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Lagoa formada por um rio temporário ao lado do Saco de Lã, na região de Cabaceiras - PB
Lajes de pedra com imensos matacões esculpidos pelo vento e pela chuva compõem a paisagem da região de Cabaceiras e Boa Vista. A caatinga aqui parece mais seca, mais rala, logo nosso guia, Paulo, nos explicou a razão. No início da década de 70 desmataram toda a região para introduzir uma árvore do deserto chileno, além de crescer rapidamente ela possui madeira forte e fica verde o ano todo. Acreditava-se que esta só vingaria se não tivesse outras espécies nativas ao redor, por isso o desmatamento era obrigatório para o governo ceder a liberação para importação da planta. Esta é uma vegetação que demora para se recompor, mas hoje já foi comprovado na prática que era uma grande bobagem. A árvore chilena se adaptou muito bem ao sertão brasileiro e ficou bem entrosada com as espécies nativas.
Caatinga seca na região de Cabaceiras - PB
Matacões são estas rochas arredondadas de origem vulcânica, também podem ser chamadas de boulders ou tors. Formações geológicas muito curiosas, são compostas de granito (feldspato, mica e quartzo) e xenólitos, rochas mais densas com mais de 1,2 milhões de anos, consideradas as mais antigas rochas do Brasil. Durante os milhões de anos as várias camadas de rocha foram sofrendo o fenômeno conhecido como “acebolamento”, pelos efeitos de pressão, aquecimento e esfriamento da rocha, quebrando suas camadas vertical e horizontalmente. Os primeiros blocos remanescentes são quadrados e aos poucos os ventos e a chuva vão abaulando e deixando as pedras neste formato arredondado.
Lajedo Manoel de Souza, na região de Cabaceiras - PB
O local conhecido como Saco de Lã ajuda bem a entender este fenômeno geológico, pois uma grande rocha foi partida em várias partes, ainda mais retangulares, que lembram sacos de lã sobrepostos. Reparem a pedra mais alta, ela, mais exposta ao sol e vento, já começa a ficar mais arredondada.
Saco de Lã, na região de Cabaceiras - PB
Toda esta beleza não chamou a atenção apenas de nós, homens modernos, chamou também a atenção de homens pré-históricos que deixaram aqui, impressas nestes matacões, parte de sua história e sua vida gravadas. Pinturas rupestres da tradição agreste são encontradas nos paredões do Lajedo do Manuel de Souza.
Matacão em forma de capacete no Lajedo Manoel de Souza, na região de Cabaceiras - PB
Pinturas rupestres no Lajedo Manoel de Souza, na região de Cabaceiras - PB
Parte desta aula de geologia nos foi dada por Djair, paraibano de 26 anos que estudou 2 anos de arqueologia e voltou para Boa Vista, para cumprir o que acredita ser a sua missão: preservar o Lajedo do Sítio Bravo. Nascido e criado na região do Cariri Paraibano, aos 12 anos ele conheceu o geólogo e empresário apaixonado pela natureza Eduardo Bagnoli. Eduardo estava explorando a região, quando pediu ao Djair que o levasse conhecer as pedras e lajedos da região. Daí nasceu uma grande amizade que apresentou um novo mundo ao jovem Djair, o mundo da geologia, arqueologia, geografia e história. Curioso e um grande entusiasta, Djair possui o projeto de construção de um museu, para exposição das peças já encontradas por ele na região. São mais de mil peças entre ferramentas pré-históricas, ossadas de animais da mega-fauna e cemitérios indígenas pré-históricos.
Pequena amostra de instrumentos pré-históricos coletados pelo Djair na região de Cabaceiras - PB
Dentro de sua propriedade, refizemos o caminho que acreditam ser um caminho sagrado para estes povos antigos. Pedras polidas marcam os locais importantes de rituais, sejam elas painéis de pinturas da tradição Itacoatiara, como um caminho de mais de 800m polidos à mão interligando os locais de cerimoniais. Segundo estudos e testes realizados, este polimento não poderia ter sido feito pela erosão natural, o que pode colocar abaixo a teoria da sociedade igualitária nos povos pré-históricos brasileiros.
