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Blog da Ana - 1000 dias

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Pit Stop em Curitiba

Brasil, Paraná, Curitiba

Última vista do Farol numa linda manhã

Última vista do Farol numa linda manhã



Hoje retornamos da Ilha do Mel, novamente com aquela mesma sensação de quando saímos de Superagui e Barra do Ararapira... sabendo que não voltaremos lá em pelo menos 1000dias! É um sentimento que certamente iremos nos acostumar: chegar a novos lugares maravilhosos, fazer novos amigos e nos despedirmos sempre. Nos despedimos do Zeco e da Uana na Grajagan, do André da Mar&Sol que pegou a mesma barca que nós e também da Lúcia do estacionamento que sempre paramos. Santa Lúcia que nos salvou, pois o Rodrigo esqueceu o computador dele lá e ela veio atrás de nós de carro para devolver. Ufa...

Em Curitiba já tínhamos diversos afazeres, detalhes que surgiram na última hora, conferência da mala para Miami, almoço de despedida com o Pai e ainda uma última reunião sobre o site, que ainda está atrasado... Infelizmente o site é o que mais nos preocupa, mesmo tendo começado o processo de criação e produção do site com bastante antecedência, não conseguimos ainda colocá-lo em pleno funcionamento. Enquanto isso, preparamos todo o conteúdo para atualizar o site assim que entrar no ar.

No final do dia, fizemos um lanche “brasileiro” rapidinho, preparado pela Dra Patrícia, minha mãe. Impressionante como ela sempre cuida de tudo nos mínimos detalhes. Requeijão Poços de Caldas para o genro querido, torta de frango que eu adoooro e ainda docinhos brasileiros, goiabada, queijadinha, suco de manga... delícia! Além do lanche a mãe também se prontificou a nos levar para o aeroporto e, se não fosse a sua pilotagem ávida e um tanto quanto agressiva, teríamos perdido o vôo, estresse total! Uma vez no vôo para SP, tudo estava sob controle, logo depois embarcamos para Miami. Um vôo de 7 horas pela frente, das quais não dormiremos praticamente nada, que beleza! Não vejo a hora de chegar logo, encontrar os amigos Marcelo e Su que irão nos hospedar e depois Juliane e David, my brand new brother in law.

Indo embora da Ilha do Mel

Indo embora da Ilha do Mel

Na barca, voltando da Ilha

Na barca, voltando da Ilha

Na barca, com o amigo André

Na barca, com o amigo André

Brasil, Paraná, Curitiba,

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Austin, Texas!

Estados Unidos, Texas, Fredericksburg, Austin

O capitólio estadual, maior que o federal, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

O capitólio estadual, maior que o federal, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Texas, um dos estados mais conservadores e republicanos dos Estados Unidos, conhecido por suas grandes pradarias, megafazendas, boa carne, cowboys, botas, chapéus e fivelas. A verdadeira terra de Malboro onde os mexicanos abriram as portas e levaram uma puxada de tapete histórica, perdendo espaço para os gringos que, aliados aos indígenas, fizeram uma guerra para tornar o território mexicano, “o mais americano” de todos eles.

Quadro representando a famosa batalha do Alamo, no prédio do capitólio, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Quadro representando a famosa batalha do Alamo, no prédio do capitólio, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Não é curioso que justamente os defensores do porte de arma, nacionalistas aguerridos e caçadores de troféus tenham, no coração do seu estado, uma das capitais mais independentes, modernas, tecnológicas e progressistas do país? Pois é, estes americanos não cansam de nos surpreender.

Do alto do capitólio, a visão da cidade de Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Do alto do capitólio, a visão da cidade de Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Quem faz Austin uma ilha independente, eclética e liberal são as pessoas que escolheram viver ali. Estudantes, músicos, geeks que ao invés do Silicone Valley, vem direto para as Silicone Hills, junto com as empresas de tecnologia como Google, Facebook, Apple, Cisco, Ebay/Paypal, Intel, AMD, Samsung, Oracle, HP e tantas outras que empregam milhares de graduados das turmas de engenharia e ciência da computação da University of Texas em Austin.

Interior do prédio do capitólio, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Interior do prédio do capitólio, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


A cena musical a rendeu o apelido “The Live Music Capital of the World”, devido ao grande número de bares com música ao vivo e músicos que vivem por aqui. Não vale a pena comparar e discutir se ela realmente é a capital, pois não sei se já notaram, mas aqui nos Estados Unidos tudo é “o maior, o melhor, e a capital do mundo”. Fato é que a cidade abriga grandes festivais como o Austin City Limits Music Festival, 3 dias que reúnem 150 apresentações e mais de 225 mil pessoas no Zilker Park, além do Austin Reggae Festival ou Marleyfest (Abril) e até um Carnaval Brasileiro! Aqui são lançadas novas bandas, gravadoras descobrem novos talentos e, com o potencial de consumo do país, é aonde tudo acontece. É, eles tem motivos para se sentirem “a capital mundial da música”.

A bela Hamilton Pool, uma piscina natural entre um grande rochedo, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos

A bela Hamilton Pool, uma piscina natural entre um grande rochedo, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos


Recentemente os austinites adotaram um slogan extraoficial “Keep Austin Weird”, quase como um movimento cultural local que tem orgulho do seu ecletismo, liberalidade e independência não apenas em relação ao Texas, mas ao mundo. Somos assim, podemos ser “weird”, mas e daí?

Camiseta vendida em Austin, no Texas, nos Estados Unidos

Camiseta vendida em Austin, no Texas, nos Estados Unidos


Os restaurantes locais são os melhores, os pequenos bares, os negócios alternativos e lojas que ainda não foram dominadas pelas grandes corporações americanas. Uma cidade onde podemos encontrar uma alma americana, orgulhosa das suas raízes locais. Los Angeles, San Francisco, Nova Iorque possuem esta alma, mas grande parte do que as ajudou a construí-la foram os milhares de imigrantes que fazem parte do consciente coletivo da cidade. Aqui encontramos sim alguns mexicanos, mas a maior parte de quem forma esta identidade e suas esquisitices são os próprios americanos. Genial!

O famoso Whole Foods Market nasceu em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

O famoso Whole Foods Market nasceu em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Nós chegamos à Austin depois de uma rápida passagem por Fredericksburg, uma pequena cidade de colonização alemã, onde almoçamos em uma padaria deliciosa e o Rodrigo finalmente fez a barba e cortou a imensa cabeleira. Já estava na hora!

A influência alemã continua forte em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos

A influência alemã continua forte em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos


Pronto para fazer barba e cabelo em barbearia tradicional de Fredericksburg, no Texas, nos Estados Unidos

Pronto para fazer barba e cabelo em barbearia tradicional de Fredericksburg, no Texas, nos Estados Unidos


Enquanto ele cortava o cabelo, eu na sala de espera, fiquei estupefata com as manifestações de apoio à posse de armas espalhadas pela parede. Parede de caçadores, com certeza, mas com a história do tiroteio na escola em Connecticut ainda quente, foi o que precisou para sentir que realmente estava no Texas.

Luta contra o controle de armas em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos

Luta contra o controle de armas em Fredericksburg, cidade de origem germânica no Texas, nos Estados Unidos


Algumas horas depois nós chegamos em Austin e eu já sabia sobre essa fama alternativa da cidade. Estava ansiosa para chegar lá e finalmente encontrar a nossa amiga virtual, Lu Misura, uma blogueira brasileira que vive em Austin.Inclusive, boa parte do nosso roteiro foi feito com base nas suas dicas do seu blog Colagem.

Com a Lu Misura, visitando a Hamilton Pool, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos

Com a Lu Misura, visitando a Hamilton Pool, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos


A Lu nos guiou no nosso primeiro dia na cidade e arredores. As boas vindas não poderiam ter sido melhores, um almoço no Salt Lick Texan BBQ, um autêntico churrasco texano! Perfeito para nos alinharmos, colocarmos o papo em dia e conhecermos um pouco mais da cultura do lugar contada por quem a vivencia todos os dias.

