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Karina (27/09)
Olá, também estou buscando o contato do barqueiro Tatu para uma viagem ...
ozcarfranco (30/08)
hola estimado, muy lindas fotos de sus recuerdos de viaje. yo como muchos...
Flávia (14/07)
Você conseguiu entrar na Guiana? Onde continua essa história?...
Martha Aulete (27/06)
Precisamos disso: belezas! Cultura genuína é de que se precisa. Não d...
Caio Monticelli (11/06)
Ótimo texto! Nos permite uma visão um pouco mais panorâmica a respeito...
A praia central e super urbanizada de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
As primeiras vezes em que estive em Balneário Camboriú foram ainda no início da minha vida universitária, bem no começo da década de 90. Quase 25 anos atrás! Usávamos a cidade como nosso “campo base” para curtir a Oktoberfest na vizinha Blumenau. Eram tempos mais “românticos” da agora tradicional festa de inspiração alemã. Nós alugávamos uma casa em Camboriú e viajávamos todas as noites para Blumenau. De ônibus, claro! Afinal, nenhum de nós estaria em condições de voltar dirigindo na madrugada seguinte. Enfim, nosso tempo na própria Balneário Camboriú era mais usado para dormir do que para qualquer outra coisa. Acordávamos no início da tarde e para fazer o cérebro começar a funcionar, íamos todos para algum bar na avenida litorânea. Algumas caipirinhas e algumas belas loiras caminhando na calçada e já estávamos prontos para mais uma noitada em Blumenau. Bons tempos de estudante. Tenho certeza que hoje, duas décadas mais tarde, meu frágil corpo já não aguentaria esse ritmo. Mas naquela época...
Nossa rota entre Bombinhas e Balneário Camboriú, passando pela rota Interpraias, muito mais bela que a BR-101
Mapa das praias de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina
Enfim, entre as lembranças meio difusas pelo efeito do tempo e do álcool, lembro-me de já ficar impressionado com o porte da cidade. Uma verdadeira parede de edifícios em frente à praia. Durante a infância, minha referência de praia sempre foi Pitangueiras, no Guarujá. Era a praia preferida da minha família mineira nas férias de verão. Então, cresci achando que aquela “configuração” era o padrão, uma orla com calçadão e uma selva de pedra logo adiante. Achava o normal e achava lindo, pois sempre adorei o mar. Eis que, agora já estudante universitário, me deparo com Camboriú. Era a “Pitangueiras” do sul, a praia da minha infância. Só corroborava aquela tese de que aquilo, a fileira de edifícios, era o “normal”. Mas essa também foi a época em que comecei a mochilar pelas praias do Nordeste e frequentar as lindas praias do litoral norte paulista. Não demorou muito para que meu padrão de beleza e normalidade sobre praias mudasse. Praias urbanas desceram lá para o fim da fila enquanto praias selvagens com natureza abundante viraram o meu sonho. Pitangueiras e Camboriú sumiram (ou “foram sumidas”) dos meus roteiros de férias. Quando finalmente vim morar em Curitiba, dez anos atrás, e o litoral de Santa Catarina virou meu quintal encantado, tornei-me frequentador assíduo de praias de Bombinhas, Florianópolis e Garopaba. Balneário Camboriú, só via da janela do meu carro passando rapidamente pela estrada rumo ao sul. A selva de prédios no horizonte só me fazia pensar: “Ali é onde NÃO quero estar!”.
Região do Estaleirinho, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina. Ao fundo, a cidade de Itapema
Região do Estaleirinho, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Balneário Camboriú é o segundo menor município do estado (maior apenas do que Bombinhas), mas é o 11º mais populoso, com 125 mil habitantes. Tanta gente em um lugar tão pequeno, sua densidade populacional é a maior de Santa Catarina. Mas a quantidade de arranha-céus que vemos da estrada pode acomodar quase dez vezes mais gente do que a população oficial da cidade. A razão disso é simples: no verão, a população de Balneário Camboriú pode superar um milhão de habitantes! A grande maioria dos donos de apartamentos na cidade não é daqui, mas de Curitiba, Florianópolis, Joinville, Blumenau, São Paulo, Buenos Aires e muitas outras cidades. A cidade tem uma densidade de prédios comparável com o centro de grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Na praia central da cidade, onde estão quase todos esses edifícios, a sombra toma conta da areia já no meio da tarde, pois o sol se esconde atrás de prédios cada vez mais altos.
