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Canal de mar em frente à trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Prince Rupert está localizada no litoral norte da British Columbia, uma região rica em história e cultura das primeiras nações que habitaram este continente. A cidade, localizada na Kaien Island, nasceu quando foi escolhida como destino final de um dos entroncamentos da Canada Pacific Railway, em 1906. Desde então a pequena cidade portuária se desenvolveu em torno da extração de madeira, transportes e da grande indústria pesqueira.
Orla de Prince Rupert, na British columbia, oeste do Canadá
Os Tsimshians são o principal grupo indígena que habita a região, diversas tribos da mesma etnia são proprietárias de uma longa faixa de terras e ilhas e hoje cada uma delas trabalha para resgatar a sua arte e cultura. No início do século o estilo de vida seminômade, baseado em suas vilas invernais e acampamentos de pesca no verão, lhes foi totalmente extirpado e sua cultura praticamente extinguida. Crianças foram arrancadas de seus pais, enviadas a internatos e reformatórios bem distantes de suas terras natais, para que não pudessem retornar. Nestas escolas onde seriam “civilizados”, eles tinham suas línguas lavadas com sabão para aprenderem a falar apenas o inglês. Suas vestes tradicionais foram substituídas pelas roupas europeias, cabelos cortados e durante anos seriam forçados a entrar nos moldes e costumes instituídos pelo governo canadense. A sociedade tribal perdeu suas raízes, sua cultura e seu vínculo com a história. Esta parece distante uma realidade distante, mas aconteceu até meados dos anos 70! Aquelas crianças hoje são pais de uma nova geração que já nasceu em um período de conscientização e resgate cultural. Hoje o Governo Canadense percebeu o grande crime que cometeu e trabalha para recompensar e dar suporte para que as First Nations resgatem sua dignidade e cultura.
Caminhando por ponte de areia formada na maré baixa em Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
A Comunidade Tsimshian de Metlakatla, ilha vizinha a Prince Rupert, foi formada em 1862 pelo pastor anglicano William Duncan, reunindo Tsimshians de diferentes tribos em torno de um sonho progressista. Em um período em que os estrangeiros vinham e se apossavam das terras e das ricas águas deste povo, ele tinha ideias como criar indústrias e uma comunidade sustentável, 100% indígena. Em 1879 a população de Metlakatla era de 1.100 pessoas e possuía uma das maiores igrejas ao norte de São Francisco. Suas ideias independentes começaram a ser mal vistas pela igreja Anglicana, como por exemplo, a criação de uma versão da bíblia na língua Tsimshian. Ele acabou sendo expulso desta igreja e mais tarde criou sua própria chamada Independent Native Church. Em 1887 ele e mais 800 indígenas deixaram a região da Velha Metlakatla e fizeram uma épica jornada de canoa para o Alasca, onde fundaram a Nova Metlakatla.
A maré começa a subir em Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Hoje a vila possui menos de 100 habitantes e, ainda que bem dependente da cidade de Prince Rupert, é um dos mais bem sucedidos exemplos de autogestão e desenvolvimento dentre as nações indígenas canadenses. Nós conhecemos melhor esta história através de Cory, um dos seus integrantes, uma pessoa muito especial, um novo amigo que fizemos na passagem por esta região.
Litoral de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Sua mãe ainda tem as memórias do período de internato e depois de ter passado por um difícil período de adaptação e discriminação em uma escola de ensino médio comum, conseguiu fazer o seu caminho de volta à sua comunidade de origem. Cory foi criado em Metlakatla, estudou, saiu, conheceu o mundo e retornou à sua comunidade com novas ideias e projetos. Segundo ele o Canadá está apenas engatinhando nestas políticas se comparados às comunidades Maoris na Nova Zelândia.
Ponte pênsil na trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
As reservas indígenas possuem uma grande riqueza natural e aos poucos estão desenvolvendo as ferramentas certas para explorá-las da melhor forma possível. A Companhia de Desenvolvimento de Metlakatla é proprietária dos ferries que fazem o transporte da população, possui uma cooperativa de pesca e estuda a exploração comercial seus direitos sobre as terras e ricas águas da região. Dentre os projetos de desenvolvimento turístico da comunidade está a Metlakatla Wilderness Trail, projeto encampado por Cory, onde viemos a nos conhecer.
Caminhando na trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Ponte pênsil para torre de observação na trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
A trilha explora mais de 10km de praias e ilhas entre a floresta úmida da Costa Oeste Canadense, com uma flora e fauna riquíssimas! Um ecossistema totalmente diferente do que nós estamos acostumados no mundo tropical, com imensas coníferas, cedros vermelhos, sitka spruces e hemlok´s que são casa para ursos, lobos, porcos-espinhos, veados, pássaros e diversos animais marinhos.
Crânio de urso em altar improvisado na trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Eestrela-do-mar em terra firme! Esperam pacientemente a volta da água do mar, na maré alta (Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá)
A trilha foi muito bem formatada para todos os tipos de turistas, desde os mais comedidos, que vem nos cruzeiros e querem uma caminhada curta no meio da natureza, até os mais aventureiros. São longos 10km (20km ida e volta), a maior parte dela sobre passarelas de madeira que preservam o frágil solo que dá os nutrientes e a base para o crescimento da floresta. Pontes pênseis atravessam os riachos e uma torre de observação dá uma ótima visão sobre copa das árvores desta densa floresta.
Trilha pela mata de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Fim da trilha nada! É só a metade do caminho, pois ainda tem a volta na trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Nós fomos até o final, é claro e ainda fizemos alguns detours nas penínsulas que se formam na maré baixa, para conhecer melhor as praias deste litoral. Algumas praias de pedra e outras de areia nos mostram peculiaridades da geografia do litoral que sofre influencias dos rios Skeena e Nass, dois grandes rios que fazem destas águas uma das mais ricas em salmão em toda a região.
A maré começa a subir em Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Tivemos muita sorte, pois teoricamente a trilha já estava fechada para a temporada, mas na prática ainda tinha toda a infraestrutura lá! Com os dois últimos dias secos e de sol Cory, acabou abrindo uma exceção e liberou a nossa entrada na trilha. Ele não apenas salvou o nosso dia, como cumpriu com excelência o seu trabalho de embaixador do povo e da cultura Tsimshian.
Máscara Tsimshian no Northern BC Museum, em Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
Prince Rupert que era apenas um porto de acesso às Gwaii Hannas, no nosso caminho para Vancouver, se tornou o nosso destino. Toda a curiosidade que eu havia nutrido pela cultura dos Haidas e pelo Parque Nacional Haida Gwaii, foi substituída por uma grande admiração da mais acessível e interessante nação Tsimshian, que não deixa nada a desejar aos primos distantes que estão na moda. A trilha foi mais do que uma caminhada pela magnífica Pacific Rain Forest, ela foi a porta de entrada para conhecermos uma nova cultura que não pode passar pelos viajantes, despercebida.
Diversão no balanço, quase ao final da trilha de Metlakatla, na área de Prince Rupert, na British Columbia, oeste do Canadá
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