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O barco que nos levará até Manaus se enche de redes, ainda em Tefé, no Amazonas
Tefé, a “Princesinha do Solimões”, está no coração da Amazônia há 575 km de Manaus e possui uma população de aproximados 62 mil habitantes. A 6ª maior cidade do estado está localizada em uma das principais regiões pesqueiras do Amazonas e por isso tem como ponto forte em sua economia a pesca. Um passeio pelo mercado público é uma ótima forma de conhecer as espécies amazônicas preferidas dos teefenses, principalmente tambaquis e pirarucus.
Bem cedo e os pescadores começam a chegar a Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Ao lado do rio, o mercado de Tefé, no Amazonas
Sua história remonta ao período colonial e às missões jesuíticas de evangelização das tribos tupebas que já habitavam a região. As missões foram fundadas por espanhóis, mas os portugueses descumpriram o Tratado de Tordesilhas e disputaram a região. A vitória portuguesa em 1709, fez com que os índios se refugiassem nas matas e a cabeceira do Rio Tefé, área onde hoje está o município.
De barco, chegando de volta à Tefé, no Amazonas
A praça central, o mercadão e o movimentado porto confirmam a importância econômica regional desta cidade, que além de ter lojas de comércio de bens de consumo, também é a sede de instituições financeiras da região, além de quartel militar das Forças Armadas, Polícia Federal e outras entidades governamentais e não governamentais, como o Instituto Mamirauá. Porta de entrada para a Reserva Sustentável do Mamirauá, Tefé possui vôos diretos de Manaus pela TRIP e pela TAM.
Igreja matriz de Tefé, no Amazonas
Outra forma de chegar e sair de Tefé é pelos barcos regionais que percorrem o Rio Amazonas parando de porto em porto no maior rio do mundo! Mais do que encontros com a vida selvagem ou a pesca da piranha, amarrar a sua rede em um dos andares do barco, deitar e ver o rio passar sem dúvida é uma das experiências mais autênticas no Amazonas.
Nosso barco para descer o Rio Solimões, ainda em Tefé, no Amazonas
As cidades ficam de 3 a 5 horas de navegação distantes umas das outras em um lugar onde os rios são as estradas e os barcos o único meio de transporte. Assim o povo daqui não tem outra opção senão ser paciente, amarrar sua redinha, deitar e se acostumar com um outro ritmo de vida.
Entre muitas redes, diversão ao celular, no barco em Tefé, no Amazonas
Imaginem se alguém está doente? Pois este foi o caso da Elaine, enfermeira de 35 anos, que viajava com a sua filha Luiza de 12 anos. Elaine foi minha vizinha de rede e comentava sobre a dificuldade de conseguir um horário com o médico especialista. Na cidade em que mora e trabalha só tem atendimento de clínico geral, para fazer o exame e consultar um especialista é uma dificuldade não só para conseguir marcar um horário (dali um mês), como para chegar até lá. Imaginem se o médico não aparece? Aí ela já passou 3 dias pendurada no barco para ir, mais 4 dias para voltar, afinal rio acima é sempre mais demorado.
Trânsito intenso de motocicletas na cidade de Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Logo atrás de nós estava uma outra moça grávida do seu quinto filho! Um baita barrigão de 8 meses, dois filhos pequenos viajando com ela e os outros dois com os avós. Os filhos são de 2 maridos diferentes, um que não prestava nada, o segundo é militar, então não pôde acompanhá-la por tanto tempo. Ela já estava se mudando para Manaus, onde dará a luz, já que na sua cidade as condições do hospital eram muito ruins e ela não confiaria em fazer a laqueadura com o médico de lá. Ela deverá ficar em Manaus por pelo menos um mês já que a gravidez dela estava complicando por problema de pressão. Já imaginaram se essa criança resolve nascer agora, ali?