Restaurante flutuante na região do Estaleirinho, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Praia do Estaleirinho, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
A história dessa metrópole litorânea é bem interessante. Pouca gente sabe, além dos moradores locais e dos frequentadores habituais, que há duas cidades por aqui: Balneário Camboriú e a própria Camboriú. Grosso modo, para quem viaja para o sul pela rodovia BR-101, Balneário Camboriú fica à nossa esquerda, entre a estrada e o mar, enquanto Camboriú fica à nossa direita, em direção ao interior do estado. As duas formam uma mesma mancha urbana, entrelaçadas e praticamente indistinguíveis. Não foi sempre assim, como se pode intuir. No início, Balneário Camboriú não passava de um distrito, um balneário de Camboriú, literalmente!
Visita à praia do Estaleiro, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Praia do Estaleiro, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Voltando um pouco mais ao passado, era tudo parte de Itajaí, a importante cidade portuária um pouco mais ao norte. Foi só em 1884 que Camboriú foi elevada à cidade e se desmembrou. A economia da cidade girava em torno da exploração do mármore e as atividades ligadas ao mar e à orla, como o turismo, quase inexistiam. Foi apenas na década de 50 que imigrantes alemães do Vale do Itajaí começaram a frequentar a praia local, Até então, banho de mar era considerado apenas uma atividade para fins medicinais. Mas ao perceber o quanto se divertiam aqueles alemães no mar, a população local logo aderiu à nova moda. O setor imobiliário em frente à praia se desenvolveu rapidamente, assim como o turismo, inicialmente com pessoas do próprio estado e, mais tarde, vindas de cada vez mais longe. O polo de riqueza da cidade migrou do centro para a praia. Era praticamente uma cidade nova que nascia. Uma década mais tarde, em 1964, após muitas discussões, esse bairro novo se desmembrou de sua cidade mãe. Bom para Balneário, que passou a comandar suas próprias riquezas, péssimo para Camboriú, que perdeu sua galinha dos ovos de ouro. Balneário prosperou e Camboriú mergulhou na pobreza e anonimato.
Uma atenta coruja nos observa na praia do Estaleiro, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Passando por uma das mais famosas praias de naturismo do Brasil, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
A ironia da história é que, mais recentemente, a cidade-filha, mesmo que involuntariamente, veio em socorro da cidade mãe. Balneário Camboriú é uma das campeãs nacionais de qualidade de vida. Mas a explosão imobiliária acabou por esgotar o próprio território e passou a invadir os bairros da cidade vizinha, a cidade-mãe. Dinheiro começou a ser investido na economia de Camboriú na construção imobiliária, dando novo impulso à combalida economia da cidade. A população de Camboriú, estável desde a emancipação de Balneário, começou a crescer exponencialmente na última década, muitos imigrantes atraídos pelo aumento da oferta de trabalho. Já na própria Balneário, o setor imobiliário continua a se movimentar. Por exemplo, aí estão os quatro edifícios mais altos do Brasil, recentemente inaugurados ou para serem concluídos nos próximos anos. A garota-propaganda de um deles é ninguém menos que a Sharon Stone. Como diriam os americanos: “Big money!”.
