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Barbicha e Macarrão

Antártida, Elephant Island

Um pinguim chinstrap em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Um pinguim chinstrap em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


O animal símbolo das regiões polares do sul do planeta é, sem dúvida nenhuma, o pinguim. Na verdade, o nome “pinguim” não se refere apenas a uma espécie de ave, mas a toda uma família cujo nome científico é “Spheniscidae”. Essa família de nome tão pomposo se subdivide em seis gêneros e mais de vinte espécies, todas elas de pinguins. É só estamos falando das espécies que ainda vivem nos dias de hoje. Se considerarmos as espécies e gêneros já extintos, aí esses números aumentam muito.

Pinguins gentoo em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Pinguins gentoo em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Um encontro entre um pinguim gentoo e um chinstrap, em Elephant Island, na Antártida (foto de Steve Denver)

Um encontro entre um pinguim gentoo e um chinstrap, em Elephant Island, na Antártida (foto de Steve Denver)


Pois bem, até agora, nas nossas andanças pelas Malvinas e Geórgia do Sul, já tínhamos visto quatro espécies de pinguins: os pinguins-de-magalhães e os rockhoppers, ainda nas Falkland, e os pinguins rei e gentoo, principalmente na Geórgia do Sul. Vimos centenas de milhares deles, principalmente da espécie rei (King, em inglês), bem vistosos com suas manchas amarelas no peito e no rosto. Certamente, estão entre os mais belos de toda a família, mas depois de visitar duas mega-colônias com mais de 100 mil casais em cada uma delas, já estávamos meio enjoados, querendo conhecer outros membros da simpática família.

Um pinguim de barbicha (chinstrap penguin) em Elephant Island, na Antártida

Um pinguim de barbicha (chinstrap penguin) em Elephant Island, na Antártida


Pinguins de barbicha (chinstrap penguins) caminham nas rochas de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Pinguins de barbicha (chinstrap penguins) caminham nas rochas de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Pois bem, esse momento chegou, agora que estamos bem mais perto da Antártida. Por aqui o clima é frio demais até mesmo para esses tipos de pinguim e a natureza tratou de “criar” outras espécies para ocupar um ecossistema com condições mais severas. Em Elephant Island, espremida entre geleiras, montanhas nevadas e icebergs, até chegamos a ver alguns poucos pinguins gentoo, mas a grande maioria deles era mesmo de duas outras espécies, ainda desconhecidas para nós: os pinguins chinstrap (“pinguim-de-barbicha”, em português) e os pinguins macaroni (que em italiano quer dizer macarrão!).

Centenas de chinstrap penguins (pinguins-de-barbicha) na costa gelada de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Centenas de chinstrap penguins (pinguins-de-barbicha) na costa gelada de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


Centenas e centenas de pinguins sobre as encostas mais baixas de Point Wild, em Elephant island, na Antártida

Centenas e centenas de pinguins sobre as encostas mais baixas de Point Wild, em Elephant island, na Antártida


Os mais comuns por aqui são mesmo os pinguins-de-barbicha. E não é para menos! Na verdade, essa é uma das espécies mais numerosas em todo o mundo e cientistas calculam sua população em mais de 15 milhões de indivíduos. O nome vem de uma estreita faixa (“strap”, em inglês) preta que esse pinguim tem sob o queixo (“chin”, em inglês) que lembra uma barbicha.

Centenas de pinguins chinstrap se aglomeram em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Centenas de pinguins chinstrap se aglomeram em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


pinguins da espécie chinstrap são os mais comuns em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

pinguins da espécie chinstrap são os mais comuns em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Eles são consideravelmente menores que seus primos gentoo e king, medindo menos de 70 cm e pesando cerca de 6 quilos. Nem por isso são menos valentes, sendo considerados, na verdade, os mais agressivos entre os pinguins. Uma espécie de “baixinho invocado”. Talvez porque aqui tem de enfrentar um dos mais temíveis predadores, a foca leopardo. Não que essa valentia valha alguma coisa contra um predador tão formidável. Além delas, os chinstraps também têm de estar atentos às orcas e lobos marinhos. Em terra, adultos, não têm de se preocupar, embora ovos e crianças sejam alvo de aves de rapina como as skuas.

Pinguins de barbicha (chinstrap penguins) caminham nas rochas de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Pinguins de barbicha (chinstrap penguins) caminham nas rochas de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


pinguins da espécie chinstrap são os mais comuns em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

pinguins da espécie chinstrap são os mais comuns em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Esses pequenos pinguins chegam a nadar 80 km por dia para buscar alimento, principalmente o krill e pequenos peixes. Adoram se congregar em grandes icebergs, mas na época da reprodução, precisam mesmo de terra firme, onde montam seus pequenos ninhos. Uma característica da espécie é colocar dois ovos por temporada, com uma boa chance que ambos choquem e virem filhotes saudáveis. Pais e mães se revezam para chocar o ovo, alimentar e proteger o filhote, pelo menos até o ponto quando ele possa começar a frequentar as chamadas “creches”.

Chinstrap penguin (pinguim de barbicha) em Elephant Island, na Antártida

Chinstrap penguin (pinguim de barbicha) em Elephant Island, na Antártida


Pinguins escalam uma encosta inclinada de gelo em Elephant Island, na Antártida (foto de France Dionne)

Pinguins escalam uma encosta inclinada de gelo em Elephant Island, na Antártida (foto de France Dionne)


São pouco mais de 35 dias para chocar os ovos e depois, outros 30 para que o filhote seja grande o suficiente para seguir para as creches. Depois disso, passará mais um mês para que o filhote troque suas penas e seja capaz de enfrentar o frio das águas polares. Só então ele será capaz de procurar seu próprio alimento, terminando então a responsabilidade dos pais. Ao longo de seus 20 anos de vida em média, os pinguins terão bastante tempo para se reproduzir, fugir dos predadores e curtir ao máximo a paisagem grandiosa que os cerca. Aliás, vimos alguns deles olhando para o infinito em aparente estado de veneração!

