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Mural no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua
Fundada em 1524 por Francisco Herdandez de Córdoba à s margens do Lago de Manágua, foi destruÃda por um terremoto gigante em 1610, causado pelo Vulcão Momotombo. As ruÃnas podem ser visitadas em um day tour. A cidade então foi reconstruÃda perto do povoado indÃgena de Subtiavia, onde está até hoje. Capital da Nicarágua do perÃodo colonial até meados de 1.850 é um dos principais centros culturais e polÃticos da Nicarágua, onde também foi fundada a primeira Universidade nicaragüense, em 1912. A disputa pelo poder entre León e a rica cidade de Granada ficou mais acirrada, terminando em uma guerra civil e à definição de um território neutro, Manágua.
Catedral de León vista do alto do Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua
León é orgulhosa da sua história e participação polÃtica na história do paÃs, conhecidamente de preferências liberais. Um ótimo lugar, portanto para nos inteirarmos da história da sangrenta ditadura Somozista e do nascimento da FSLN na Nicarágua. Começamos o tour pela Praça Central, onde está a Catedral, passamos pelo Museu Heróis e Mártires, onde encontramos fotos de centenas de leonenses que morreram lutando contra a ditarura. O museu é bem caseiro, mas é impressionante ver as fotos de tantos jovens, homens, mulheres e crianças que foram à luta, reclamar os seus direitos como cidadãos e terminaram assassinados.
León, na Nicarágua, uma cidade ao pé de vulcões
No Museu dos Revolucionários, Frank, revolucionário que lutou pela causa durante 19 anos de sua vida, sendo 11 guerrilha e 8 no exército sandinista, nos conta a história de sua luta, mostrando recortes de jornais e murais de fotos espalhados pelas paredes.
O Frank, nosso guia ex-guerrileiro no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua
Anastasio Somoza Garcia (que apelidamos de Somozão), recebia apoio dos EUA, por isso até hoje os partidários do FLSN tem na sua memória um drive anti-americano. Estes o apoiavam com tropas e verbas, recebendo em troca o apoio da Nicarágua nas lutas contra o comunismo na Guatemala e em Cuba. Todo o dinheiro enviado pelos EUA, ao invés de ser investido no paÃs para ajudar os necessitados, era desviado pela famÃlia Somoza e investido na militarização do paÃs. O seu enriquecimento desenfreado e medidas ditatoriais, como alteração da constituição para permanência no poder e repressão à liberdade da população, fez surgir um movimento revolucionário liderado por Augusto Sandino. Em fevereiro de 1934 Somozão mandou matar Sandino, após uma tentativa fake de paz entre os lados, deixando livre seu caminho para mais 20 anos de ditadura.
Mural nas ruas de León, na Nicarágua
A esta altura a corrupção, alteração de constituição e os abusos da famÃlia Somoza já haviam matado milhares de oposicionistas e libertários e já possuÃa terras comparáveis ao território de El Salvador. Enquanto isso a 99% da população era analfabeta e estava morrendo de fome e outras enfermidades. A ditadura perdurou por mais de 40 anos, não sem outras tentativas de libertação, como o episódio estrelado por Rigoberto Lópes Pérez.
Mural de fotos no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua
Somozão foi assassinado em 1956 por Rigoberto, jornalista e poeta que foi extraditado e ficou preso em El Salvador por 4 anos arquitetando o plano de assassinato. Ele não estava ligado a nenhum partido ou organização terrorista, mas sabia que deveria fazer algo para libertar o paÃs deste ditador podre. Quando retornou ao paÃs, colocou o plano em ação. Disfarçou-se de garçom e foi a uma festa em León, onde o Somozão estava presente. Haviam 3 outros camaradas que deveriam ajudá-lo apagando a luz para que atirasse e saÃsse ileso. No Museu dos Revolucionários estava presente um deles, que diz aos companheiros que teria apagado a luz, porém, corre à boca pequena, que por medo eles não a apagaram e Rigoberto deu os tiros à s claras, sendo alvejado por mais de 50 balas na mesma hora. Somozão foi levado direto para um hospital militar no Panamá, porém não sobreviveu, já que duas balas que o acertaram próximo da virilha, estavam envenenadas.
León, na Nicarágua, uma cidade ao pé de vulcões
Após sua morte, assumiu então o seu filho mais velho, Luis Somoza que ficou no poder por pouco mais de uma década e morreu vÃtima de um ataque cardÃaco. Assim, em 1967 assumiu seu irmão mais novo, um dos piores e mais sanguinários da trupe, Anastasio Somoza Debayle.
Conversando com o ex-guerrilheiro Frank no telhado no Museu dos Revolucionários, em León, na Nicarágua
Em 1961, Carlos Fonseca Amador foi o grande lÃder revolucionário, que apoiado pelos ideais do grande mestre e mentor Augusto Sandino, e pelo Colonel Santos Lopez, que lutou ao lado de Sandino, liderou a criação de uma forte oposição à Ditadura Somoza, conhecida como FSLN, Força Sandinista de Libertação Nacional. Após o terremoto de 1972 ter devastado Manágua e o desvio deliberado de milhões de dólares recebidos pela Nicarágua de ajuda internacional para os desabrigados e famintos a oposição cresceu, toda a população indignada deu apoio à FSLN e à Unión Demotrática de Liberación, liberada por Chamorro. Fonseca foi assassinado em1976 e dois anos depois Chamorro, levando a uma greve geral, seguida por alianças entre as diversas facções oposicionistas. Tentativas de negociações de paz falharam, até que FSLN tomou o Palácio Nacional. A resposta de Somoza foi ainda pior, matando milhares, bombardeando as cidades tomadas pelos sandinistas. Foi em 19 de julho de 1979, logo após Anastácio Somoza renunciar à presidência e fugir do paÃs, que a FSLN tomou o poder, marchando vitoriosa na cidade de Manágua.
RuÃnas de igreja em León, na Nicarágua
Uma verdadeira história de guerra e destruição, luta por ideais libertários contra uma das piores ditaduras no continente americano. Estima-se que mais de 50 mil pessoas morreram durante este processo, torturadas e assassinadas pelas forças somozistas. Frank nos mostra suas cicatrizes de guerra, seu orgulho de ter participado da história do paÃs e sua luta contÃnua por manter viva a memória de seus companheiros que morreram pela libertação nicaragüense. Gosta do atual presidente Ortega, que fez parte da junta de governantes formada por moderados e FLSN em 1980 para governar o paÃs. Confessa porém que Daniel esqueceu de seus companheiros de luta, que hoje sobrevivem sem pensão após terem doado suas vidas ao partido e ao paÃs. Uma aula de história, dada por quem viveu cada um de seus capÃtulos e que guarda em seu corpo e sua memória marcas de um tempo que, se Deus quiser, não mais voltará.
A bela cidade de León vista do alto do Museu dos Revolucionários, na Nicarágua
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