praticamente dobra entre o verão e o inverno, passando de 14 milhões para 28 milhões de quilômetros quadrados
Mapa da Antártida se todo o gelo derretesse, aumentando o nível dos oceanos. Assim deve ter parecido o continente há 40 milhões de anos
A Antártida é mesmo um continente sui generis. Há pouco mais de 100 milhões de anos fazia parte do super continente de Gondwana, junto com América do Sul, África, índia e Austrália. Foi quando a nossa América do Sul se separou e o restante do continente começou a migrar para o sul. Ainda era coberto por matas tropicais. Ao se aproximar das regiões polares, sentindo aquele frio gelado, Austrália e Índia trataram de se separar e voltar para o norte enquanto a Antártida, agora sozinha, foi parar bem encima do polo sul, aonde ainda se encontra hoje. A antiga e rica flora e fauna desapareceu, encoberta por bilhões de toneladas de gelo. Aliás, tanto gelo que antigas ilhas hoje parecem unidas em uma única massa continental. Não só isso; todo o mar ao redor do continente também se congela, formando vastas plataformas de gelo que chegam a duplicar a área do continente. No inverno, a área da Antártida, incluindo os mares transformados em gelo, chegam a incríveis 28 milhões de quilômetros quadrados, maior que a nossa América do Sul (17,8 milhões de km2) e até que a América do Norte (24,7 milhões de km2). Mas no auge do verão, principalmente agora em tempos de aquecimento global, essa área cai pela metade, com “apenas” 14 milhões de km2. Agora no final de Novembro, certamente ela ainda está com muito mais do que isso. Por isso a dúvida de podermos ou não chegar até a península antártica. Aliás, este é o ponto mais ao norte do continente, já a meio caminho da América do Sul. Para quem quiser ir mais para baixo, mais para o sul, certamente tem de esperar até Janeiro ou Fevereiro para o mar descongelar mais um pouco.
Observando e fotografando um grupo de pinguins adelie em Brown Bluff, na Antártida
A baía de Brown Bluff, na Antártida
Fosse a Antártida nos trópicos, como um dia já foi e como algum dia voltará a ser, sua área seria ainda menor. Na verdade, o continente se revelaria diferente: uma grande massa continental a leste e um arquipélago com muitas ilhas a oeste, incluindo a península antártica onde desembarcamos hoje. Num mundo sem gelo ou icebergs, a área total da Antártida seria de pouco mais de 7 milhões de km2, menor até que o Brasil. Mas isso, só no tempo dos dinossauros ou num futuro distante. A Antártida, tal como a conhecemos hoje, continua indissociável do gelo, E foi nesse continente gelado e maravilhoso que, enfim, desembarcamos hoje.
Bloco de gelo repousa na praia de Brown Bluff, na Antártida, enquanto o Sea Spirit nos aguarda ao fundo
Um pinguim gentoo na praia de Brown Bluff, na Antártida (foto de Brian Myers)
Celebração por chegar ao continente, em Brown Bluff, na Antártida (foto de Marla Barker)
A praia em que descemos se chama Brown Bluff, bem na pontinha da península, que já é a pontinha do continente. Ao redor da praia, enormes falésias e paredões gelados, entremeados com geleiras colossais, formavam um cenário grandioso. Pelo porte das geleiras, era fácil concluir que aquilo não era uma simples ilha, mas uma massa continental considerável. O sinal mais claro e evidente que estávamos em um continente. Já a praia em si, era muito parecida com tantas outras que conhecemos nesses últimos dias. Praia rochosa e frequentada por muitos pinguins. Para estes, tanto faz se estamos em uma ilha ou continente; tudo o que querem é um espaço para caminhar, esticar as pernas, namorar e colocar seus ovos em paz.
