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O pier da Round House, na região de Livingston, no litoral da Guatemala
Entre a agitada cidade de Rio Dulce e a efervescente cidade garifuna de Livingston existe um mundo paralelo, um mundo de transição, dos que passaram e decidiram ficar às margens do Lago Izabal, do seu irmão caçula, o Golfete, e do rio que vai de encontro com o mar.
Cabana em afluente do rio Dulce, perto de Livingston, na Guatemala
Um mundo rodeado por água e floresta tropical, repleto de caminhos, rios e afluentes que te levam a outros rios ainda menores e eventualmente uma cachoeira, um santuário de peixes-boi, cavernas ou águas termais. A cada milha ou duas começa uma nova vila, um conjunto de sítios ribeirinhos e ao longe algumas mansões com grandes garagens para suas lanchas potentes e grandes veleiros. Algumas das famílias guatemaltecas mais influentes possuem seu recanto de férias às margens do Izabal e do Rio Dulce, não à toa aqui nenhuma organização criminosa tem espaço.
Uma casa em um pequeno tributário do rio Dulce, no nosso camiho para Livingstone, na Guatemala
O meio de transporte mais comum são os caiucos, pequenos barcos de madeira movidos por um único remo também de madeira. Os caiucos têm vários tamanhos e podem carregar 5, 10, 15 ou apenas uma pessoa. As crianças mal aprenderam a andar e já aprendem a remar o seu próprio caiuquinho. Ir e vir nas águas do rio é essencial para sobrevivência, troca de bens, suprimentos, trabalho, pescarias e inclusive para a sua liberdade, pois nada mais os conecta a nada, apenas as águas.
Olha o trânsito na frente da Round House, nosso hotel no rio Dulce, região de Livingston, no litoral da Guatemala
Vivenciar este lugar é uma experiência totalmente diferente de Livingston ou de Rio Dulce. Entre o Golfete e o canion é onde se concentram a maior parte dos hotéis interessantes para viajantes que querem relaxar às margens do rio e conhecer como vive esta gente. Gaston havia nos indicado a pousada de seus amigos Dani, holandesa, e Chris e nós já havíamos nos programado para passar uma noite lá no caminho de volta, mas uma noite não foi suficiente.
Chegando de volta ao nosso hotel, depois de muito caiaque, trilha e cachoeira (região de Livingston, na Guatemala
Chris foi nos buscar em Livingston e esta carona de barco já pareceu diferente da de vinda, talvez pela rica experiência que acabávamos de ter com os amigos garifunas, talvez pela nova energia que estava por vir. Quando desembarcamos na Round House eu já sabia que nao iria querer ficar ali apenas uma noite. A paz deste ambiente tão silencioso, anfitriões tão interessantes somaram-se a boas conversas regadas a cervejas geladas intercaladas com banhos de rios e pores do sol dourados, vendo os caiucos passarem tranquilos em frente a palapa à margem do rio.
Maravilhoso entardecer sobre o rio Dulce, em frente à Round House, na região de Livingston, no litoral da Guatemala
Com o Chris e seu sócio, donos da Round House, perto de Livingston, no litoral da Guatemala
Com a Dani, uma das donas da Round House, perto de Livingston, no litoral da Guatemala
Um dia resolvemos vencer a preguiça, pegamos o caiaque da pousada e saímos remando. Serena, nossa nova amiga viajante italiana nos acompanhou. Fomos até o próximo afluente, antes das águas calientes e dobramos à esquerda.
Andando de caiaque em afluente do rio Dulce, perto do nosso hotel Round House, na reguão de Livingston, na Guatemala
Subimos o rio, remando sob o sol. Buscando cada sombra, acenando a cada caiuco, perguntando da pescaria a cada tiozinho e soltando holas! A todas as crianças curiosas. Logo chegamos ao Hotelito Perdido, outra opção bem indicada por outros viajantes para uns dias no rio. Encontramos Antonie, outro viajante francês que havíamos conhecido na pizzaria da nossa pousada. Tipo interessante, viajado e bem tranquilo.
Reencontrando o Antoine, no pier fo Hotelito Perdido, em um tributário do Rio Dulce, perto de Livingston, na Guatemala
A Serena, nossa companheira de caiaque em afluente do rio Dulce, perto de Livingston, na Guatemala
Continuamos cantando musicas brasileiras e italianas com Serena, passamos por pastos e finalmente o rio pareceu esfriar, sinal de que estávamos mais próximos do fim. Dali Serena voltou, nós estacionamos o nosso caiaque duplo e seguimos a pé, em busca da cascata perdida. Uma pequena cachoeira com um delicioso poço de águas doces e refrescantes em meio à jungla guatemalteca!
