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As paisagens grandiosas da península La Guajira, na Colômbia, no extremo norte da América do Sul
La Guajira, departamento colombiano que faz fronteira com a Venezuela, nunca esteve nos nossos planos de viagem. Passaríamos por ela a caminho de Maracaibo sem nem saber direito o que deixaríamos para traz não fosse uma conversa com os nossos amigos expedicionários suíços Tina e Marcos. Seu primeiro destino na América do Sul seria justamente Punta Gallinas, a ponta mais ao norte da América do Sul, na península de La Guajira. Ficamos curiosos, mas como teríamos pouco tempo não criamos esperanças.
Mapa da península La Guajira, extremo noirte da América do Sul, em agência de viagem em Riochacha, maior cidade da região, na Colômbia
Dias mais tarde, ainda antes de chegarmos à Colômbia continental, encontramos um grupo de mergulhadores na ilha de Providência e dois deles me falaram novamente sobre La Guajira. “Vocês irão passar por lá, tem que fazer um tour para conhecer o povo indígena wayuu e os desertos coloridos de La Guajira!”, ficamos novamente tentados a conhecer, afinal eram mais duas pessoas falando do mesmo lugar. Já em San Andrés, na recepção de um hostal encontramos uma revista cuja a reportagem de capa eram os desertos da península mais ao norte da América do Sul. Era um sinal, impressionante como em uma mesma semana este lugar se tornara um assunto recorrente.
Cruzando o deserto da península de La Guajira, na Colômbia, extremo norte da América do Sul
Assim que tiramos a Fiona do porto de Cartagena fizemos o nosso caminho em direção à Venezuela, paramos em Taganga e Tayrona com uma pressa maior do que a normal, era o nosso inconsciente trabalhando para incluirmos esse destino no roteiro. Retornamos das trilhas no Parque Nacional Tayrona e dirigimos até a cidade de Riohacha, capital de La Guajira.
Praia em Riochacha, cidade na entrada da península de La Guajira, no norte da Colômbia
Todas as informações que tínhamos nos diziam que a península era um lugar inóspito e fácil de se perder. Desertos, lagos de sal e centenas de caminhos que podem te deixar andando em círculos. Além disso esta mesma semana foi encontrado o carro de um casal de expedicionários espanhóis que teriam sido sequestrados na região e ainda não tinham notícias do seu paradeiro. Seria uma grande aventura ir até lá sem um guia, mas nós não tínhamos tempo para nos perder, atolarmos e nos encontrarmos. Decidimos contratar um guia local que além de nos ensinar os caminhos, nos ajudaria a mergulhar na cultura wayuu nestes 2 dias que teríamos por ali.
O belíssimo deserto na parte norte da península de La Guajira, na Colômbia
Os wayuus são 45% da população de todo o departamento e apenas 30% deles fala espanhol. Eles são de origem arawak, o mesmo povo que desceu para popular a Amazônia e que subiu em canoas para colonizar as ilhas do Mar do Caribe. Vivendo em um ambiente árido e hostil eles conseguiram se isolar e resistir à colonização europeia por muito mais tempo que as outras populações indígenas da Colômbia e da Venezuela. Não é à toa que são conhecidos como uma tribo guerreira e arredia aos arijunas, nós brancos, pessoas estranhas e que não conhecem e seguem a cultura wayuu. Seu território não tem limites políticos, ele é mais antigo do que qualquer definição colonial e até hoje os clãs transitam livres entre os países sul-americanos.
O pouco trânsito que encontrávamos nas estradas da península La Guajira, na Colômbia
Os wayuus que vivem à beira do mar tem sua economia baseada na pesca, extração de sal e recentemente do turismo que está começando a descobrir a região. No interior o clima desértico e a falta de chuva tornam difíceis os cultivos, sendo a criação de gado e chivos (cabras), a principal atividade. Quando encontram solo apropriado e água, as culturas mais comuns são o milho, o feijão, a mandioca, o pepino, melão e melancia.
Ovelhas pastam no deserto da península de La Guajira, na Colômbia
Um rancho no deserto da península La Guajira, na Colômbia
Contratamos nosso guia por uma agência local a Wayuu Tours. Claudia e Shirley são wayuus modernas que nasceram e viveram na cidade de Riohacha, mas mantém suas raízes, usando os vestidos tradicionais, passando a língua e os conhecimentos para seus filhos e tratam de ajudar a sua comunidade organizando tours pela península, levando trabalho e fazendo girar a economia na região. Assim além de Alex, ganhamos a companhia também de Edwin, sobrinho de Alex e filho de Shirley, que está aprendendo com o tio os caminhos de La Guajira. Há alguns meses ele guiava um grupo de turistas, perdeu a entrada da estrada para Punta Gallinas e foi parar lá em Nazareth, povoado no outro lado da península.
o Edwin e seu sobrinho Alex, nossos guias na península La Guajira, na Colômbia
“É muito fácil se perder”, diz Alex, que vive há 43 anos na região e conhece a península como a palma de sua mão. “Estes espanhóis devem ter entrado aqui sozinhos e aqueles que vivem nas montanhas os sequestraram”, completa. Ele se referia às montanhas da Sierra Nevada, reduto das FARCs nesta região do país. As FARCs logo negaram a autoria do sequestro e dias mais tarde finalmente os espanhóis fizeram contato com a sua família esclarecendo a questão. Eles teriam sido sequestrados nas proximidades do Tayrona e seu carro abandonado lá no deserto para confundir a investigação.