O famoso molho para barbecue feito na própria salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos

O famoso molho para barbecue feito na própria salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos


Um legítimo e suculento Bar-b-que americano, na Salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos

Um legítimo e suculento Bar-b-que americano, na Salt Lick, em Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos


Durante a tarde fomos conhecer a Hamilton Pool, um dos famosos swim holes da região, uma cachoeira belíssima a uns 30 minutos de Austin. Nesta época o clima ainda está meio frio para nadar, mas durante o verão eles se tornam os refúgios para os texanos que vivem na região.

A bela Hamilton Pool, uma piscina natural entre um grande rochedo, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos

A bela Hamilton Pool, uma piscina natural entre um grande rochedo, perto de Austin, capital do Texas, nos Estados Unidos


Nosso segundo dia na cidade foi fazendo o roteiro básico.Começamos pelo Zilker Park, principal parque da cidade, que além de campos, parquinhos e áreas de piquenique, tem uma nascente de água onde o pessoal costuma se refrescar nos dias quentes. É neste parque que rola o festival de música da cidade e outros eventos culturais.

Passeando no Zilker Park, o parque mais conhecido de Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Passeando no Zilker Park, o parque mais conhecido de Austin, no Texas. nos Estados Unidos


A segunda parada foi na Flagship Store do Whole Foods, a loja número 1 da rede americana de varejo com foco em alimentos naturais, sustentabilidade e viabilidade social e ambiental.

Uma das diretrizes do Whole Foods, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Uma das diretrizes do Whole Foods, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Os produtos são maravilhosos, a loja é toda intercalada por restaurantes com diferentes temáticas, cafés, almoços rápidos, buffet de saladas, queijos e vinhos, enfim, um balcão para cada gosto ao lado das gôndolas do supermercado. A loja cria um conceito e um ambiente perfeito para a interação do consumidor com os produtos e a experiência de compra se torna muito mais prazerosa. Um sonho para o consumidor consciente e preocupado com sustentabilidade.

Alimentos orgânicos no Whole Foods de Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Alimentos orgânicos no Whole Foods de Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Fazendo compras no Whole Foods original, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Fazendo compras no Whole Foods original, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


A terceira parada foi no Capitólio do Texas, um imenso edifício onde está centrado o poder do segundo maior estado americano. Um lugar bacana para entender como se passou a história da um estado que já foi nação e sua posterior anexação ao território americano. O Rodrigo, meu marido historiador, conta parte desta história neste post aqui.

Interior do prédio do capitólio, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Interior do prédio do capitólio, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Salão histórico do capitólio do Texas, em Austin, nos Estados Unidos

Salão histórico do capitólio do Texas, em Austin, nos Estados Unidos


Ainda demos uma passada rápida na REI, loja de equipamentos esportivos e de aventura, único lugar onde eu me torno consumista. A noite resolvemos matar as saudades de casa e fomos em um dos restaurantes indicados pela Lu Misura, a Churrascaria Estância.

A equipe da churrascaria Estancia, que nos recebeu tão bem na cidade de Austin, no Texas. nos Estados Unidos

A equipe da churrascaria Estancia, que nos recebeu tão bem na cidade de Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Uma autêntica churrascaria brasileira, com direito ao buffet completo de saladas e queijos, espeto corrido com picanha, linguiça toscana, filet mignon e todos os melhores cortes brazucas, além da banana frita, farofa, pão de queijo e caipirinha! Ai que saudades da comida de casa... O dono é catarinense e viveu vários anos no Rio Grande do Sul, parte do staff era formado por brasileiros, assim que não poderíamos estar nos sentindo mais em casa! Ao final, tão emocionados com a nossa viagem quanto nós com a qualidade da comida, da carne e do atendimento, que acabamos sendo convidados pela equipe! Muito obrigada pessoal! Vocês foram incríveis!

Maravilhoso jantar na churrascaria brasileira Estancia, servidos também por equipe brasileira, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Maravilhoso jantar na churrascaria brasileira Estancia, servidos também por equipe brasileira, em Austin, no Texas. nos Estados Unidos



Austin by Night

Não poderíamos partir sem conhecer a noite de Austin, afinal queríamos ver aonde se escondia toda a esquisitice e criatividade da cidade. Fomos à famosa 6th Street. Onde se concentram os bares mais movimentados do centro, mas aquele clima de bares americanos, rock, grandes televisões com futebol americano, basquete ou baseball e um bando de cabeludos mal ajeitados para fora. Não era bem o que eu tinha em mente.

Um dos famosos carrinhos de lanche de Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Um dos famosos carrinhos de lanche de Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Caminhamos um pouco mais e chegamos à 4th Street, uma banda dos anos 80 tocava um Boggie Woogie em um Irish Pub, que não importa onde você esteja no mundo, é sempre o mais animado. Foi quando encontramos um cara descolado parado em uma esquina. Ele tinha um bike-táxi, transporte que leva os baladeiros de bar em bar. Ele viu que estávamos em busca de algo diferente, sentiu o nosso clima e nos indicou o novo point das baladas aqui em Austin.

Não é muito longe do centro, mas como já era na direção do nosso hotel, pegamos a Fiona e fomos de carro para lá, quase na beira do rio, entre a Rainey St. e a River St. Deixamos o carro estacionado no hotel, o Holliday Inn Town Lake e caminhamos duas quadras até o local do burburinho.

Encontro com um gaúcho e sua esposa americana em Austin, no Texas. nos Estados Unidos

Encontro com um gaúcho e sua esposa americana em Austin, no Texas. nos Estados Unidos


Há alguns anos este canto do centro de Austin estava praticamente abandonado, casas de madeira super charmosas, mas antigas, precisando de reformas. Um bar veio, logo surgiu outro e mais outro e hoje são mais de 15 bares espalhados por 2 ou 3 quadras, um ao lado do outro, todos com um clima de festa universitária, uma área aberta com mesas coletivas, bares completos, drinks, cervejas e cada um com um estilo de música, jogos e decoração. Há o que faça a linha mais TexMex, outro "cultzinho" como um café e livros, outros com banda ao vivo e pista de dança. Nós ficamos algumas horas bar hopping, pulando de bar em bar, e passamos pelo Icelandic, Ilegal Bar, com drinks de mezcal, Bar 69 e outros. Muitas músicas boas, público jovem e bonito, alto astral, basta escolher o seu estilo e entrar. Se isso é manter Austin Weird, eu estou dentro!

Estados Unidos, Texas, Fredericksburg, Austin, Capital, Hamilton Pool, Metropole, Texas BBQ

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Cânion Colca

Peru, Arequipa

Linda paisagem marcada por terraços para cultivo nas montanhas, no vale do rio Colca, região de Arequipa - Peru

Linda paisagem marcada por terraços para cultivo nas montanhas, no vale do rio Colca, região de Arequipa - Peru


O Cânion Colca é o segundo mais profundo do mundo, com 3.269m de profundidade, contando do pico nevado mais alto até o leito do Rio Colca, em suas águas verdes esmeralda. O primeiro é seu vizinho Cotahuasi com 3.501m. São diversas vilas localizadas ao longo do cânion, pequenas comunidades de cholas e “cholos” que vivem do pastoreio e plantio de diversas culturas e que recentemente vem experimentando o boom do turismo na região.