A paradisíaca cachoeira perto da Round House, nosso hotel no rio Dulce, região de Livingston, na Guatemala
Refrescando-se em uma bela cachoeira, depois de muito caiaque e uma trilha para lá chegar (perto de Livingston, na Guatemala)
As noites eram divertidas, difícil dormir com tanto assunto e boas cervejas vindas direto na nano-cervejaria do Chris, britânico que produz boas pale ales e stouts em uma salinha da sua casa redonda.
Noite regada à tequila, com o Chris, um dos donos da nossa pousada no rio Dulce, região de Livingston, na Guatemala
Olha só o tamanhozinho da garrafa de tequila, no bar da Round House, nosso hotel no rio Dulce, região de Livingston, na Guatemala
Foram dois dias desconectados do mundo, isolados por mata e água em um dos lugares mais especiais que visitamos na América Central.
Enttrando na belíssima Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Nós, do conforto do nosso apartamento nas grandes cidades, imaginamos a Floresta Amazônica uma coisa homogênea, árvores imensas circundadas por rios caudalosos. Sabemos que o Amazonas nasce no Andes (quando sabemos!) e que ele termina no Oceano Atlântico em um tal fenômeno da pororoca onde uns surfistas doidos gostam de surfar. Ah, sabemos também que a Floresta Amazônica é o pulmão do mundo, que os americanos a colocaram no mapa “do mundo” e não no “do Brasil” e que querem cometer o absurdo de inundar uma grande porção dela para fazer uma usina hidrelétrica, a tal Belo Monte. A Amazônia, em linhas gerais, é mais ou menos isso, não é mesmo?
Sobrevoando o gigantesco rio Solimões na região de Tefé, no Amazonas
Errado. A começar pela primeira afirmação, sim a Amazônia tem árvores imensas na terra firme, mas ela é formada por um conjunto de diferentes ecossistemas onde se encontram áreas de mata mais baixa, florestas inundadas, etc. Os rios caudalosos estão lá e são as estradas desta região tão distante, onde construir qualquer rodovia seria quase uma insanidade. Ao invés disso montar um sistema de ferries eficientes e modernos seria a melhor opção, mas é claro que não deve haver interesse político para tal.
Movimento de voadeiras em Tefé, no Amazonas
Cientistas dizem que o nosso “pulmão do mundo” é uma floresta autossuficiente, ela produz a quantidade de oxigênio que consome, na realidade o seu grande pulmão não está nas árvores, mas sim nas algas e plânctons que vivem em seu enorme sistema fluvial. Os americanos estão lá sim, turistas e pesquisadores, trabalhando, pesquisando e fomentando iniciativas sustentáveis para proteção da nossa floresta. Prefiro acreditar que só estes estão por lá, mas é sempre bom ficar de olho.
Uma gigantesca Samaúma, na região de Tefé, no Amazonas
Ah! E a Belo Monte pode ser um mal necessário, a começar pelas próprias populações que vivem ao seu redor e querem uma geladeira para poder conservar a comida que trazem da vila próxima a 3 dias de barco dali. Não sou a favor, mas sim, quando vamos e conhecemos de perto a realidade deste povo vemos que não existe o certo e o errado, não existe a situação ideal, não existem verdades absolutas.
Menina se diverte em canoa durante nossa visita à comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Entrando de canoa na floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Várzea é o nome dado à área de floresta alagada na região do Rio Solimões. Ela vive dois períodos muito distintos, totalmente inundada na época de chuvas e seca no restante do ano. Estes dois extremos criaram fauna e flora muito específicas, espécies endêmicas se adaptaram ao regime de inundações, que nos picos pode chegar a ter de 10 a 12 metros de variação todos os anos.
Entrando de canoa na floresta alagada, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
A Amazônia tem vários biomas, a terra firme, a floresta de várzea, que no Rio Negro costumam chamar de floresta de igapó, que tem como principal característica o fato de ser inundada durante todo o período de chuvas, de Outubro a Março. Os homens nas comunidades ribeirinhas, macacos, lontras, onças, aranhas, besouros e todos os seres vivos que habitam a várzea tiveram que se adaptar e sabem viver meses em terra seca e meses sobre as árvores, nadando, caçando, se alimentando e se locomovendo na água.
A floresta alagada na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Visita à comunidade ribeirinha na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Sempre ouvimos dizer que na Amazônia as estradas são os rios, mas dificilmente imaginamos que assim as ruas são seus afluentes menores, os canos e igapós. Os animais se adaptaram a viver entre as copas das árvores e as águas da floresta alagada na Amazônia, mas e o homem? Quando chegamos é impossível passar por estas comunidades e não se perguntar, como eles vivem tão isolados? Como vieram parar aqui? Como conseguem sobreviver?
Arquitetura típica de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Os ribeirinhos chegaram em diferentes levas em busca de uma oportunidade nos seringais amazônicos. Os ciclos de ocupação destas margens acompanham os ciclos da borracha, no seu auge e no seu declínio. A maioria dos ribeirinhos é originária dos estados vizinhos nordestinos, principalmente Maranhão e Ceará, povo reconhecido por desbravar e ter a coragem de enfrentar adversidades em novas fronteiras.