A bela praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Na região da praia das Laranjeiras, observando o centro de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Bem, essa é a Balneário Camboriú que não me atrai. Mas, eis que um pouco antes de iniciarmos os nossos 1000dias, descobrimos uma outra Balneário Camboriú que é muito mais a nossa cara. Pois é, a cidade não se restringe a esta ultra-mega-urbanizada praia. Há outras mais adiante, que ainda conservam o charme e beleza originais Praias onde rígidas leis ambientais impedem a construção de bairros e edifícios. São praias que, estando lá, jamais imaginaríamos estar na cidade com maior densidade de grandes edifícios do Brasil. A maioria delas está ao longo de uma pequena estrada que liga Balneário à vizinha Itapema, mais ao sul. Para aqueles que seguem a toda velocidade pela BR-101, como eu fiz tantas vezes na minha vida, não dá para imaginar esses pequenos tesouros escondidos atrás do morro e da densa vegetação. Entre elas, inclusive, uma das mais famosas praias de naturismo do país.
O teleférico que liga o centro de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina, com a praia de Laranjeiras, no chamado parque iUnipraias
Vino do sul, chegando ao centro de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Então, agora já conhecedores dessas praias, não podíamos deixar Balneário Camboriú de fora do roteiro dos 1000dias. Vindos do sul, lá de Bombinhas, logo que passamos por Itapema, antes de entrar no enorme túnel que já nos leva diretamente para Camboriú, saímos da sempre movimentada BR-101 e tomamos a pequena rodovia Interpraias. A partir daí, o sossego toma conta e uma série de pequenas praias surge no horizonte, depois de cada curva, de cada morro. Estaleiro e Estaleirinho, Taquaras e Taquarinhas, Laranjeiras, são todas nomes de praias e colírios para os nossos olhos, sem esquecer a mais exclusiva delas, a Praia do Pinho. Fomos parando em cada uma delas, tirando nossas fotos e escolhendo um lugar agradável para comer. Depois, bem devagarinho, curva após curva, acabamos chegando no monstro urbano da praia central. Mesmo daqui, também guardo boas lembranças. Afinal, nessa praia são disputadas várias provas esportivas, inclusive os duatlos aquáticos que sempre adorei participar. Ao dirigir ou caminhar ao lado da ciclo-faixa na avenida litorânea, é só disso que me lembrava.
Na avenida litorânea de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina, tem até ciclovia
Bob Marley, presente nas praias de todo o mundo, incluindo Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Passada a praia central, seguindo para o norte, chegamos à Praia dos Amores, separada por um rio da famosa Praia Brava. Na primeira década desse milênio, era na Brava que aconteciam as melhores baladas da região (para os frequentadores, as melhores baladas do mundo!). Alguns bares-restaurantes em frente à praia montaram lounges com música eletrônica que atraiam a mais bela juventude que se possa imaginar. Sou testemunha disso. Era algo de se cair o queixo, literalmente. Mas, numa vitória admirável, ecologistas conseguiram proibir o funcionamento desses bares, pois a belíssima Praia Brava estava se deteriorando com esse movimento. Hoje, ele voltou à paz original, sem as moças bonitas, mas com a natureza voltando a ter ares de intacta.
O rio que separa a Praia Brava da praia dos Amores, em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Um surfista solitário observa o mar da praia dps Amores. No fundo, os prédios de Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
Pois bem, nós fomos até a praia Brava para matar as saudades daquelas baladas áureas e voltamos para a praia dos Amores. Apesar de haver apenas um pequeno rio entre elas, é preciso dar uma enorme volta de carro para transitar de uma praia à outra. A praia Brava ainda é bem desurbanizada, mas a praia dos Amores é um bairro bem agradável, apenas casas, pousadas e uma movimentada cena noturna. Aí encontramos um local para dormir, a dois quarteirões da praia e outros dois ou três do centrinho. De noite, nos divertimos bastante em um dos bares do bairro. De novo, pelo menos para aqueles que têm apenas a imagem da verticalidade da praia central, é difícil conceber que estamos mesmo em Balneário Camboriú. Mas estamos! Mais uma prova que a cidade é muito mais do que aqueles prédios cada vez mais altos que vemos das janelas de nossos carros ao trafegar pela BR-101.
O chamado "Canto do Morcego", no final da praia Brava, entre Itajaí e Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina
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