Um dos muitos pequenos cemitérios espalhados pelo deserto da península La Guajira, na Colômbia
Nós estávamos seguros e tranquilos, saímos de Riohacha com tudo organizado por eles, dormiríamos em chinchorros, redes grandes e de puro algodão feitas pelos wayuus, e provaríamos da culinária regional. Entramos na península pela cidade de Uribia, a capital indígena de La Guajira. Uribia irá receber o encontro de culturas indígenas de vários cantos da América do Sul no final do mês de junho, quando a cidade vira um grande acampamento de várias etnias, idiomas e culturas. Fomos até o centro da cidade apenas para cumprir um pedido da polícia local, que devido aos últimos acontecimentos quer saber quem entra e quem sai da península, com quem estão acompanhados e muito atenciosos deixam até os seus celulares em caso de qualquer emergência.
O trecho asfaltado da longa estrada que nos leva para a península La GUajira, no norte da Colômbia
A estrada de terra que segue ao lado do caminho de trem para o norte da península La Guajira, na Colômbia
Início do labirinto de pequenas estradas que nos leva ao deserto no norte de La Guajira, na Colômbia
O asfalto chega até Uribia e daqui em diante seguimos pouco menos de 30km por estrada de terra paralela à linha férrea que faz o transporte de carvão mineral extraído nas minas de Cerrejón, 150 km ao sul, até o Puerto Bolívar na baía de Portete. Foi lá pelo km 24 que entramos no emaranhado de caminhos de areia, estradas rurais e o grande deserto de La Guajira. O cenário semiárido nos lembra muito o sertão nordestino, mas mais deserto e mais pobre. De tempos em tempos éramos parados por pedágios das famílias que vivem nestas terras. Uma cordinha e uma mulher ou uma criança sentados à beira da estrada. Às vezes duas mulheres e 8 crianças, as meninas sempre vestidas com o vestidinho wayuu e os meninos com a camiseta e um shorts.
Cabo de La Vela, litoral ocidental da península de La Guajira, na Colômbia
Quase todos eles falavam apenas o wayuunaiki, dávamos 100 ou 200 pesos colombianos, Alex trocava cumprimentos e passávamos. A alegria deles com as poucas moedas era clara, estavam vendo que aquela tática funcionava. Alex chegou a dar uma dura em alguns marmanjos preguiçosos, que preferiam ficar ali com uma corda e suas mochilas na sombra ao invés de estudar ou trabalhar. Todos aqui se conhecem, são pouco mais de 26 clãs em toda a Guajira, todos são primos, irmãos ou tios de alguém. Demos a volta na baía de Portete, passando por um terreno enganoso que do alto parecia um deserto seco e firme, mas por baixo era puro sal e lama!
Trilhas de carro cortam o deserto de La Guajira, no extremo norte da Colômbia e da América do Sul
Já quase chegando na Baía Honda eis que vemos um carro que nos parecia familiar, uma Landcruiser marrom parada em um dos “pedágios”. Era Bode, o namorado suíço da Fiona! Marcos e Tina se aventuraram pela península sozinhos, estavam cobertos de lama de atoleiros salgados e rios que tentaram cruzar. Eles entraram na península pelo litoral, passaram por Cabo de La Vela e estavam buscando o caminho para Punta Gallinas.
O incrível reencontro com os suiços Marco e Tina, em pleno deserto da península de La Guajira, no norte da Colômbia
Cruzando o deserto da península La Guajira, na Colômbia
No mesmo dia em que nos separamos na estrada para Taganga Tina teve um acidente, descendo da sua barraca no teto do carro ela caiu e ficou pendurada pelo dedo, preso em um anel no carro. Imaginem o estrago! Depois de uma noite com cuidados do “Dr. Marcos” decidiram procurar ajuda profissional e ela foi ao hospital para um curativo descente. Pobre Tina! Ainda assim, experimentando pela primeira vez os ventos sul americanos, estava estampado em suas caras a alegria de estarem livres por este mundão!