Venda de roupas típicas no ponto mais alto da estrada que leva ao Canyon Colca, a mais de 4.800 metros de altitude, (região de Arequipa, no Peru)

Venda de roupas típicas no ponto mais alto da estrada que leva ao Canyon Colca, a mais de 4.800 metros de altitude, (região de Arequipa, no Peru)


Eu já havia estado aqui há 6 anos, em um tour que saiu de Arequipa, passou uma noite em um bom hotel no vilarejo de Yanque (o melhor de toda a viagem pobrete) e retornou. Impossível chegar aqui e não lembrar dos banhos termais, das lindas paisagens e principalmente do episódio mais tragicômico da viagem. Meu amigo e companheiro de viagem cometeu o deslize de comer uma salada em um restaurante aqui, parecia limpo, mas o problema não é a higiene e sim o saneamento básico. A água com que se lavam os alimentos estava contaminada e ele pegou uma infecção alimentar das bravas. O cara passou mal a noite toda, coitado, nem foi até o cânion ver os condores no dia seguinte. Estava decidido a ficar aqui depois de ter escrito praticamente um testamento enquanto estive fora do hotel. Não retornar com a excursão à Arequipa, não era uma opção... eu também não estava das melhores, mas definitivamente não o deixaria ali e tampouco ficaria sem ter como retornar no dia seguinte. Peguei ele pela mão e, junto com a nossa guia, fomos ao hospital, onde foi medicado e tomou uma injeção que mais parecia com uma rolha, para que sobrevivesse as últimas 4 horas sem um banheiro. Rsrsrs! Coitado!!! Olhando do futuro é engraçadíssimo, mas ele realmente passou por maus bocados. Tenho até hoje o testamento guardado, um dia ainda irá render boas risadas. Saudades Luiz!

O ponto mais alto da estrada que leva ao Canyon Colca, a mais de 4.800 metros de altitude, é marcado por centenas de apachetas, ou totens de pedra (região de Arequipa, no Peru)

O ponto mais alto da estrada que leva ao Canyon Colca, a mais de 4.800 metros de altitude, é marcado por centenas de apachetas, ou totens de pedra (região de Arequipa, no Peru)


Voltando ao presente. Chegamos no cânion pela cidade de Chivay, com maior infra-estrutura e principal porta de entrada para a região. Ali além de pagarmos a entrada recebemos um mapa turístico que nos deixou com o coração na mão... São tantas atrações, mirantes, trekkings, raftings, banhos termais e restaurantes gostosos que seriam necessários pelo menos 3 dias para explorar bem a região. Entretanto, nessa corrida para conhecer todo um continente em 1000dias, tivemos que optar apenas por revisitar o ponto mais conhecido de todo o cânion, o Mirante da Cruz del Condor. São 30km de Chivay até o mirante, a estrada é fabulosa e super cênica.

Linda paisagem marcada por terraços para cultivo nas montanhas, no vale do rio Colca, região de Arequipa - Peru

Linda paisagem marcada por terraços para cultivo nas montanhas, no vale do rio Colca, região de Arequipa - Peru


Picos nevados, paredes imensas de pedra e um vale fértil verde todo cultivado em degraus inacreditavelmente construídos nos morros escarpados. A ocupação dessa região se deu nos tempos pré-incaicos, provavelmente pelos Waris (quéchuas) e Collagues (aymaras) e a ordem franciscana construiu a primeira capela em 1565. Plantações de cevada, milho, quinoa colorem os terraços plantados, enquanto cholas pastoreiam suas ovelhas e llamas pelas estradas que cortam o vale.

Chola caminha em estrada próxima ao Canyon Colca, região de Arequipa, no Peru

Chola caminha em estrada próxima ao Canyon Colca, região de Arequipa, no Peru


Na Cruz del Condor fomos agraciados com a visita de um casal de condores andinos, uma das maior aves do mundo chegando a 3m de envergadura. Elas são vistas facilmente pela manhã, logo cedo, mas não negaram o espetáculo para os que chegaram mais tarde.

Um condor plana sobre os abismos do Canyon Colca, região de Arequipa, no Peru

Um condor plana sobre os abismos do Canyon Colca, região de Arequipa, no Peru


A sorte não foi só termos visto os condores como também termos fugido das multidões matinais vindas com os tours, lotando o mirante. Estávamos apenas nós, um casal de alemães e um tour que estava a a caminho de Cabanaconde.

Um condor plana sobre os abismos do Canyon Colca, região de Arequipa, no Peru

Um condor plana sobre os abismos do Canyon Colca, região de Arequipa, no Peru


Aqui neste ponto o cânion possui 1200m de profundidade e já fica difícil enxergar o fundo, mas os trekkings até as margens do Rio Colca ficam mais encorajados depois de sabermos que lá existem pequenos oásis com águas termais maravilhosas.

Visitando o incrível Canyon Colca, na região de Arequipa - Peru

Visitando o incrível Canyon Colca, na região de Arequipa - Peru


Este é o trekking de Cabanaconde, 30 minutos para descer e 2h para subir! Rsrsrs! Sem tempo, decidimos conhecer as águas termais de Yanque, que nos foi indicada pelos guias locais. “A maioria dos gringos vai às termas de Chivay, que possuem uma estrutura maior, os locais gostam mesmo é de Yanque.”, nos confirmou o guia. Tocamos para lá! Piscinas gostosas, roçadores, chuveiros, cervejinha para vender na porta e o principal, pouquíssimos turistas. Várias famílias locais, crianças brincando e o mais bacana, uma senhorinha chola que veio banhar-se com suas netas. Elas falavam o tempo todo em quéchua, mas pelo que pude perceber era a primeira vez que a senhorinha entrava naquela piscina. Com seu maiô, tranças e pele clarinha, ela estava maravilhada.

Piscina de águas termais em Yanque, no vale do Colca, região de Arequipa - Peru

Piscina de águas termais em Yanque, no vale do Colca, região de Arequipa - Peru


Já estava anoitecendo quando pegamos a estrada à Arequipa. Cai o sol e q temperatura despenca imediatamente. Chegamos em Arequipa a tempo de jantar em um restaurante gostoso ao lado do nosso hotel. Mais um dia longo e intenso no calendário dos 1000dias, e que venham os próximos!

Por-do-sol a mais de 4 mil metros de altura, na região do Canyon Colca, no sul do Peru

Por-do-sol a mais de 4 mil metros de altura, na região do Canyon Colca, no sul do Peru

Peru, Arequipa, Cânion Colca, Chivay, condores, Yanque

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12km e Bonete!

Brasil, São Paulo, Ilha Bela

A trilha do Bonete já estava nos nossos planos há muito tempo. A Praia do Bonete só pode ser acessada de barco ou através de uma trilha que tem em torno de 12km. Esta trilha um dia foi uma estrada, que chegava até a Praia de Indaiatuba. Em 1982-83 foi construída a SP e desde então nunca teve nenhum tipo de manutenção. Alguns são a favor de reformá-la, principalmente as pessoas mais idosas da comunidade, que dependem de atendimento médico no centro da Ilha ou ainda em São Sebastião. Esta é uma discussão imensa, pois a estrada fica dentro do Parque Estadual de Ilha Bela, que visa a preservação de uma floresta que faz parte dos 3% da mata atlântica restante no Estado de SP.

Cachoeira da Laje na Trilha do Bonete em Ilha Bela - SP

Cachoeira da Laje na Trilha do Bonete em Ilha Bela - SP


É por esta estrada que caminhamos, mesmo muito erodida para os carros, para nós caminhantes, ela é uma avenida, não uma reles trilha. São em torno de 4 horas de caminhada, toda ela é feita na sombra e muito integrada à natureza. Economizamos quase 3km parando na Ponta do Sepituba, no estacionamento do Seu Zé, no final da estrada de terra e depois de 40 minutos já chegamos em uma das paradas estratégicas, a Cachoeira da Lage, para um bom banho de cachoeira. No caminho encontramos um grupo da Polícia Ambiental que estava a caminho do Bonete para o feriado. Além de reforçar o policiamento eles também fazem um trabalho junto à comunidade, que neste final de semana estaria em festa pela padroeira da cidade, a Santa Verônica.

Cachoeira da Laje na Trilha do Bonete em Ilha Bela - SP

Cachoeira da Laje na Trilha do Bonete em Ilha Bela - SP


Mais 1h20 e chegamos até o Rio Areado, o segundo ponto estratégico para um lanche, um bom alongamento e um banho refrescante no poço do areado. Dali, levamos mais 1h para chegar até o Bonete.