Menina se despede de Tefé, antes da partida para Manaus, no Amazonas
Já havíamos percorrido o percurso entre Manaus e Santarém, barcos maiores e lotados, fizemos amizades, mas dormirmos dentro do carro que também estava sendo transportado no mesmo barco. Dessa vez nós chegamos cedo para garantir um bom lugar, com espaço e uma vista bonita. A primeira noite até que conseguimos nos esticar, mas no caminho o barco foi lotando e fomos sendo obrigados a nos apertar cada vez mais, quando vimos já tínhamos redes do lado, embaixo e em cima de nós! Cada um dos novos vizinhos vai te ajudando, dando uma dica de como fazer o melhor nó para prender a rede, qual é o melhor banheiro ou a hora de comer. Todos se ajudam para olhar as malas e pertences de cada um, nós deixamos a mala com um cadeado, já que estávamos carregando computador e toda a nossa tralharada.
Ainda em Tefé, pronto para a viagem de barco até Manaus, no Amazonas
Em cada porto é aquele entra e sai e são também as horas mais divertidas quando ambulantes entram vendendo bombons, doces de frutas regionais, salgados, tapioca, pão de queijo e tudo o que você imaginar. Elaine me dava as dicas, “compre este que é bom”, já conhecia até os vendedores certos com os produtos mais gostosos, tipo a nossa banca ali da esquina, só que a dela era flutuante e ficava a 200, 300 quilômetros de distância de casa.
A labuta nossa de cada dia, em Tefé, no Amazonas
Nosso barco partiu perto das seis da tarde, Rio Solimões abaixo. Mal partimos e o jantar já foi servido, o valor da passagem não inclui a rede, mas inclui todas as refeições. As comidas desses barcos geralmente são as principais causadoras de piriris destrutivos para gringos e sulistas, lembrando que sulista aqui são todos de Minas Gerais para baixo. Mas acho que demos muita sorte e pegamos um barco bem limpinho. Era só tentarmos fugir dos horários de pico e encontrávamos os banheiros sempre limpos e a comida deixávamos para o final, depois que a imensa fila havia diminuído. Levamos algumas bolachinhas também e o Ro adorava atacar um misto quente do bar lá de cima, custo extra que na opinião dele valia para fugir da fila.
Barco cheio no trecho entre Coari e Codajás, no Baixo Solimões, a caminho de Manaus, no Amazonas
Um belíssimo fim de tarde sobre o Rio Solimões, em Tefé, no Amazonas
Eram pouco mais de 5 horas da manhã e acordamos com o barco parando. O sol ainda nem havia nascido, a pouca luz que começava a surgir no horizonte prateava as águas do rio, em contraste com as luzes amarelas da cidade. Subi até o deck e não entendi que cidade era aquela, com tantos canos, dutos e tanques. Sozinha decidi alongar, aproveitar aquele ar fresco da manhã para fazer uma ioga e meditar... incrível como viajamos, viajamos e ainda assim não conhecemos nada. Que cidade será esta? Coari - logo alguém me respondeu – A terra do gás na Amazônia.
O sol nasce com o barco já em Coari, no nosso caminho para Manaus, no Amazonas
A plataforma de Urucu da Petrobrás, em Coari, tem uma produção de petróleo que gira em torno de 53.500 bbl/d (2007) e de gás natural chega a 10 milhões de m³/d, enviados por um gasoduto até Manaus. Junto com todo o gás encontrado aqui vem a esperança de desenvolvimento em toda a região. A 5ª maior cidade do Amazonas tem uma população de aproximadamente 77 mil habitantes, embora tenha apresentado um grande crescimento demográfico nos últimos anos, quase 35% da sua população vive na área rural do município.
Porto de Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
O sol nasceu lindo iluminando a capital amazonense do gás e nós resolvemos sair do barco para um passeio. Deixamos as coisas aos cuidados da minha nova amiga e vizinha e fomos esticar as pernas depois de quase 12 horas dentro do barco.
Mercado de frutas e verduras em Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Igreja matriz de Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Caminhamos do porto até a praça principal, igreja matriz e ao mercadão, que se espalhava pela rua vendendo as mais diferentes frutas amazônicas, inclusive a mamona e o noni, famoso por suas propriedades medicinais. Povo simpático e batalhador não perdia a oportunidade de conversar e vender!
Frutas típicas vendidas no mercado de Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Venda de Noni em Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Ainda no mercado, já a beira do rio, encontramos os primeiros barcos voltando da pescaria lotados de peixes de todos os tipos. Os vendedores também foram muito simpáticos e nos atenderam em meio à venda para explicar cada um dos peixes que vimos ali, da piranha ao estranho peixe com essa cabeça de mamão... como será o nome dele?!