Nossos amigos, Marco e Tina, a bordo do Boudi, na península La Guajira, na Colômbia
Daqui em diante Marcos e Tina nos acompanharam, ganharam tempo e perderam algumas aventuras nessa terra distante. Tudo bem, o plano deles será continuar por pelo menos mais uma semana perdidos por aqui, entre dunas e praias, wayuus e chivos. By the way, o espanhol deles já melhorou muito, pois aqui mal encontram quem fale espanhol, quem dirá inglês! Paramos para almoçar em um lugar que de fora não daríamos nada, mas dentro era uma simpática casa, com sombra e água fresca, um peixe delicioso, arroz e patacones.
A simpática índia gaiju que nos serviu o almoço na durante a jornada pela península La Guajira, na Colômbia
Dirigimos por mais 3 horas passando por paisagens maravilhosas, cemitérios e mais cemitérios e inclusive caixões abertos à beira da estrada! Eu hein!? Vimos coelhos, flamingos, patos rosados e até zorros, as raposinhas do deserto. Passamos pelas dunas, belíssimas e finalmente chegamos à praia de Baía Hondita nos últimos minutos do dia, a tempo de ver o sol se pôr no mar.
As incríveis dunas na parte norte do deserto na península La Guajira, na Colômbia
Encontro do deserto com o mar, no extremo norte da América do Sul, península La Guajira, na Colômbia
Encontro de viajantes, brasileiros e suiços, no extremo norte da América do Sul, península La Guajira, na Colômbia
O sol se põe na praia mais ao norte da América do Sul, na península La Guajira, na Colômbia
Demos um mergulho merecido depois de tanto pó e buraqueira! Enquanto Tina e Marcos montavam seu acampamento e o azul da noite chegava, mais um espetáculo se desenhava à nossa frente, o alinhamento de Júpiter, Marte e Vênus! Aquelas três estrelas mais brilhantes no céu ainda iluminado pelo astro-rei à distância. Incrível!
Um raro alinhamento de Jupiter, Venus e Mercurio nos sauda no extremo norte da América do Sul, a península La Guajira, na Colômbia
Nosso acampamento na Baía Hondita não poderia ser mais confortável. O Rancho de Chander tem uma infraestrutura simples, mas quase luxuosa para os padrões locais. Enquanto o jantar era preparado conhecemos o simpaticíssimo casal italiano Elisiana e Marcos. Eles chegaram aqui de barco, vindos de Riohacha até Cabo de la Vela de carro e daí seguiram por mar, caminho que chegamos a pensar em fazer. As duas horas de lancha com vento contra foram impiedosas e finalmente eles podiam sentar tranquilos e tomar uma polar para relaxar. Polar, sim! Aqui os produtos venezuelanos são mais baratos e fáceis que os colombianos, assim já vamos entrando no clima.
Com o Marco e a Elisiana no rancho em que dormimos, no norte da península de La Guajira, na Colômbia
Com o Marco e a Elisiana no rancho em que dormimos, no norte da península de La Guajira, na Colômbia
O casal que vive em Luxemburgo e trabalha no mercado financeiro aproveitou a oportunidade de viagem para o casamento de um amigo, para conhecer um pouco mais do litoral caribenho da Colômbia. O sangue latino e a alegria contagiante nos fez melhores amigos em poucas horas de conversa. Encontrando nossas afinidades culturais, aproveitamos as férias para lavar a alma das quadradices germânicas ou implicâncias francônicas, dos apaixonados pelo jeitinho latino de ser! Uma lua cheia e muchas polarcitas después, Elisiana e Marcos foram para seu confortável quarto, enquanto eu e o Ro experimentamos os deliciosos e espaçosos chinchorros, nunca dormi tão bem em uma rede na minha vida! Melhor assim, pois a manhã seguinte nos reserva muitas outras aventuras!
A Ana ainda dorme no nosso quarto na península de La Guajira, na Colômbia
Olá Ana, sou designer de acessórios no RJ e estou louca para visitar a tribo dos wayuu e não tenho a menor idéia de como fazer!!!
Tem como me ajudar? É loucura fazer essa viagem sozinha?
bjs e obrigada
Resposta:
Oi Bianca! A melhor forma daqui é voar para Cartagena, Colômbia e de lá um ônibus para Rio Racha. Lá de Rioracha. Você já pode entrar em contato antes com o pessoal da Wayuu Tours (Claudia ou Shirley) e deixar organizado um tour de 3, 4 dias, indo de carro, passeando de barco, etc. É sensacional! Ir sozinha, sozinha é impossível, mas com o guia e quem sabe outros turistas que eles encaixem você é tranquilo. Vai que é lindo
Demais mesmo suas viagens menina, parabens a voces por viverem a vida de verdade! :)
Resposta:
Obrigada Savio! Trabalhamos para isso afinal, aproveitar a vida, não é mesmo?! Bjus!
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