Poço no Rio Areado na Trilha do Bonete em Ilha Bela - SP

Poço no Rio Areado na Trilha do Bonete em Ilha Bela - SP


No caminho, repentinamente, ficamos sem a sombra da mata e temos a vista maravilhosa da praia, depois de tanto andar parece até que estamos delirando, com uma praia paradisíaca, de água azul-esverdeada, com um rio transparente desembocando no mar.

Chegando na Praia do Bonete após 12 km de trilha em Ilha Bela - SP

Chegando na Praia do Bonete após 12 km de trilha em Ilha Bela - SP


Lá vivem os boneiteiros, como são chamados os caiçaras do Bonete. Uma comunidade de 250 pessoas, alguns destes apaixonados pelo surf que se mudaram para lá em busca de paz e boas ondas. Algo difícil de imaginarmos, pois quando chegamos o mar parecia um espelho!

Chegando na Praia do Bonete após 12 km de trilha em Ilha Bela - SP

Chegando na Praia do Bonete após 12 km de trilha em Ilha Bela - SP


Eles vivem isolado de tudo e todos, sem luz elétrica, o que dá um ar ainda mais romântico para o local.

Aviso para a comunidade do Bonete em Ilha Bela - SP

Aviso para a comunidade do Bonete em Ilha Bela - SP


Uma comunidade muito unida para defender os seus interesses, mas que possuem também suas divergências sobre o posicionamento que devem adotar. Alguns defendem a estrada-parque que está sendo estudada pela administração do Parque Estadual, para dar mais mobilidade aos moradores, acesso a hospitais, etc. Outros defendem que o eco-turismo, atualmente, é uma das principais atividades do Bonete e por isso não poderiam abrir a estrada novamente, pois deixariam passar por ela todos os males da civilização moderna. Quando chove a trilha fica impraticável e ao mesmo tempo o mar fica muito perigoso para acesso de barco. Enfim, eles vivem praticamente ilhados em uma ilha, na minha opinião é o que faz do Bonete um lugar tão especial.

Brasil, São Paulo, Ilha Bela, Praia, trilha

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St Vincent and the Granadines

São Vicente E Granadinas, Kingstown, Bequia, Union Island

Pier avança sobre o lindo mar de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

Pier avança sobre o lindo mar de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


São Vincente e Granadinas é um dos arquipélagos mais famosos entre os velejadores do Mar do Caribe, chegando aqui logo entendemos o porquê. Além das águas turquesas, praias de areia branca e sol inesgotável, aqui eles encontram os cenários e as condições perfeitas para viajar. Um conjunto de pequenas ilhas paradisíacas formam as Granadinas, irmãs menores de St. Vincent, todas com baias protegidas e perfeitas para os barcos aportarem. O arquipélago é o penúltimo país ao sul deste arco vulcânico ao sul do Caribe e por isso o ponto de partida, ou chegada, para muitos velejadores.

Mapa estilizado de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Mapa estilizado de São Vicente e Granadinas, no Caribe


A capital de St Vincent é a cidade de Kingston, não confundir com a capital homônima da Jamaica. Kingston é apenas um porto de passagem para a maioria dos viajantes como nós, que chegamos de avião vindos de Santa Lúcia e tivemos não mais de 15 minutos até a estação de ferry. Pelo menos escolhemos uma estrada cênica, o caminho longo e mais bonito, para chegar até lá! Se tiver tempo ouvimos dizer que vale a pena o trekking do Soufrière Volcano, em torno de 6 horas de caminhada.

Deixando para trás Kingstown, a capital de São Vicente, no Caribe

Deixando para trás Kingstown, a capital de São Vicente, no Caribe


Terminal de ferries da capital de São Vicente, no Caribe

Terminal de ferries da capital de São Vicente, no Caribe


Uma hora de viagem e vamos direto para uma das Granadinas, Bequia (pronuncia-se “békway” ou “bécuei” na escrita abrasileirada). Casa de aproximadamente 5 mil vicentinos é uma ilha de 18km2 e super tranquila, um lugar perfeito para relaxar e descansar.

Visão de Port Elizabeth, capital da ilha de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

Visão de Port Elizabeth, capital da ilha de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


Caminhando para o hotel pela orla de Port Elizabeth, a capital da ilha de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

Caminhando para o hotel pela orla de Port Elizabeth, a capital da ilha de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


Foi o que fizemos, passamos dois dias em um hotel na beira da baia em Port Elizabeth. Foi construída uma calçada entre a baia e a cidade, um promenade super gostoso para uma caminhada de final de tarde.

Jogando Bets em praia de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

Jogando Bets em praia de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


Calçada ao lado do mar em Port Elizabeth, em Bequia, ilha de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Calçada ao lado do mar em Port Elizabeth, em Bequia, ilha de São Vicente e Granadinas, no Caribe


As praias de Princess Margaret e Lower Bay são as mais bonitas e ficam a 20 minutos de caminhada dali ou 5 minutos de boat-táxi. Quase todos os hotéis tem um píer e podem ajudar a encontrar um barco ou te indicarão o ponto mais próximo.

Turistas pegam 'táxi' em Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

Turistas pegam "táxi" em Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


Nós fomos caminhando pela estrada no primeiro dia e no segundo decidimos ir nadando, fazendo snorkel e um bom exercício! Quem estiver mais disposto para explorar, alugar um carro ou pagar um táxi para fazer o tour ao redor da ilha, passando por praias e mirantes, também é uma opção.

A maré forma pequenas piscinas em praia de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

A maré forma pequenas piscinas em praia de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


Caminhando por praia na ilha de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe

Caminhando por praia na ilha de Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe


Nesse nosso ritmo frenético, pulando de ilha em ilha, Bequia foi o lugar perfeito para tirarmos esses dois dias de descanso antes de seguirmos viagem.

Esperando a vida passar... (em Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe)

Esperando a vida passar... (em Bequia, em São Vicente e Granadinas, no sul do Caribe)


No terceiro dia pela manhã pegamos o ferry e seguimos para Union Island, com paradas nas ilhas de Mustique, Canouan, Mayreau, a menor das ilhas com apenas 2,4 km2 e 254 habitantes.

Passando por uma das muitas ilhas de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Passando por uma das muitas ilhas de São Vicente e Granadinas, no Caribe


Vários pedaços de paraíso perdidos no meio do Caribe. O último trecho da viagem eu ganhei a permissão do capitão para viajar no alto do ferry, com uma vista linda das ilhas, cabelos ao vento e um sorriso de orelha a orelha! Pena que a câmera não consegue captar todas essas emoções.

Navegando entre as ilhas Granadinas, em São Vicente e Granadinas, no Caribe

Navegando entre as ilhas Granadinas, em São Vicente e Granadinas, no Caribe


Cabibe de comando do fast ferry em São Vicente e Granadinas, no Caribe

Cabibe de comando do fast ferry em São Vicente e Granadinas, no Caribe


Quando chegamos em Mayreau eu pensei que já era Union Island e quase desci do ferry. Um senhor com quem confirmei a parada me disse, “quando você chegar em Union você saberá, é diferente.”

Bob Marley, sempre presente! (em Union Island, sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe)

Bob Marley, sempre presente! (em Union Island, sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe)


Chegamos à Union Island, 2 mil habitantes e não mais que 5km comprimento por 2,5km de de largura. Crianças correndo na rua, as casinhas coloridas dos feirantes com milhares de frutas na praça central e uma alegria intrínseca ao modo de vida dos que nasceram ou escolheram viver aqui.

A simpática vendedora de frutas em Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe

A simpática vendedora de frutas em Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe


Praça central de Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Praça central de Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe


Nos hospedamos aí mesmo na baia, no Clifton Beach Guesthouse, simples mas com ótimo preço e bem localizado. Demos uma volta pela vila, compramos frutas e logo já estávamos cercados de amigos no Eclipse Twilight, bar onde Nikki e sua mãe recebem pescadores, tripulações, amigos, expats, locais e yatchers de todos os cantos do mundo!