Visita à comunidade ribeirinha na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Desde a Guiana Francesa, Suriname e os confins de Roraima temos encontrado esta mesma característica nos imigrantes da mineração, construções e atividades correlatas. A sobrevivência na floresta os ensinou sobre o ciclo da vida, dos peixes, da madeira e dos frutos, mas em um ambiente tão rico quanto a floresta amazônica a sensação de que este é um bem infindável não é de toda errada. Mas como a chegada deste novo animal impactou a floresta? A caça e a extração de madeira, a pesca no período da piracema e a produção de lixo mudaram a dinâmica natural da floresta.
Família se diverte durante nossa visita à comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Somos parte integrante da natureza, não estamos isolados dela.
Garoto nos observa durante visita a uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Nosso guia nos mostra crânios de jacaré durante visita à comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá nasceu do sonho e do árduo trabalho do biólogo paraense Marcio Ayres. Com a sua paixão pelos primatas e a visão sistêmica da biota amazônica, pensando no homem como parte integrante deste ambiente, Márcio idealizou a convivência harmônica do ser humano neste meio natural e concebeu um modelo de participação comunitária em uma reserva sustentável no coração da Amazônia.
Um dos habitantes locais nos recebe na escola de uma das comunidades ribeirinhas na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
A reserva está localizada entre os rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná e protege 1.124.000 hectares da mata de várzea amazônica. A várzea representa 4% da Amazônia Brasileira e a Reserva do Mamirauá é a maior área de proteção deste ecossistema, não apenas no Brasil, mas no mundo.
Apresentação sobre a Reserva do Mamirauá (na Pousada Uacari, perto de Tefé, no Amazonas)
Hoje o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá desenvolve atividades por meio de projetos de pesquisa, manejo ambiental e de assessoria técnica dentro da Reserva Mamirauá e Amanã, ajudando o Governo do Estado do Amazonas na gestão destas reservas.
Palestra sobre a região amazônica, na Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, egião de Tefé, no Amazonas
Basicamente eles construíram um cenário onde a interação equilibrada do homem e da natureza se tornam possíveis. A extração de madeira e a pesca fazem parte da vida na floresta amazônica, porém hoje com planos de manejo, determinando os períodos de procriação ou as árvores que já atingiram maturidade para serem retiradas dentro de determinada área. Além disso trazem programas de infraestrutura básica como novas caixas de água tratada, luz solar e geradores de energia, educação a distância para as escolas, agricultura comunitária, pecuária e até o turismo como uma fonte de renda alternativa.
Um pequeno curral flutuante, que funciona durante a cheia do rio, em comunidade localizada na Reserva de Mamirauá, perto de Tefé, no Amazonas
Se você já está curioso com tudo o que eu contei aí acima e quer saber como fazemos para visitar e conhecer este paraíso amazônico, aí vai a resposta.
Chegando à Pousada Uacari, nossa casa pelos próximos 5 dias na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
A Pousada Flutuante Uacari está localizada dentro da Reserva Mamirauá e recebe turistas de todo o mundo curiosos não apenas com a flora e a fauna amazônica, mas também com o modelo de sustentabilidade aplicado pela reserva.
Guia nos dá explicações durante passeio de canoa motorizada pela Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
A pousada é administrada pelos próprios moradores das comunidades, gerente e todos os seus funcionários habitam a reserva e dividem seus conhecimentos e talentos com os turistas trabalhando como guias, cozinheiros, camareiros, todos responsáveis por este negócio comunitário. Além dos salários ajudarem as respectivas famílias, o lucro da pousada é dividido pelas comunidades, que decidem como aplica-la em melhoramentos na infraestrutura das vilas.
A bela Pousada Uacari, em plena Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
A pousada é rústica, mas possui uma boa infraestrutura, as cabanas são espaçosas, possuem chuveiro com aquecimento solar e sua própria varanda de frente para o rio e a floresta. Durante boa parte do ano a pousada ainda conta com uma piscina natural, uma área reservada por uma estrutura de redes flutua ao lado da pousada na lagoa onde está localizada. Quando nós estivemos lá a piscina estava desmontada pois a correnteza estava muito forte e muitas plantas ficavam presas nela, portanto banho era proibido, já que os jacarés são companhias certas sob os flutuantes da pousada.
Nosso quarto na Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Como lá estamos isolados, as diárias incluem todas as refeições, deliciosos cafés da manhã, almoços e jantares com pratos, sucos e frutas tipicamente amazônicas. O tambaqui assado, a peixada de surubim e as sobremesas como os pavês de mandioca e graviola são imbatíveis!