Pinguim adelie examina um de seus ovos na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguim adelie examina um de seus ovos na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguim adelie choca seus dois ovos em Brown Bluff, na Antártida
Pois é, além de ser nossa despedida da Antártida (justo no dia que chegamos nela, hehehe), era também nossa despedida dessas simpáticas aves. Temos visto dezenas de milhares delas, de quatro ou cinco espécies diferentes. Mas hoje, por ser a despedida, foi um momento especial. Nos observávamos, fotografávamos ou apenas os seguíamos para lá e para cá. O maior número deles era da espécie adelie. Mas havia também os gentoo e, como sempre, para mim é muito interessante observar quando espécies diferentes se encontram. Mas eles não se dão muita bola não. Gostam mesmo é de ficar entre os iguais. Fico só imaginando se há alguma incompatibilidade de língua...
Uma fila de pinguins adelie na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguins caminham organizadamente na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguins parecem seguir turista na praia de Brown Bluff, na Antártida
Bom, a diversão com os pinguins foi grande. Vê-los caminhar em fila, saltar de pedras até o chão, entrar na água gelada e pegar um jacaré ou chocar seu ovo tranquilamente é hipnotizante. Como também é hipnotizante ficar olhando o mar à nossa frente, os enormes icebergs ao fundo, as montanhas geladas atrás de nós ou pequenos blocos de gelo encalhados na praia rochosa. Esses blocos de gelo foram cuidadosamente esculpidos pela natureza, verdadeiras obras de arte que poderiam estar em qualquer museu do mundo, mas que estão ali, naquela praia perdida no fim do mundo, para uns poucos e felizardos olhos humanos que podem admirá-los. Os milhares de olhos de pinguim que ali também estão não parecem dar muito valor para essa arte...
Iceberg toma formas curiosas na baía de Brown Bluff, na Antártida
Iceberg toma formas curiosas na baía de Brown Bluff, na Antártida
Iceberg confortável o suficiente para a Rowan e a Sara entrarem dentro dele! (emBrown Bluff, na Antártida)
Mas nós damos! O gelo é azul, formado pela mais pura das águas. Alguns dos blocos são tão grandes e com tantas reentrâncias que é até possível nos acomodarmos dentro deles. Uma pose para foto que não tem preço. Aquele mesmo bloco de gelo e suas formas peculiares nunca mais estarão lá. É um momento único devidamente eternizado em uma foto. Assim como também é único a sequência do cuidadoso salto do pinguim, agora registrado em várias fotos, para dar a devida ideia do movimento.
Pinguim adelie demonstra habilidade ao saltar de bloco de gelo na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguim adelie demonstra habilidade ao saltar de bloco de gelo na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguim adelie demonstra habilidade ao saltar de bloco de gelo na praia de Brown Bluff, na Antártida
Pinguim adelie demonstra habilidade ao saltar de bloco de gelo na praia de Brown Bluff, na Antártida
Por fim, único também, e especial de uma maneira difícil de explicar ou compreender, é o momento que temos para contemplar aquela beleza toda que nos cerca, o sentimento de estar numa praia da Antártida ainda razoavelmente protegida dos rigores da civilização, uma paisagem muito parecida com o que teria sido há dez, dez mil ou dez milhões de anos atrás. Por aqui, o tempo passou muito pouco. E é uma benção poder ver isso tudo de perto. A parte mais difícil de nossos sonhos de conhecer toda a América estava sendo realizado. E como foi bom chegar até aqui...
Caminhando na praia de Brown Bluff, na Antártida, entre blocos de gelo e pinguins das espécies gentoo e adelie
(o comentário anterior era pra ser no posto do polar plunge. Espero que me entendam! rsrs)
Resposta:
Oi Ana
Entendemos sim, hehehe
Um abs
Minha-nossa-senhora! Que coragem! Acho que eu não dava conta, não! rsrs
ps: tão bom voltar a lê-los!!!! Obrigada por compartilhar tudo isso conosco!
Resposta:
OI Ana
Aposto que vc dava conta sim, hehehe! Na hora, com mais gente pulando, a gente se anima! Só arrepende na hora que cai na água, mas aí já não dá tempo de fazer nada!!!
p.s Para nós, também é uma grande alegria voltar a escrever. Ainda temos muitas histórias para contar e dividir com quem nos acompanha!
2012. Todos os direitos reservados. Layout por Binworks. Desenvolvimento e manutenção do site por Race Internet