Matacão, parte polido parte não polido, no Lajedo Sítio Bravo, região de Cabaceiras - PB
Os rituais realizados buscavam locais não apenas com uma energia especial, mas também apropriados em relação ao tema. Pedras que remetem a órgãos sexuais, marcam o local onde ocorriam os rituais de acasalamento. A furna circundada por três animais esculpidos na rocha, marcam o local onde eram feitas oferendas aos deuses da natureza, para melhor caça, chuva, etc. Há também uma teoria de que estes rituais poderiam ser antropofágicos, onde os homens mais fortes e sábios eram sacrificados aos Deuses e seu conhecimento adquirido por seus pares através de sua carne.
Pedra em formato do órgão genital feminino no Lajedo Sítio Bravo, na região de Cabaceiras - PB
Ao entrar nesta furna, um tipo de caverna ou toca que recebe claridade exterior, Djair tem seu próprio ritual para pedir autorização aos bons espíritos que os guardam. Esfrega alecrim do campo para liberar o aroma, protegendo o local e os visitantes que o acompanham. Logo ao fundo das mesas de cerimoniais que até hoje estão lá preservadas, fica um portal natural para o cemitério indígena. As ossadas ali encontradas são de homens fortes, daí o embasamento da tese acima descrita. Todo este tesouro arqueológico ainda está lá, aguardando verba para pesquisa e estrutura correta para escavação.
Mesa cerimonial (sacrifícios humanos?) em toca no Lajedo Sítio Bravo, na região de Cabaceiras - PB
Djair já conseguiu amarrar diversas parcerias para a realização deste projeto, dentre elas o apoio da FUNDHAM, Fundação do Homem Americano. Ele viajou de bicicleta mais de 8 dias para chegar à Serra da Capivara e, sem hora marcada, conseguir apresentar seus slides para a arqueóloga Niede Guidon. Apaixonado, engajado em pesquisar, organizar, aprender e ensinar, Djair dá aulas de inglês gratuitas para as crianças da comunidade e ofereceu dar aulas de educação ambiental na escola em Boa Vista, estas, porém foram negadas. Compra briga com os caçadores para proteger as emas, teiús, etc, é ameaçado pelos seus opositores e tido como maluco pelos mais amigos.
Atravessando um "jardim de cactus" no Lajedo Sítio Bravo, na região de Cabaceiras - PB
A empolgação com as explicações foi tanta que acabamos deixando a Laje do Pai Mateus para amanhã e vimos o pôr-do-sol do alto da mineradora. Além do cenário magnífico recebemos de quebra uma aula sobre o bentonita, cinza vulcânica acumulada há milhões de anos e hoje é utilizada como um tipo de isolante térmico, resultando em mais de 100 sub-produtos. Um dia intenso em que ganhamos uma aula de geologia e história no sertão.
Entrevistando o Djair no Lajedo Sítio Bravo, na região de Cabaceiras - PB
Pigmento usado em pinturas rupestres, na região de Cabaceiras - PB
Acredito sim que cada um tem a sua missão, então que seja feita com amor e vontade. É emocionante e entusiasmante passar uma tarde com este rapaz, tão sabido e tão escolado. Meu voto e torcida é que Djair seja a Niede Guidón do Cariri Paraibano, que guardadas as proporções, já é a história que ele está construindo. Espero apenas que não demore a ter o reconhecimento e apoio para seu projeto, pois queremos ainda estar aqui para ver!
Pequena amostra de instrumentos pré-históricos coletados pelo Djair na região de Cabaceiras - PB
MASSA DEMAIS, TAMBÉM VISITEI ESSE LUGAR MARAVILHOSO!!!
Resposta:
E verdade! Já estamos com saudades do sertão!
muito bom adorei continuem assim fazendoo mais descobertas pelo mundo .
Resposta:
Obrigada Isa, seguimos juntas! Bem vinda ao blog! Abs!
NESTE SÁBADO 24/09, A EQUIPE DO PROGRAMA CÂMERA ABERTA, ESTARÁ GRAVANDO UMA REPORTAGEM NO LAJEDO DO BRAVO.O PROGRAMA CAMERA ABERTA, É EXIBIDO PELA TV ITARARÉ DE CAMPINA GRANDE, TODAS AS QUARTAS E SEXTAS, ÀS 13:30H, SEMPRE DESTACANDO AS BELEZAS NATURAIS DA PARAÍBA.
Resposta:
Opa, nos manda o link, vale a pena assistir!!! O Lajedo Bravo é um lugar mto especial nesse sertãozão maravilhoso. Beijos!
essa regiao é realmente surpreendente.
Resposta:
Surpreendente é a palavra, Paulo! No meio do sertão um lugar como este é realmente mágico. Bjs!
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