Um saboroso almoço na Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Ao longe, o macaco Uacari, símbolo da Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Então estamos hospedados em uma pousada flutuante no coração da Amazônia, com todas as mordomias rústicas possíveis e o melhor, uma floresta inteira para explorarmos. Conhecer as imensas samaúmas, aningas, paracuubas, catorés e sapucaias, ver as mungubas virando algodão e buscando o matamatá para ver se encontramos um dos mais raros primatas que vive nesta região, o Uacari-Branco.
Pintura do macaco Uacari, símbolo da Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Uacari foi o motivo primeiro da vinda de Marcio Ayres para cá. Um macaco de pelos claros, loiros quase brancos e de cara vermelha que o primatólogo viu pela primeira vez em um zoológico na Inglaterra! Indignado, foi pesquisá-lo e acabou desenvolvendo sua tese de doutorado sobre este animal. Marcio passou dias, meses, anos! enfiado em uma canoa, observando e estudando os uacaris que hoje dão nome à pousada e são estrelas principais das nossas buscas pela selva.
Encontro com macacos na Reserva do Mamirauá, na região de Tefé, no Amazonas
Encontro com jacaré em rio em frente à Pousada Uacari, na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Enquanto não o encontramos, macacos de cheiro comum e da cabeça preta, prego e o guariba (bugio gritador), animam a nossa empreitada. Com sorte ainda podemos encontrar preguiças, porcos-espinho e até um tamanduá-mirim sobre o tronco das árvores. O sonho de todos seria mesmo encontrar a majestosa onça pintada deitada preguiçosamente em um apuí de onça, mas esta sim é chance rara, quase impossível, segundo os pesquisadores da reserva.
Macaco salta sobre nós durante passeio de canoa na floresta alagada na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Nos canos, braços principais do Rio Japurá, seguimos na nossa voadeira buscando sinais de toda a vida que se esconde nesta imensidão verde. Nos ares e nos galhos das árvores vemos tucanos, pica-paus, o gavião preto e o gavião panema, socó boi, socó onça, o jaçanã e até um alencorne. Nas águas os botos vermelhos (ou cor-de-rosa) fazem a festa, ao lado dos jacarés e piranhas, estas mais facilmente vistas em uma pescaria esportiva. O que mais você pode esperar de uma aventura amazônica?
São inúmeras as espécies de pássaros que vivem na Reserva do Mamirauá, região de Tefé, no Amazonas
Mergulhando em cenotes na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto divulgação, de Luis Leal)
Toda a Península do Yucatán foi formada basicamente sob o mar, corais e sedimentos marinhos que passaram por inúmeras fases de crescimento em um mar de águas quentes e ricas em vida marinha, e outras inúmeras fases emersas em uma rígida era glacial. A movimentação de placas e outras forças geológicas formaram assim uma imensa planície de rocha calcária, rocha hiper solúvel, cavando sistemas imensos de cavernas e rios subterrâneos na região que hoje conhecemos como Península do Yucatán.
Gran Cenotel, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Vale lembrar que a região possui outro acidente geográfico famoso, uma imensa depressão de terra ao norte de Mérida, na região de Progresso, formada pela queda do gigantesco meteoro que extinguiu os dinossauros. Ao olho nu não se pode notar, pois depois de milhões e milhões de anos ela já foi coberta por outras camadas de sedimentos. Os satélites, porém, a perceberam por sobre ela existir uma leve variação na ação da gravidade, já que a massa compactada pelo impacto é maior. Há quem diga que alguns dos cenotes na região foram abertos pelos estilhaços deste gigantesco meteoro, mas a teoria mais aceita e correta é que estas grandes aberturas, grutas ou cavernas que dão acesso aos sistemas subterrâneos inundados do Yucatán, foram formados pela dissolução e/ou colapsos nos pontos mais frágeis da rocha.
O magnífico cenote Pet Cementery, cheio de formações, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
A colorida vegetação da parte iluminada do Cenote Car Wash, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Há milhares de anos os “dzonots” (cenotes no maya yucateco) intrigam e causam curiosidade nos mayas que habitavam a região. Fonte de água límpida e refrescante em uma região quente e seca, muitas vezes os cenotes eram utilizados para rituais em homenagem ao Deus Chaac, Deus da Água. Em Chichén Itzá esqueletos e artefatos ritualísticos foram encontrados no Cenote Sagrado.
Final de mergulho, saindo do Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Depois de uma rápida passagem pela praia e as Ruínas de Tulum com a Valéria, demos uma volta pelas ilhas da costa de Quintana Roo e pelas Ruínas da Ruta Puuc, no estado de Yucatán, retornamos a Tulum com um objetivo: explorar os cenotes e cavernas da região.
Final de mergulho, saindo do Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Antes mesmo de sairmos do Brasil nós nos preparamos com longos treinamentos de mergulho técnico e mergulho em caverna, apenas para este momento. Este era um sonho antigo que eu tinha e quando contei ao Rodrigo ele foi o primeiro a incentivar e mais, resolveu me presentear o curso de mergulho em caverna.