Examinando a pescaria da noite em Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
Nem piranha escapa dos pescadores em Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
É, Coari é mais um lugar com muita vida e energia incrível que nem sabíamos que existia no meio da Amazônia! Voltamos ao barco quase 9h da manhã e descendo o rio vamos cantando músicas evangélicas, conversando com os novos amigos e passando o tempo. A Eliane está com febre e desconfiando que está com dengue... nada legal, ainda bem que não é contagiosa!
O majestoso rio Solimões, no trecho entre Coari e Codajás, a caminho de Manaus, no Amazonas
Hora do café da manhã em nosso barco, ancorado em Coari, às margens do rio Solimões, no Amazonas
No almoço convenci o Rodrigo a entrar no refeitório. O cardápio servido foi frango ao molho, batata, inhame e uma batata azul diferente que eu nunca tinha ouvido falar, mas muito gostosa. As meninas viram a minha cara e não só ofereceram como me ensinaram como era mais gostoso prova-la. Quando me perguntaram de onde era e eu respondi que era brasileira elas não acreditavam, pela cara e pelo sotaque. Por mais que eu seja muito brasileira, confesso que foi difícil não me sentir uma estrangeira nesse lugar. Comida nova, jeito novo, cara diferente, curiosidades que os que aqui vivem não conseguem compreender e te olham com aquele sorriso maroto, curiosos de ver alguém que não sabe o que é aquela batata ou aquela expressão que eles estão usando. Somos de outro mundo mesmo.
Relachando no teto do barco, no trecho entre Coari e Codajás, no Baixo Solimões, a caminho de Manaus, no Amazonas
A tarde no deck foi tomando um solzinho, uma cervejinha, com mais uma parada em Codajás. Passamos por alguns encontros de rios brancos com rios negros, como o famoso encontro dos rios lá de Manaus que formam o Rio Amazonas. Enquanto víamos ao longe as margens do rio passar, voltamos à nossa rede para mais uma noite embalados pelo sacudir da rede, navegando o Solimões.
Aproveitando o amanhecer para fazer ioga, em Coari, cidade no Rio Solimões, nosso caminho para Manaus, no Amazonas
Ana,
vou aproveitar pra fazer mais uma pergunta e sei que já estou abusando da sua gentileza e do Rodrigo.
Pelo que observou nessa viagem de barco, acha que seria tranquilo uma mulher sulista fazê-la sozinha?
Minha maior preocupação é mesmo a segurança com meus pertences, já que não teria com quem compartilhar do cuidado; mas confesso que também fico um pouco receosa com a reação (principalmente masculina) de verem uma mulher viajando sozinha, ainda mais num esquema tao pouco turístico.
O que vc observou nesse sentido lá?
Valeu demais a ajuda de vocês!!!
Bjos
Resposta:
Oi Ana! Agora que vi que a minha resposta não chegou, eu havia respondido no mesmo dia... desculpe! Bem, o que disse foi que sim, com certeza voce pode viajar tranquila, muitas mulheres viajam sozinhas ou com seus filhos. O esquema é pendurar a sua rede perto de uma família, outras mulheres, com quem você pode dividir o cuidado sobre as coisas. Se possível coloque um cadeado na mala, só por precaução e sempre tenha seus documentos e coisas mais caras (máquinas, carteiras, celular) dentro de uma mochila que você levará com você para todos os lados. É importante estar atenta às coisas nas paradas, quando muita gente entra e sai do barco, mas quando ele está navegando é bem mais tranquilo. No mais é o óbvio, usar umas roupas mais soltinhas, fazer amizades no barco e aproveitar! =) Vá que você vai amar a experiência!
Beijos e boa viagem!
Lendo seu post fiquei com muita vontade de fazer essa viagem de barco, na volta de Mamirauá.
Deve ser uma experiência incrível!!!!
Resposta:
Vale muito Ana! Se você está indo ao Mamirauá, sem dúvida é uma das experiências mais Amazônicas que poderá encontrar! Já havíamos feito a viagem de Manaus a Santarém, mas confesso que as cidadezinhas de Tefé a Manaus me chamaram mais atenção, embora a paisagem ao redor seja bem parecida. Boa viagem e depois nos conte se gostou! =)
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