Com a argentina Eugenia e a vicentina Niki, em Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Com a argentina Eugenia e a vicentina Niki, em Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe


Era aniversário de uma americana que trabalha no projeto de preservação das tartarugas, ela e suas amigas agitavam o karaokê, uma das amigas locais discotecava o melhor do groove funk dos anos 70 e eu preparava caipirinha de abacaxi para o pessoal. Várias pessoas interessantes, dentre elas um capitão da ilha de Dominica que já viajou por todo o Caribe e agora deve comprar um barco maior para se aventurar pelo Pacífico. Na sua tripulação ele leva Eugênia, uma argentina que trabalhou 6 anos na Espanha, cruzou o Atlântico trabalhando em um veleiro e agora está viajando pelo Caribe conforme consegue trabalho como tripulante.Outra forma de viajar barato e conhecer todo o Caribe, sensacional!

Com a argentina Eugenia, em Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Com a argentina Eugenia, em Clifton, capital de Union Island, ilha no sul de São Vicente e Granadinas, no Caribe


Rodrigo foi embora mais cedo, mas a minha noite terminou já era quase uma hora da manhã, com novos amigos e muita diversão onde eu menos imaginava! É, aquele senhor estava certo, todos saberão quando chegarem à Union Island!

Curtindo a belíssima Port Elizabeth, em Bequia, ilha de São Vicente e Granadinas, no Caribe

Curtindo a belíssima Port Elizabeth, em Bequia, ilha de São Vicente e Granadinas, no Caribe

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No Alto do Denali!

Alaska, Denali National Park

O colossal Denali, maior montanha da América do Norte, durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska

O colossal Denali, maior montanha da América do Norte, durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska


Adoraria que isso fosse verdade. Eu que nunca imaginei ser uma montanhista de verdade, quero dizer, uma alpinista de altas montanhas, comecei a mudar a minha opinião em duas diferentes situações: a primeira foi quando meu cunhado e meu primo voltaram do Equador depois de uma temporada de escalada no Cotopaxi e no Chimborazo. As fotos eram simplesmente lindas, um mundo que eu ainda não conhecia, branco, mágico. Na hora pensei: “um dia eu tenho que fazer isso.” A segunda vez foi quando o primo, Haroldo, esteve no alto do Denali e novamente compartilhou as fotos da expedição. A pergunta que sempre me perturbava era: será que eu sou capaz? Bem, eu acredito que se alguém quer muito alguma coisa, com foco e muita disciplina ela pode conseguir, só depende dela tomar a decisão.

Avião sobrevoando o Denali National Park, no Alaska

Avião sobrevoando o Denali National Park, no Alaska


Durante a viagem tive a minha primeira experiência acima dos 5 mil metros no Atacama, Chile e o primeiro pico no El Misti (5.897m), no Perú. Não posso comparar com o Denali, mas posso dizer que já tenho uma milionésima ideia de como a coisa funciona. Além do preparo físico, aclimatação, o mais difícil é conseguir controlar o lado psicológico, as restrições, o sofrimento pela baixa temperatura, dedos dos pés, mãos e nariz congelando e o cansaço quase instransponível. Do outro lado uma vontade irracional de chegar, desistir não é uma opção, leve o tempo que levar, o cume é o meu único objetivo. Acho que melhores equipamentos e estrutura teriam me ajudado a encarar tudo de forma mais fácil, caminhar montanha acima pensando que vai perder um (ou mais) dedo(s), não é nada agradável. Mas, no meu caso, José, nosso guia teve um papel importantíssimo, pois teve a paciência de me esperar e seguir comigo até o cume. Outros ficaram para trás, dos 8 integrantes eu fui a quarta e última a chegar no alto do El Místi.

Sobrevoando montanha nevada no Denali National Park, no Alaska

Sobrevoando montanha nevada no Denali National Park, no Alaska


Bem, já que não podemos chegar ao cume do Denali, pelo menos não ainda, encontramos um jeito de chegarmos mais perto desta gigante. Desde que começamos a viagem este era um dos pequenos luxos que havíamos programado. Sobrevoar o Denali é uma forma do Rodrigo, meu amado montanhista, se sentir mais perto da montanha. Quando passamos pela Nicarágua conhecemos um piloto de aviões que operava estes voos e ele nos falou: “Não deixem de fazer este sobrevoo, se vocês querem ter uma ideia da grandiosidade do Alasca, a única maneira é pelos ares.”

Sobrevoando montanhas do Denali National Park, no Alaska

Sobrevoando montanhas do Denali National Park, no Alaska


O vôo panorâmico do Denali National Park tem várias rotas, escolhemos a que culminava em um looping entre os 12 e 14 mil pés ao redor do Mount McKinley. Este é um tour muito comum, várias empresas oferecem saindo de bases próximas à vila de Denali ou da cidade de Talkeetna, na fronteira sul do parque. Voar de Talkeetna é mais rápido e talvez um pouco mais barato, mas os tipos de aeronave mudam e um dia poderá fazer toda a diferença no clima sobre a montanha. O tempo estava mudando, o dia ensolarado de ontem já deu espaço para um dia mais nublado e incerto hoje. Em Denali encontramos uma agência que negociou e agendou o voo com a Denali Air em uma das aeronaves mais seguras e modernas da região, e o melhor, para hoje. A companhia só cancelaria o tour se o tempo fechasse completamente e não houvesse condição alguma para voar.

Sobrevoando montanhas do Denali National Park, no Alaska

Sobrevoando montanhas do Denali National Park, no Alaska


16h30 decolamos e o espetáculo começou! Sobrevoamos o parque, suas montanhas mais baixas já estão cobertas por neve, uma novidade para o final desta temporada. Normalmente a neve só cai e fica depois de outubro. Voamos paralelos a Alasca Range, cruzamos os vales e ganhamos altitude rapidamente. Logo estamos ao lado de picos nevados, cristas de montanhas que parecem virgens e intocadas. Entre as montanhas, os imensos rios de gelo, glaciares fascinantes que escorrem vagarosamente esculpindo vales e dando nova forma ao relevo.

A gigantesca geleira que nasce entre os dois picos do Denali, no Denali National Park, no Alaska

A gigantesca geleira que nasce entre os dois picos do Denali, no Denali National Park, no Alaska


No avião, durante voo sobre o Denali National Park, no Alaska

No avião, durante voo sobre o Denali National Park, no Alaska


Durante o voo vamos escutando um áudio com uma trilha sonora épica, uma narração de cada trecho da viagem e parte de sua história. Aproximados 30 minutos de voo e finalmente avistamos o Denali, “the high one”, ainda acima das nossas cabeças. Entre as nuvens conseguimos ver os dois picos, o North Peak a 19,470 pés (5.934m) e o South Peak a 20.320 pés (6.193m). Damos a volta pela South Buttrees e logo estamos sobrevoando o famoso Amphitheater, local onde começa o árduo trabalho dos montanhistas. Até lá, eles chegam de avião e fazem um emocionante pouso no glaciar. Com mais 80 ou 100 dólares por passageiro as companhias podem adicionar ao pacote o pouso no mesmo local.

Muitas montanhas nevadas ao redor do Denali, durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska

Muitas montanhas nevadas ao redor do Denali, durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska


O gelo retorcido dos glaciares visto do alto é um espetáculo à parte, difícil tirar os olhos e os dedos afoitos dos botões da máquina fotográfica. Damos outra volta e nos aproximamos agora da parede sudoeste da montanha, uma das mais perigosas e com altíssimo índice de avalanches.

Uma das muitas geleiras que descem do Denali, no Denali National Park, no Alaska

Uma das muitas geleiras que descem do Denali, no Denali National Park, no Alaska


O retorno foi pelo norte da Alasca Range, sobrevoando o Muldrow Glacier, um dos maiores glaciares do parque nacional, seus rios e lagoas de águas azuis ciano. Nas montanhas próximas conseguimos ainda avistar um urso solitário em busca de alguma pobre dall sheep. As dall sheeps por sua vez, estavam bem espertas, do outro lado do vale, ainda mais elevadas em sua montanha. Estas sim são montanhistas por natureza, sem equipamento e medo algum sobem saltitantes para salvar-se dos seus predadores.