Nosso inesquecível mergulho no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Saímos do Brasil com o segundo nível de treinamento nesta área dos mergulhos técnicos, a certificação conhecida como Intro to Cave. Mergulhamos na Mina da Passagem (Mariana, MG), nas cavernas da Flórida e finalmente chegamos ao grande objetivo, os cenotes mexicanos. Aqui, porém, os buracos são literalmente “mais embaixo”. A complexidade da navegação por estes túneis é imensa e uma das grandes causas de morte de mergulhadores treinados e experientes.
Mergulhando em total escuridão no Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Assim, resolvemos não apenas mergulhar, mas aproveitar a oportunidade para unir o útil ao agradável e subirmos mais um nível de certificação. São várias as escolas e operadoras de mergulho técnico na região, nós escolhemos a Dos Ojos Dive Center, indicada por outros mergulhadores que conhecemos aqui no México. O Luis está na região há mais de 15 anos e conhece estes cenotes como a palma da mão.
Aluno e professor de mergulho em cavernas, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Além disso, nos passou muita segurança e conseguiu montar um esquema bem bacana para nos atender. Durante uma semana tivemos aulas práticas dentro e fora d´água, aulas teóricas e muita conversa sobre os casos de acidentes acontecidos nas mesmas cavernas que nós íamos mergulhar. Ele organizou uma programação de treinamentos com mais de 300 horas de mergulhos nos cenotes e fechamos o nosso curso IANTD Full Cave. O Luis foi ótimo, teve uma super paciência revisando conceitos teóricos já meio esquecidos pelos viajantes aqui e soube aproveitar ao máximo o nosso potencial e tempo para sairmos dali seguros do que estávamos fazendo.
O Luis descarrega os tanques no cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
1° DIA - CENOTE DOS OJOS (20/02)
O belo cenote Dos Ojos, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
O Sistema Dos Ojos é um dos mais longos sistemas de cavernas no mundo, com mais de 82 quilômetros, 28 diferentes cenotes (entradas) e o túnel mais mais profundo já explorado, a 119,1 metros, no Pit, um dos principais cenotes deste sistema. O seu nome se refere à sua entrada principal, formada pela união de dois cenotes que se assemelham a dois olhos (dos ojos, em espanhol). Foi aqui, na sua entrada principal, que começamos a nossa semana de mergulhos nos cenotes mexicanos.
Tanques cheios para os nossos mergulhos no cenote Dos Ojos, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
O Luis queria nos conhecer melhor embaixo d´água e neste primeiro dia nos levou ao Cenote Dos Ojos, fazendo um primeiro mergulho pela área de cavern da Barbie Line, dando tempo para nos acostumarmos novamente com a dupla nas costas, ajustando bem o equipamento, trim e flutuabilidade. O segundo mergulho já foi dentro da área de cave na Imax Line, que ganhou este nome após ser cenário de um filme Imax. Eu fui liderando o mergulho que durou em torno de 80 minutos de pura emoção, vendo as belíssimas formações, estalactites e estalagmites em uma água completamente transparente, acompanhados de pequenos peixes que pegam carona na luz dos mergulhadores para caçar os pobres camarões e outros peixes cegos que vivem dentro das cavernas. E eu achando que eles eram curiosos e aventureiros! =/
Entrando no Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
2° DIA – CENOTE LA PONDEROSA ou JARDÍN DEL EDÉN (21/02)
Cenote Jardin del Eden, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
La Ponderosa é um cenote famoso por ter participado de uma novela mexicana que lhe rendeu este nome. Recentemente, porém a família evangélica que é dona do terreno resolveu rebatizá-lo chamando-o de Jardín del Edén. Um cenote de águas verdes, cheias de plantas aquáticas e peixes é um lugar famoso entre os turistas para passar o dia nadando e se divertindo. Um cenote sem formações e espeleotemas e por isso é o escolhido pelas escolas como local de treinamento de alto impacto para os cursos de mergulho em caverna.
Placa de avisos no Cenote Jardin del Eden, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Antes de entrar na água fizemos os land drills, treinamento onde remontamos as linhas guias que encontramos dentro da caverna e treinamos as nossas marcações de navegação. Carretel principal, secundário, jumps e gaps, cookies e setas (ARC – Arrow, Rope, Cookie), tudo volta a ficar vivo na nossa memória, assim como as novas regras de navegação que aprendemos.
Colocando a amarra de um jump no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Desta vez Rodrigo foi liderando o mergulho, amarrando o carretel principal na River Run Line, dois jumps conectando-nos à Circuit Line e um último jump à uma restrição. Fomos abrindo caminho em um mundo submarino subterrâneo, que mesmo sem formações, era impressionante. O sistema aqui deve ter sido sempre inundado e foi sendo dissolvido pela ação do ácido carbônico (vindo do CO2) e dissolvendo o granito. As paredes, tetos e pisos brancos pareciam um queijo suíço todo esburacado, a superfície lunar embaixo da terra. Nós fomos até os 14m de profundidade e foi quando descemos aos 12 metros que cruzamos a nossa primeira haloclina, onde a água doce e a água salgada se encontram. Como estamos próximos ao oceano, quando passamos a mergulhar abaixo do nível do mar a água salgada predomina. A mistura das duas é quase como óleo e água, a água fica turva e quase perdemos a visibilidade até cruzá-la e seguirmos pela água mais salgada e quentinha abaixo dos 12m.
