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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuÃna é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
Deixamos hoje São Thomé. Inicialmente, nossa idéia era ir para Airuoca e Vale do Matutu. Já faz uns 15 anos que quero ir para lá. Mas acabamos nos enrolando em São Thomé, para variar, e decidimos mudar o trajeto: primeiro Caxambu e depois Airuoca.
A enrolação em São Thomé foi porque acordamos tarde. Na noite anterior, na nossa perambulação pela night thomesina, a Ana pode colocar em prática seu curso de primeiros socorros. Uma garota desmaiou e ela liderou os esforços para socorrê-la. Como eu sempre soube: estou em boas mãos!
SaÃmos de São Thomé em direção à CruzÃlia, no sul. São 24 km de dura estrada de terra. Não melhorou nada desde que passei por essa mesma estrada há 21 anos, de Monza, já de noite e após longa viagem desde o EspÃrito Santo com o Haroldo. Lembro que não chegava nunca, um inferno. Hoje fizemos o mesmo trecho de dia, no conforto da Fiona.
A beleza da paisagem campestre embalou minha viagem pelo passado. Primeiro este mais recente, de duas décadas atrás. Depois um pouco mais distante, na primeira metade do séc.XIX. Naquela época quase todas estas terras estavam nas mãos da famÃlia Junqueira, então na sua segunda e terceira gerações no paÃs. Toda a área entre CruzÃlia, São Thomé e Carrancas. Já pensou? Todas essas cachoeiras da minha famÃlia?
O primeiro Junqueira no paÃs, João Francisco, fez fortuna na mineração e aplicou seu dinheiro em terras da região. A segunda geração multiplicou essa fortuna e posse de terras. Naquela época, a distribuição de sesmarias entre os mais abonados e empreendedores era prática comum. O maior expoente da segunda geração foi o Barão de Alfenas, inimigo polÃtico de D. Pedro I e amigo pessoal de D. Pedro II. São Thomé ficava em suas terras. Foi ele que terminou a construção da igreja matriz da cidade, iniciada por seu pai.
Mas o fato histórico que mais ocupou a minha mente foi o fatÃdico episódio conhecido como Levante da Bella Cruz. Os Junqueiras, como grandes proprietários de terras também eram proprietários de grande quantidade de escravos. E na fazenda Bella Cruz, exatamente 50 anos antes da abolição da escravidão, em 13 de Maio de 1833, os escravos se revoltaram e trucidaram vários Junqueiras, entre homens, mulheres, velhos e crianças. A idéia era matar todos e qualquer branco em que eles pusessem as mãos. Matavam a porretadas, golpes de foice e facão. Vários foram mortos em seus quartos, último refúgio antes de serem capturados. Foi a maior revolta de escravos em tempos imperiais no sul do Brasil.
A repressão ao movimento foi rápida. Todos os lÃderes que foram capturados ainda vivos foram enforcados. De qualquer maneira, foi um episódio que marcou a história da famÃlia e mesmo do paÃs daqueles tempos. Hoje, 177 anos após este fato, passando pelas terras aonde isto aconteceu, não pude deixar de ficar pensando, tentando imaginar aquelas tensas horas da revolta, desde o momento em que o primeiro Junqueira foi arrancado de seu cavalo, enquanto supervisionava os trabalhos na lavoura até o momento em que os escravos arrebentaram a machadadas a porta do quarto em que o último homem da casa havia se refugiado com as mulheres e crianças da casa.
Politicamente, deixo aqui minhas homenagens aos escravos, que lutavam da maneira que podiam para voltar a ser livres e também aos membros da famÃlia, que ajudavam a desbravar as terras ainda virgens dessa região do paÃs.
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