Avistando cabras montesas do avião durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska

Avistando cabras montesas do avião durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska


Um urso é visto durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska

Um urso é visto durante sobrevoo do Denali National Park, no Alaska


Até o pouso, próximo ao Rio Nenana, foi espetacular em um dia com muitas paisagens memoráveis. As nuvens podem ter atrapalhado um pouco a visão dos picos, ao mesmo tempo são elas que dão perspectiva para o cenário. Bom mesmo deve ser virar piloto e poder voar em todas as condições, dias ensolarados, nublados, nevados ou sobre as montanhas verdes e amareladas nos dias de outono. Mudamos a perspectiva e vemos que ainda temos todo um mundo novo para conhecer.

Sobrevoando vale no Denali National Park, no Alaska

Sobrevoando vale no Denali National Park, no Alaska


O bimotor que nos levou para um sobrevoo do Denali National Park, no Alaska

O bimotor que nos levou para um sobrevoo do Denali National Park, no Alaska

Alaska, Denali National Park, Denali, Montanha, parque nacional, vôo panorâmico

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Tartarugas Palasmas

Nicarágua, San Juan Del Sur

Tartaruga recém nascida caminha para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruga recém nascida caminha para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


A Nicarágua é uma das principais áreas de anidação de tartarugas marinhas da espécie palasma, conhecida por nós como Tartaruga Oliva. Só aqui na Nicarágua são 4 praias que recebem centenas de milhares de tartarugas ao ano para depositarem seus ovos. Após viajarem toda a costa do pacífico, muitas vezes do extremo sul até o Alasca, elas retornam ao mesmo lugar onde nasceram para dar continuação ao ciclo da vida.

Placa informativa na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Placa informativa na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


A caminho da famosa Playa Coco, ao sul de San Juan del Sur está localizada o Refúgio da Vida Silvestre La Flor. Uma praia muito especial que recebe sozinha quase 200 mil tartarugas Paslama por ano.

Registro com contagem de tartarugas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Registro com contagem de tartarugas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


A principal época de desova é nos meses de setembro e outubro, se estendendo até novembro, porém durante todo o ano algumas mamães solitárias aparecem na praia para fazer seus ninhos. Durante 6 ou 7 dias ao ano, com a lua no quarto-crescente, acontecem as “arrivadas”, quando milhares de tartarugas chegam em massa, todas em um mesmo dia, para colocar seus ovos na mesma praia. O recorde registrado foram 8 mil tartarugas em um mesmo dia! Segundo os moradores locais, existem fotos da praia La Flor inteirinha preta, coberta por mamães palasmas parindo seus ovos, não se vê um só centímetro de areia!

Tartaruga em pleno 'trabalho de parto', na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruga em pleno "trabalho de parto", na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


O Refúgio da Vida Silvestre La Flor possui funcionários, biólogos e guarda-parques, além de voluntários que ajudam na contagem e diferenciação de espécies, registrando a data de cada ninho para o acompanhamento do nascimento dos pequenos bebês. Um trabalho bem parecido com o do Projeto Tamar no Brasil. Depois de 45 a 60 dias começa a eclosão dos ovos e o nascimento das pequenas tartaruguinhas que irão lutar para chegar ao mar e passar por seus predadores ainda com vida. Suas chances aumentam bastante com a ajuda destes anjos da guarda, que acompanham cada uma delas no seu trajeto para o mar, assegurando que chegarão lá sãs e salvas.

Tartaruguas recém-nascidas e recolhidas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartaruguas recém-nascidas e recolhidas na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Além dos predadores naturais, infelizmente ainda estão os seres humanos, que possuem o hábito de se alimentar dos ovos de tartarugas, costume dos antigos na região.

Ovos de tartaruga na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Ovos de tartaruga na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


De San Juan del Sur partem tours quase todas as noites de diferentes hostales e custam em média 30 dólares para o transporte e a entrada do parque. Nós fomos de Fiona e pagamos 10 dólares de entrada cada um. Tivemos muita sorte, pois mesmo estando no mês de dezembro, conseguimos acompanhar a desova de uma mamãe palasma e o nascimento de dezenas de bebês! A melhor hora para assistir as tartarugas é a noite, portanto levem lanternas, de preferência com luz vermelha. A luz branca assusta as mamães e confundem as pequeninas que se guiam pela claridade do mar (reflexo da luz da lua na água), para chegar conseguir chegar até lá. Passamos algumas horas acompanhando e ajudando a mamãe a cavar seu ninho, buscando tartaruguinhas perdidas e colocando-as no caminho correto e observando este espetáculo da vida! É emocionante!

Tartarugas recém nascidas caminham para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Tartarugas recém nascidas caminham para o mar na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua


Quando saímos duas outras mamães estavam chegando, uma delas mais receosa, pois a lua cheia deixa a praia muito clara, o que facilita a ação de predadores e as deixa mais confusas, pelo reflexo da luz na areia. Uma delas retorna ao mar e a outra, vagarosamente caminha em direção à areia, buscando um lugar para desovar. Assim a vida continua e no ano que vem a mesma tartaruga estará aqui continuando um dos ciclos de vida mais antigos do planeta.

Logo após colocar os ovos, o duro retorno para o mar, na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Logo após colocar os ovos, o duro retorno para o mar, na Reserva del Flor, em San Juan del Sur, na Nicarágua

Nicarágua, San Juan Del Sur, La Flor, Palasma, tartarugas

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Riozinho Acolhedor

Brasil, Maranhão, Alto Parnaíba

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Alto Parnaíba é a última cidade aonde o asfalto chega no sul do Maranhão. Região de produção agrícola intensa, soja, algodão e milho. É também uma das principais regiões responsáveis pela contaminação das nascentes do rio Parnaíba por agrotóxicos que também ocorre nos arredores baianos do Parque Nacional Nascentes do Parnaíba. Formado recentemente (2002), possui uma área de aproximadamente 730 mil hectares, abrangendo 4 estados brasileiros, o extremo sul do Maranhão e Piauí, norte do Tocantins e noroeste da Bahia. Os acessos mais conhecidos estão do lado piauiense pelas cidades de Gilbués e Barreiras do Piauí a sede do parque funciona em Correntes.

Igreja em Alto Parnaíba - MA

Igreja em Alto Parnaíba - MA


Estudando as possíveis rotas entre a Chapada das Mesas e o Jalapão, descobrimos que há uma estrada que cruza este parque, então, por que não unir o útil ao agradável? A estrada está bem marcada no Guia Rodoviário 4 Rodas, o que não garante nada, mas já é um bom começo. Nosso GPS também conseguia calcular uma rota por uma estrada muito semelhante à do mapa consultado, então vamos ver no que dá. Lá em Alto Parnaíba as informações que recebemos não foram das melhores, Seu Zé Batista era o único que conhecia um pouco melhor a região e no início ainda não estava nos indicando seguir por este caminho. “Não quero falar para vocês e depois vocês vão e ficam perdidos”, disse ele. Não tinha muita escolha, nós íamos por ali mesmo, então ele nos deu a dica: “peguem a estrada para Lizarda, quando chegar na comunidade de Morrinhos virem à esquerda em direção à Vila de Bonfim. Lá no Bonfim tentem achar a Dona Conceição, ela tem filhos estudando em São Félix e pode encontrar alguém que queria ir para lá e possa seguir com vocês no carro.”

Plantação de algodão, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA

Plantação de algodão, na estrada para Lizarda, região de Alto Parnaíba - MA


OK! Pegamos a estrada, passamos por plantações de soja e algodão e aos poucos o cerrado começa a dominar a paisagem. A estrada é um areal puro, logo encontramos um Fiat Strada sentado na areia. Ele atolou e estava tentando sair dali há mais de uma hora, sem sucesso. A Fiona entrou em ação, amarramos uma corda e o tiramos do buraco, literalmente. Era tanta areia que na ré todo o pára-choque dianteiro ficou preso e acabou sendo arrancado, com farol e tudo! Bom começo, já vimos que a estrada será uma aventura!

Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)

Momento em que o Fiat Strada perde toda a frente, presa na areia (na região de Alto Parnaíba - MA)


Seguimos viagem e logo encontramos uma saída à esquerda, por onde o GPS nos indicava. Foi a maior furada, era apenas um desvio que já estava em desuso, tamanhas as crateras formadas pela erosão. Já estávamos ali, não teve outro jeito, tivemos que passar. Puxamos a pá e as pranchas de alumínio para calçar o carro e depois de uns 15 minutos pelejando conseguimos passar. Chegamos à Bonfim e vimos os carros dos nossos amigos que tínhamos ajudado a desatolar, decidimos parar para dar uma assuntada. Foi a sorte, pois dali o GPS novamente nos mandava para a estrada errada e desativada. Pegamos as novas coordenadas e fomos rumo à Bonfim.

A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA

A estreita e longa estrada de areia corta o cerrado no sul do Maranhão, região de Alto Parnaíba - MA


Chegando na comunidade paramos na casa onde mora Pablo, ao lado da escola, perguntamos como estava a estrada para São Félix e ele disse que parecia haver apenas uma ladeira meio complicada, mas era só seguir em frente. Lindo, foi o que fizemos, seguindo o GPS sempre que havia algum desvio ou bifurcação, certo? ERRADO! Foi aí que tudo começou. Após a ladeira havia uma bifurcação, seguimos pelo GPS à esquerda. Descemos um morrinho e chegamos a uma fazenda que acabara de ser cercada. Isso para mim até era bom sinal, civilização à vista. Esta fazenda já está na área do parque, porém ainda sem indenização, continua trabalhando. Cercas novas e inclusive uma nova estrada beirando a propriedade para poder fechar a estrada antiga que passava por dentro das terras. Essa picada nova passa por meio de uma mata, cheia de tocos e ainda pouco batida, até que chega a uma casinha em um lugarejo conhecido como o Ponto dos Bons (leia-se “pontdusbão”). Lá conversamos com a moradora, uma senhorinha que nos explicou: “xiii, vocês passaram da estrada para São Félix, aqui é a estrada para Porto Alegre, chega lá também, mas é muito mais longe. Voltem, subam o morrinho e peguem um atalho à esquerda logo que chegar no topo.” Eram 15h, ainda tínhamos um tempo de luz, mas já estávamos começando a ficar meio impacientes. Voltamos, pegamos o atalho e cruzamos um chapadão por uma estrada praticamente inexistente, abrindo caminho com a Fiona direto e reto em direção a uma serra chapada. Víamos que ali já havia sido uma fazenda, volta e meia encontrávamos uns paus de cerca, mas nada além. Descemos em direção a um baixio e eis que vemos ao longe uma outra estrada, alegria, encontramos!

Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão

Fiona enfrenta estrada de areia no P.N das Nascentes do Parnaíba, no extremo sul do Maranhão


Chegamos a uma porteira fechada, passamos e pegamos à esquerda, pois sabíamos que era a direção, já sem rota de GPS, seguimos na direção mais provável. Atravessamos uma ponte e chegamos a outro obstáculo na pista, uma erosão braba. A esta altura já eram umas 16h, não tínhamos certeza se era o caminho correto, acabamos decidindo voltar, pegar a estrada beirando a porteira e ver onde ia dar. Desconfiávamos que esta era a estrada que deveríamos ter pego lá atrás e logo depois, bingo! Chegamos à bifurcação, era ela mesma, confirmamos que estávamos no caminho certo. Porém já não tínhamos tempo hábil para continuar a viagem, decidimos voltar e procurar algum lugar para dormirmos em Bonfim.

O quintal da 'nossa casa', com porcos, vacas e galinhas, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

O quintal da "nossa casa", com porcos, vacas e galinhas, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Chegamos às primeiras casas num lugarejo conhecido como Riozinho, colado em Bonfim, e o Nilvan nos recebeu. Engraçado que na vinda tinha uma casinha linda de adobe com palha que eu havia até parado para fotografar. Ele nos viu parando, imaginou que queríamos informação, mas como não o vimos seguimos adiante.

Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)

Casa na comunidade de Riozinho. AInda não sabíamos que era exatamente ali que iríamos dormir! (região de Alto Parnaíba - MA)


Contamos a nossa história para Nilvan e ele não titubeou, abriu as portas da casa de Martílio, seu irmão que estava de viagem, a casa que eu havia fotografado. Como é bom chegar em algum lugar. Já estávamos há quase 8h na estrada, nos perdendo e nos achando, mas sem conseguir seguir adiante. Tudo que eu precisava era de um banho! O riozinho corre nos fundos do sítio, fomos até lá e lavamos a alma! Não tínhamos muita comida, mas algumas bolachinhas iam ajudar a tapear a fome. O importante é que tínhamos um lugar para dormir.

Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Com o Jaime, qie nos recebeu na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Resgatamos uma pinga que havíamos comprado em Brejões na Chapada Diamantina, era o melhor que tínhamos para oferecer pela acolhida. Um dedinho de pinga e muuuitos dedinhos de prosa, ele nos convidou para comer um delicioso arroz com abóbora que estava preparando. Logo chegou seu irmão mais velho, Jaime, que conhecia bem dos caminhos na região. Passamos a noite assuntando, conversando sobre a região, política, o Luz para Todos que não chegou e os caminhos da nossa viagem no dia seguinte.

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Dedo de prosa com o Jaime e o Nilvan, que nos receberam tão bem na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA


Eles têm uma vida simples, morando nesse sítio o rio é a fonte de água de beber, de banhar e de lavar. Plantam abóbora, milho e arroz que pode ficar estocado para os próximos 3 anos, e tem alguns gados da irmandade. São 11 irmãos, alguns vivem por aqui e outros já mudaram para a cidade, Alto Parnaíba ou São Félix. Quando matam um gado dividem a carne entre os irmãos, como não tem luz, salgam e guardam para comer uma vez por mês. Tudo muito simples, mas muito digno, feito com muito trabalho e muito carinho. A lua iluminava a noite quase como um sol no meio do cerrado. Nos recolhemos aos nossos aposentos para uma merecida noite de descanso.

Hora de se recolher na 'nossa' casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Hora de se recolher na "nossa" casa, na comunidade de Riozinho, região de Alto Parnaíba - MA

Brasil, Maranhão, Alto Parnaíba, 4 x 4, Bonfim, Lizarda, Nascentes do Parnaíba, off road, parque nacional, Riozinho

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Potosí

Bolívia, Potosí

No alto da torre da Catedral, em Potosí - Bolívia

No alto da torre da Catedral, em Potosí - Bolívia


Postosí nasceu em 1545 meio à exploração das minas de prata do Cerro Rico. Durante dois séculos foi a cidade mais rica e importante do Império Espanhol na América Latina.

A cidade de Potosí - Bolívia, ao pé do Cerro Rico

A cidade de Potosí - Bolívia, ao pé do Cerro Rico


Em um cenário de escravidão, onde africanos e indígenas sofreram nas mãos dos colonizadores, a cidade também passava por um processo de aculturamento, onde o desenvolvimento da arquitetura colonial e a cena das artes resplandecia no altiplano Boliviano. As ruas eram pavimentadas com prata, mansões e igrejas ornamentadas davam formas à cidade que hoje se tornou Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.

A bela fachada da igreja de San Lorenzo, em Potosí - Bolívia

A bela fachada da igreja de San Lorenzo, em Potosí - Bolívia


Hoje estas pérolas da arquitetura colonial foram restauradas e abrigam diversos museus, como o Convento São Francisco, ou o Museu e Convento Santa Teresa, ambos no centro da cidade. A Casa da Moeda, que antes cunhava as moedas do reino feitas com o metal extraído, hojefoi transformada em um dos melhores museus da Bolívia.