Início de curso de mergulho em cavernas com o Luis, no Cenote Dos Ojos, em Tulum, no Yucatán, sul do México
No caminho de volta tivemos uma surpresa quando Luis apagou nossas luzes e tivemos que sair da caverna no escuro! Saímos bem, o que significa que o Rodrigo fez as marcações corretas na entrada. O segundo mergulho foi para recolhermos as linhas que ficaram lá dentro. Só para vocês terem uma ideia, o primeiro mergulho durou em torno e 79’, enquanto o segundo, bem iluminado e já com as linhas colocadas, durou 57’.
3° DIA – AKTUN HA ou CAR WASH (22/02)
Mergulhando em cenotes na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto divulgação, de Luis Leal)
O Cenote Aktun Há, ou Car Wash tem este nome, pois ele era realmente um “lavador de carros” até pouco tempo atrás. Localizado bem próximo da estrada que liga Tulum a Cobá, o Car Wash foi desativado e liberado apenas para nadadores, mergulhadores e o lindo crocodilo que o chama de lar. Suas águas azuis esverdeadas são repletas de vegetação de um lado, folhas vermelhas e verdes que tem um efeito super bonito embaixo d´água.
Um pequeno jacaré mora no cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Parte aberta do Cenote Car Wash, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Fizemos um mergulho no túnel up stream, passando por um cenote conhecido como “Luke´s Hope” e fazendo um jump “secreto” para a “Habitación de las Lagrimas”. Os nomes são sempre interessantes e tem uma história por trás. Não sei em detalhes, mas Luke´s Hope foi algum caso de um mergulhador (o Luke) que se perdeu e conseguiu se salvar pois encontrou este cenote no caminho. Já o salão, dizem ter ganho este nome tamanha a sua beleza! O primeiro mergulhador/explorador que a encontrou ficou tão surpreso com a quantidade de espeleotemas que teria em seus olhos lágrimas de emoção!
Placa de advertência no cenote Car Wash, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Desta vez eu fui novamente liderando o mergulho e, mal sabia eu, tinha uma pegadinha desde o início. Treinamentos são ótimos para isso, nos fazer aprender com o próprio erro. Bem, adivinhem, o Luis nos passou o planejamento do mergulho: linha principal, passamos pelo cenote, fazemos um jump à esquerda, passamos pelo salão das lágrimas e se der tempo ainda seguimos até o próximo “T”. Lá fui eu para o que depois fui conhecer como um “Mission Dive”, um problema para mergulhadores de caverna, que não podem se perder na pressa de chegar em algum lugar e deixar de prestar atenção nos detalhes, na respiração, consumo de ar, etc. Enfim, nós não tivemos nenhum problema maior, só foi um mergulho demasiado rápido, inclusive na parte mais bonita do mergulho. Lição aprendida!
Esforço para sair da água carregando tanques duplos no Cenote Car Wash, em Tulum, no Yucatán, sul do México
4° DIA – PIT (Sistema Dos Ojos) e PET CEMENTERY (Sistema Sac Actún, 23/02)
Mergulhando em meio aos raios de luz que penetram no Cenote The Pit, em Tulum, no Yucatán, sul do México
Nosso quarto dia foi de descanso nos treinamentos, mas não nos mergulhos! O Luis já tinha outro compromisso fora de Tulum, e nós queríamos muito fazer alguns mergulhos de cavern para tirar algumas fotos bonitas. Então preparamos tudo com o pessoal da Scuba Tulum, parceira da Dos Ojos e fomos com Edwin conhecer dois dos cenotes mais impressionantes da região: o Pit e o Pet. Gostamos tanto de lá que voltamos dias mais tarde para fazer apneia e testar o nosso fôlego. Confira o post aqui.
5° DIA – GRAN CENOTE (25/02)
É preciso estar atento aos sinais na linha guia no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Finalmente chegou o grande dia! O dia em que seremos testados e finalmente avaliados para receber (ou não) a certificação de Full Cave. Mergulho em caverna é uma atividade séria e perigosa e os instrutores sabem da responsabilidade que tem em mãos, certificando um mergulhador que se não estiver preparado pode colocar a sua vida e a do seu parceiro em risco. Nós acordamos concentrados, não apenas pelo teste, mas por saber que a esta altura já deveríamos ter todas as habilidades e novos conhecimentos absorvidos bem compreendidos e como parte do nosso modus operandi.