Um pinguim solitário parece observara beleza gelada que o rodeia em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Um pinguim solitário parece observara beleza gelada que o rodeia em Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


Um pinguim solitário observa o mar agitado ao redor de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Um pinguim solitário observa o mar agitado ao redor de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


A outra espécie tem esse nome engraçado, “macaroni”. Como todos sabem, macaroni é o prato típico da Itália. Nos séculos XVIII e XIX, “macaroni” também virou uma gíria na Inglaterra. Era usada para descrever pessoas que se vestiam de maneira espalhafatosa. Para os ingleses, esse era um comportamento típico dos italianos, vestir-se com roupas bem coloridas e que chamassem a atenção. E italianos, para eles, eram os “macaroni”, por causa da comida. Quase como o nosso “perua” de hoje, ou o “peru emplumado”.

Um macaroni penguin e sua característica testa amarela, em Cape Lookout, Elephant Island, na Antártida (foto de John Pairaudeau)

Um macaroni penguin e sua característica testa amarela, em Cape Lookout, Elephant Island, na Antártida (foto de John Pairaudeau)


Um vistoso macaroni penguin em Elephant Island, na Antártida

Um vistoso macaroni penguin em Elephant Island, na Antártida


Então, quando os primeiros marinheiros ingleses chegaram a estas bandas, não demoraram a apelidar esse pinguim com penas amarelas na testa de “macaroni”. O nome ficou e passou a designar a espécie! E não é uma espécie qualquer, não! Ela sim é a mais numerosa do planeta com cerca de 20 milhões de indivíduos. Infelizmente, esse número já foi bem maior duas décadas atrás o que indica que a espécie está passando por uma crise. Mesmo assim, continua sendo a espécie de ave que mais consome vida marinha do mundo.

Centenas de pinguins chinstrap na paisagem rochosa de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Centenas de pinguins chinstrap na paisagem rochosa de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Um grupo de pinguins macaroni em Cape Lookout, Elephant Island, na Antártida (foto de John Pairaudeau)

Um grupo de pinguins macaroni em Cape Lookout, Elephant Island, na Antártida (foto de John Pairaudeau)


Os macaroni também são excelentes nadadores e passam meses a fio no mar, quando não estão em época de reprodução. Chegam a nadar mais de 10 mil quilômetros nesse período, através dos oceanos Atlântico e Índico. Depois, voltam para as colônias onde nasceram e quase sempre buscam o mesmo parceiro da temporada anterior.

Pinguins, lobos e elefantes marinhos e blocos de gelo dividem o espaço de uma pequena praia rochosa em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Pinguins, lobos e elefantes marinhos e blocos de gelo dividem o espaço de uma pequena praia rochosa em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Centenas de pinguins nas encostas de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Centenas de pinguins nas encostas de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Depois do acasalamento também virão dois ovos. O primeiro, menor, é apenas para esquentar as turbinas da fêmea. Depois, quando vier um ovo maior, o primeiro ovo quase sempre é descartado. As cinco semanas que se seguem para chocar o ovo são divididos em 3 períodos iguais de 12 dias. No primeiro, pai e mãe se dividem no trabalho de chocar o ovo. No segundo, o pai volta para o mar para se alimentar e a mãe fica sozinha. No terceiro, a situação se inverte, a mãe no mar e o pai no ninho. Por fim, quando nasce o filhote, é o pai que vai protegê-lo nas primeiras semanas, até que ele esteja grande o suficiente para seguir para a creche.

Pinguins chinstrap se equilibram em rochedo de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Pinguins chinstrap se equilibram em rochedo de Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida


Pinguins sobem encosta em meio à vastidão gelada de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida

Pinguins sobem encosta em meio à vastidão gelada de Point Wild, em Elephant Island, na Antártida


Bom, e assim vamos completando nossas figurinhas no álbum de pinguins. O prêmio máximo seria ver um pinguim imperador, mas infelizmente é muito raro avistá-lo em viagens como a nossa. Eles ficam ainda mais ao sul e suas colônias se localizam muitos quilômetros continente adentro. Mas temos também o nosso álbum de focas para completar e hoje vimos a estrela desse álbum, a foca leopardo. Outro álbum, outro post, hehehe...

Aproximando-se dos simpáticos pinguins chinstrap, em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Aproximando-se dos simpáticos pinguins chinstrap, em Cape Lookout, em Elephant Island, na Antártida

Antártida, Elephant Island, Bichos, Pinguim

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O cenário grandioso de Elephant Island, na Antártida (foto de Steve Denver)
A Ana e a Kim fantasiadas de sereias na festa da fantasia a bordo do Sea Spirit, a caminho da Antártida
Um belo iceberg proveniente das gigantescas plataformas de gelo da Antártida cruza nosso caminho na entrada do Drygalski Fjord, na Geórgia do Sul
Com os pinguins rei de Gold Harbour, na Geórgia do Sul, ainda com as vestimentas do caiaque
Filhotes de elefantes-marinhos brincam na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Elefante-marinho se ergue sobre rival na praia de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Nosso grupo reunido posa para fotos na cinematográfica baía de Gold Harbour, na Geórgia do Sul
Admirando a fantástica St Andrews Bay, na Geórgia do Sul, a maior colônia de pinguins rei do mundo
Felizes da vida com o dia de sol e a beleza da paisagem a caminho de St Andrews Bay, na Geórgia do Sul
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