Convento São Francisco, em Potosí - Bolívia

Convento São Francisco, em Potosí - Bolívia


Na Praça Central visitamos a Catedral, que está passando por uma longa reforma. As imagens em restauração mostram ícones da maçonaria, presente não apenas na construção das igrejas da época, como dentre os grandes líderes que mais tarde formaram a nova república. Os Generais Simón Bolívar, San Martín, na Argentina e outros grandes personagens da história mundial faziam parte das ordens maçônicas. Um órgão afinadíssimo de nada mais nada menos que 3 toneladas foi trazido da Alemanha, doado por um dos Barões do Estanho.

Restauração da parte interna da Catedral em Potosí - Bolívia

Restauração da parte interna da Catedral em Potosí - Bolívia


O ponto alto, literalmente, é a visita ao Campanário da Igreja de onde temos uma vista 360° da cidade de Potosí. Ele é formado por 5 sinos, 4 menores ao redor feitos de estanho e o principal, feito de estanho e ouro, conhecido por produzir o som mais puro, as melhores e mais altas badaladas de toda a Bolívia, podendo ser ouvido há mais de 30 km.

A torre do relógio da CAtedral em Potosí - Bolívia

A torre do relógio da CAtedral em Potosí - Bolívia


Nosso guia nos surpreendeu com a qualidade das informações e bom humor, tornando o tour à catedral uma passagem obrigatória.

Com nosso ótimo guia da Catedral de Potosí - Bolívia

Com nosso ótimo guia da Catedral de Potosí - Bolívia


Mesmo sob temperaturas próximas a zero, a cidade não perde a sua vivacidade. Próximo à Catedral está o Mercado Central, super movimentado mesmo durante a noite. No momento “gastronomia” resolvemos explorar também a culinária local e ver o que existe além dos “pollos com papas” (frangos com batata frita).

Venda de pão nas ruas de Potosí - Bolívia

Venda de pão nas ruas de Potosí - Bolívia


Fomos ao Restaurante El Mesón e provamos a deliciosa carne de llama, preparada em medalhões e cobertas com um molho vermelho bem concentrado, provavelmente de tomate e ervas. Acompanhavam arroz, legumes e batata cozidos. Delicioso! Para acompanhar, um bom vinho boliviano vindo da região de Tarija. Mais uma vez voltamos ao hotel bem impressionados com a riqueza cultural e turística que nos apresenta esta nova Bolívia.

A torre do relógio da CAtedral em Potosí - Bolívia

A torre do relógio da CAtedral em Potosí - Bolívia

Bolívia, Potosí, Catedral, Cerro Rico

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Rally Effect!

Colômbia, Cali, Girardot

A van do grupo The Hall Effect, em parada durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia

A van do grupo The Hall Effect, em parada durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia


Hoje aconteceu de tudo, fomos considerados quase mortos por tabela, junto com toda a Banda The Hall Effect. Como assim mortos? Hoje aconteceu de tudo, mas eu juro que vou tentar resumir.

Saímos de Cali já eram quase 4 horas da manhã, seguindo Angelo que dirigia a van da banda, o melhor guia de estradas que poderíamos encontrar. Nicolas resolveu vir conosco no carro, a revelia de seus amigos que tentaram impedi-lo, tamanho o porrete que ele tinha tomado no bar em Cali. Até uma batida de carro vimos acontecer ao vivo quando ainda estávamos no posto de gasolina antes de pegar a estrada.

Fomos por caminhos alternativos, tentando evitar pedágios, até chegarmos à rota principal. Passamos um, passamos dois e eis que amanhece o dia e começamos a encontrar alguns “trancóns de mulas”, vulgo engarrafamento de caminhões, carretas. Essa rodovia liga o principal porto do país à Bogotá, são centenas de mulas que trafegam nela todos os dias. Um dos trancóns conseguimos passar, quilômetros e quilômetros que estavam interrompidos pela polícia apenas para caminhões. Continuamos em direção à cidade de Armênia e encontramos outro trancón. Escolados, passamos pelo acostamento até chegarmos ao engarrafamento de carros onde o policial nos avisou, a via está fechada por derrumbres, deslizamentos de terra. São mais de 40km de mulas e sem previsão de abertura.


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Paramos por um tempo em um restaurante na beira da estrada e a banda tomou seu café da manhã. Caldo de costela e Nicolas, se recuperando do porrete, comeu um digno prato de caminhoneiro, típico café da manhã aqui na região. Tentamos dar um olé nesse engarrafamento e tentamos uma via alternativa depois da cidade de Armênia... nada. A esta altura já estávamos preocupados com o horário de chegada da banda no show. Eles começaram a ligar para a organização e avisaram da situação. Tínhamos que chegar, não tinha jeito!

A banda The Hall effect durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia

A banda The Hall effect durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia


A única alternativa era tentar uma via mais longa (muuuuuuito mais longa), por Manizales, passando pela Zona Cafeteira. Esta via estava fechada desde sexta-feira, mas segundo a polícia de carreteras tinha sido aberta novamente e era a nossa única chance de atravessar hoje a cordilheira para Bogotá. Uma viagem que era para durar 6 a 7 horas ia se estender por pelo menos mais 5 horas.


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Esta região era exatamente a zona que iríamos deixar de conhecer ou até fazer um grande detour de Bogotá para conhecermos, tida como uma das mais bonitas da Colômbia, pelas imensas plantações de café e o Parque Nacional de los Nevados. No final acabamos passando por ela muito antes do que imaginávamos, cansados, virados e numa pressa desgraçada, mas passamos. O detour que estávamos planejando caiu por terra ali mesmo! Rsrs!

Paisagem colombiana durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia

Paisagem colombiana durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia


Em uma das paradas Nicolas que estava conosco no carro voltou para a van e recebemos um novo visitante, Douglas. Uma companhia sensacional, super interessado na nossa viagem e nós da dele! Troca de cultura, enquanto ele nos contava das suas experiências com a banda, quando viveu na França e na Inglaterra, eu ia mostrando para ele músicas brasileiras de todos os estilos. Casado e com uma filha de 3 anos, contava apaixonado sobre sua Clarita e Amelie.

Paisagem colombiana durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia

Paisagem colombiana durante a viagem entre Cali e Girardot, na Colômbia


A esta altura a viagem já havia virado uma epopéia. Parte da estrada que estávamos foi inundada, chegamos neste trecho justamente na hora em que o rio transbordou e formou uma cachoeira e um rio cruzando a pista! Uma televisão nacional estava filmando esta cena e pegou a imagem da van da The Hall Effect e de um carro desconhecido escrito “1000dias” passando pela enchente. Já era meio-dia e o festival estava começando. Douglas e os outros integrantes ligavam para o Júlio (manager), que enlouquecido tinha que dar alguma notícia para o público que os esperava. Pronto, o telefone sem fio estava feito! Van da banda The Hall Effect foi atingida pelo deslizamento na estrada a caminho do festival. As cenas da TV e notícias da rádio correram e até o irmão do Douglas chegou a ligar para ele, pois ouviu na rádio que não se sabia se a banda chegaria para o show. Estão mortos! Pensaram! Hahaha!

Horas de rally, encontros e desencontros com a van em trechos de terra esburacados, finalmente chegamos à Girardot. 12 horas depois, acabados pelo pouco sono, cansaço da estrada e stress da viagem, estávamos finalmente no tão sonhado e esperado festival. Nós íamos apenas aproveitar, dançar e nos divertir... e eles que tinham que tocar!?! Coitados... essa vida de roqueiro em turnê não é fácil!

Quando o pessoal da organização e alguns fãs os viram entrando, foi que nós nos demos conta de toda a história. Eles diziam: vocês estão vivos! Hahaha! E aos poucos fomos ligando as peças, as notícias e cenas fecharam o telefone sem fio que rolou. Rodrigo foi firme no volante, não quis trocar comigo nem um instante! Eu cheguei até a ficar apreensiva que ele desistisse e quisesse ficar lá pela zona cafeteira, mas ele não pestanejou e finalmente chegamos! Vivos, sãos e salvos.

Colômbia, Cali, Girardot, Estrada, The Hall Effect

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