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Muito barro no caminho à Mompós, na Colômbia
Saímos de Bucaramanga cedo, já que a previsão de todos os locais é que levaríamos pelo menos 8 horas até Mompós. Nós, sempre que estudamos os mapas aqui na Colômbia temos previsões mais otimistas, afinal 100 km podem ser feitos em 1 hora, 1 hora e meia, certo? Errado! Esta conta não se aplica para as estradas colombianas e muito menos para as equatorianas. Um terreno muito montanhoso, muitas curvas, subidas e descidas, muitas tracto-mulas (caminhões) e obras nas estradas. O caminho de hoje ainda tem um “porém”, vamos cruzar a região do afamado Rio Magdalena.
Cruzando de balsa um dos braços do Rio Magdalena, no caminho à Mompós, na Colômbia
Um dos rios mais importantes da Colômbia, longo e caudaloso. A Cordilheira dos Antes se divide em três no território colombiano, formando a cordilheira ocidental, central e oriental. Este rio nasce no sul, cruza todo o país entre as cordilheiras central e ocidental, e chega aqui mais possante, formando uma imensa planície alagada. O vimos lá em San Agustín, onde o rio passava por um estreito de apenas 2,20m e agora ele é quase como o Rio Amazonas no Brasil. Para ajudar, estamos no inverno, portanto as chuvas aumentam o nível das águas, que fecham estradas, levam embora as pontes e complicam bastante a comunicação viária da região.
Visita ao "Estrecho", ponto onde o leito dopoderoso rio Magdalena se estreita a apenas dois metros! (em San Agustín, na Colômbia)
Nossa viagem começou tranquila, conseguimos cruzar um trecho que todos diziam que levaria 6 horas em apenas 4. Porém quando chegamos na entrada para El Banco, a novela começou. A via estava fechada, nos avisou o frentista do posto, “vocês devem seguir mais 140km até Cuatro Vientos e de lá seguir em direção à El Banco. Aumentamos o nosso itinerário em mais de 170km, pois a volta por lá era muito maior. Chegamos a pensar em desistir, vendo a costa cada vez mais próxima nas placas. NÃO, temos que conhecer Mompós!
Revoada de garças vista do ferry sobre o Rio Magdalena, em Mompós - Colômbia
Eu vi pelo GPS que havia um caminho por uma cidadezinha chamada Astrea, era uma estrada secundária (terciária na verdade), mas parecia mais seco, mais distante de áreas alagadas. Perguntamos em um posto e um cara meio sem noção nos assegurou que o caminho via El Banco era melhor, quase todo asfaltado. Lá fomos nós... Seguimos por asfalto até El Banco e chegando lá descobrimos que a via estava fechada, é claro! O rio subiu, é só olhar o mapa que fica fácil imaginar. A estrada ainda deixava passar moto, mas carro estava impossível, nos assegurou um banqueño. Voltamos até o Km 22, onde deveria haver um desvio por uma vila chamada El Guamo. Perguntamos ao senhor da vila e ele nos esclareceu: “Não é exatamente uma estrada, é uma trilha de lama com muitas partes alagadas.”
Exibir mapa ampliado
Seguimos para Astrea, a nossa última alternativa. Chegamos na cidade já começava a escurecer. Decidimos parar por ali e descansar em um dos poucos hotéis da cidade. O dia de hoje já tinha nos mostrado que a aventura estava apenas começando. Gonçalves nos recebeu de braços abertos. Hotel simples, sem ar condicionado e com banho de balde. Comemos um pollo com papas na nova lanchonete da cidade e sentamos no boteco em frente ao hotel para tomar uma Aguilita. Aqui as cervejas grandes tem 330ml e a pequena tem uns 200ml, tamanho que aqui faz sentido, pois não dá tempo de esquentar! Poucos minutos depois, Gonçalves chegou para nos fazer companhia e nos contou algumas histórias da sua vida, como da vez que foi ameaçado de morte pelos narco-traficantes por não pagar a “proteção” à sua pizzaria. Teve ainda a história de sua ex-mulher, que depois de sumida por 5 anos, levou as crianças para passear e nunca mais voltou. É, e nós que pensamos que estamos vivendo uma aventura...
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