Início de mergulho no Cenote Pet Cementery, em Tulum, no Yucatán, sul do México
O Grand Cenote é um dos sistemas mais complexos da região, interligado com outros cenotes, linhas principais e circuitos. Alguns dos acidentes que estudamos durante esta semana se passaram neste lugar, o que nos deixa mais tensos, mas também mais alertas. Grande parte das regras de sinalização que havíamos aprendido no nosso primeiro curso, Intro to Cave, aqui no México simplesmente não podem ser aplicadas, portanto as setas a cada 50 metros sinalizando a saída e com as distâncias marcadas como vimos nos sistemas da Flórida, não existem aqui, até por que podem complicar ao invés de facilitar.
O incrível cenário do mergulho no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
O planejamento do mergulho basicamente era, dentro da nossa regra de terços, um tempo máximo de 120´, ou seja, 60´para entrar e 60´para sair. Porém havia aqui um detalhe importante, nós queríamos fazer um circuito, o que significa que se não completássemos o Cuzan Nah Loop antes dos 60’, teríamos que voltar e fechar o mergulho sem o loop. Importante lembrar que neste mergulho o Luis seria o mergulhador “fantasma”, apenas nos acompanhando, avaliando cada passo e gentilmente registrando todo o mergulho com a sua câmera sub.
No último dia, o Luis mergulha conosco com seu equipamento de fotografia, em Tulum, no Yucatán, sul do México
O incrível mergulho de quase um quilômetro pelo Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Eu lideraria o mergulho e tinha em mente tudo o que havíamos aprendido e revisado nos dias anteriores. Não acelerar e entrar em um “mission dive”, manter o passo, o trim, a flutuabilidade e o consumo de ar perfeitos, pois novamente se atingimos o nosso terço antes de fechar o circuito planejado, retornaríamos. A preocupação que me acompanhava no caminho ao cenote desapareceu assim que entramos na água.
Recolhendo a corda no final de mergulho no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Passagem mais estreita do mergulho no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Fizemos a revisão do planejamento, calculamos os tempos, terços e revisamos o nosso caminho: começamos o mergulho na linha de cavern do Gran Cenote, fizemos um primeiro salto à direita, um gap do Cenote Hotul e logo outro salto à direita na linha do Cuzan Nah Loop, que possui outro pequeno cenote próximo. Fomos tranquilos na nossa pernada de sapo, aproveitando cada minuto e cada cenário.
Fazendo a amarra inicial do mergulho no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Mergulhando pelas galerias do Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
O Grand Cenote é repleto de estalactites e estalagmites, belíssimo! As formações na área do loop são ainda mais impressionantes! Quando estávamos chegando ao nosso terço, que curiosamente estava alinhado com o tempo limite que colocamos para o mergulho, avistamos a luz natural do pequeno cenote que marcava o começo do loop! Timing perfeito! Começamos a recolher as linhas e nossos marcadores (flechas e cookies), retornando pelo gap e novamente o salto, de volta à entrada do Gran Cenote.
Chegando à zona de cavern no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Gran Cenote, em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Como sempre após o mergulho vamos à nossa avaliação pós-mergulho e revisando todos os passos eu cheguei a conclusão de que tudo havia acontecido exatamente como deveria ser, tudo correu como planejado, sem nenhum erro, nenhum porém. O Luis, que cumprindo o seu papel normalmente é mais crítico e detalhista para nos ensinar, revisou sem correções e contra as suas regras, nos elogiou, felizmente surpreendido com a nossa performance! Sensacional!!! Não restava dúvidas que nós, agora, somos capazes e temos o conhecimento para explorar, em segurança, este imenso mundo subaquático e subterrâneo que forma grande parte do nosso planeta. Um privilégio para poucos malucos! Rsrs!
Fazendo a amarra de um jump no Gran Cenote, na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto de Luis Leal)
Nesta mesma noite nos encontramos no Bistrô francês de Tulum para uma conversa final, revisão de alguns temas da prova teórica e já recebemos as nossas novas credenciais! Wohooo! Full Cave Divers! \o/
Final de curso de mergulho em Tulum, na costa caribenha do Yucatán, no México
Fechamos assim a nossa deliciosa rotina de aprendizagem e mergulho em Tulum. Aulas e mergulhos todos os dias das 9 às 16h, hora em que voltávamos para o nosso apartamentinho no Hotel Nadet e ainda tínhamos um tempo para ler as apostilas, descansar um pouco, recarregar as baterias (nossas e das lanternas de mergulho) e então ir para a sala de aula, para as aulas teóricas. Há muito tempo não tínhamos uma rotina em um só lugar e mesmo que em diferentes cenotes, a atividade era basicamente a mesma. Ainda que fosse uma rotina demandante e cansativa, o desgaste era bem diferente que estar na estrada, em diferentes hotéis e lugares todos os dias. Adoramos esta parada em Tulum, realizamos um sonho e saímos de lá com a impressão que foi pouco tempo. Agora sim teremos que voltar (urgentemente!) para colocar todo este conhecimento em prática, explorando e descobrindo este imenso mundo subterrâneo e submerso do Yucatán.
Mergulhando em cenotes na região de Tulum, no Yucatán, sul do México (foto divulgação, de Luis Leal)
Região de Vassouras, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi criado em 2 de junho de 1981, possui 155 mil hectares e fica localizado no litoral do Maranhão. As grandes atrações do parque são suas dunas de mais de 40m e lagoas, que começam a aparecer no início do período chuvoso e preenchem cada funil deixado pelas dunas, formando uma paisagem sensacional entre os meses de maio a agosto.
As primeiras dunas a aparecer, em Vassouras, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Algumas pequenas comunidades ficam localizadas às margens de lagoas permanentes no meio do parque, como a Queimada dos Britos e Baixa Grande, mas estas estão distantes e sem muita infra-estrutura turística, precisando de pelo menos dois dias de caminhada para alcançá-las. Nosso plano inicial era fazer esta caminhada, porém nosso tempo está curto e ainda não estamos no período em que as lagoas estão mais cheias. Assim escolhemos uma base alternativa à agitada cidade de Barreirinhas, que nos desse acesso a algumas das melhores atrações do parque, o vilarejo de Atins.
Pássaros dormem ao sol, durante viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
As fronteiras do parque nacional são, basicamente, o mar ao norte, a cidade de Barreirinhas ao Sul, o Rio Preguiças ao leste e a cidade de Santo Amaro a oeste. O Rio Preguiças, portanto, é um dos pontos chaves para a exploração dos Grandes Lençóis Maranhenses. Ele margeia a cidade de Barreirinhas e possui algumas comunidades daí em direção à sua foz, as duas principais são o Caburé e o Atins.
Margem e vegetação ao longo do rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Há duas formas de chegar até Atins, descendo o rio de barco ou de toyota pela estradão de areia. Este carro possui dois horários e leva em torno de duas horas até lá, por 13 reais. As lanchas rápidas cobram em torno de 50 reais por pessoa (mín. 4 passageiros) para o passeio até a foz, conhecendo as comunidades e te deixando no Caburé ou Atins, última comunidade ribeirinha. Você também pode pegar o barco de linha, que funciona como o ônibus local, custa 10 reais por pessoa, vai parando em todas as comunidades e leva quatro horas para chegar até o destino final. Foi nessa que escolhemos embarcar, pois além de gastar menos, aproveitamos o passeio e vamos nos entrosando na comunidade, entendendo como são a vida e a cultura locais.
Pequena venda em Mandacaru, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
A aventura já começou no cais, com um atraso de uma hora já que o mestre da embarcação teve que esperar a maré subir para facilitar o carregamento de materiais de construção no porão da embarcação. Sacos de cimento e várias ripas de madeira que se encaixaram perfeitamente no chão do barco sob os nossos pés. Com jeitinho coube tudo e todos os passageiros conseguiram viajar confortavelmente em seus bancos de madeira. Além dos moradores e locais, havia 5 turistas: 3 paulistas de férias e um casal ela brasileira e ele italiano que acabara de vir para o Brasil de mala e cuia depois de uma temporada em Londres.
viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Eu fiquei mesmo interessada foi em um menininho de 12 anos que estava desacompanhado dos pais. Ele tinha uma corrente no pescoço com um pingente que imitava uma arma. Estava tão sério, com uma cara amarrada e eu olhando para ele pensei: “nossa, não é possível que com esta idade já tenha tanta pose de mal. Arma no pescoço e cara de poucos amigos, mó pinta de futuro bandido.” A curiosidade foi me corroendo por dentro, até que puxei assunto para entender qual era a do menino, até por que eu queria muito estar errada.
No barco, durante viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Ele continuou sério, de início, mas aos poucos foi se soltando e nós passamos as quatro horas do passeio conversando sobre tudo o que vocês podem imaginar! Devanilson é uma criança normal, feliz, que vive na comunidade de Bardaora, às margens do rio. Ele havia ido passar uma temporada com o tio em Barreirinhas e estava voltando para casa, onde suas principais atividades são estudar, brincar e sanar sua imensa curiosidade do mundo em vídeos sobre o mundo animal, medicina, história, que ele encontra na televisão. Tudo o que você perguntar ele sabe, dinossauros, pássaros, frutas, peixes, etc. É bom aluno e sua matéria preferida na escola é ciências sociais. Adivinhem o que quer ser quando crescer? Médico, de crianças. Ele quer estudar e voltar para Barreirinhas, onde ele poderá pegar o barco para cuidar das crianças das comunidades.
"Ambulancha" em Mandacaru, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Adora viver lá, é muito bom por que não tem carro, não tem poluição e é muito bonito. Lá pelas tantas achei que já poderia perguntar sobre aquela arma no seu pescoço e ele, sem enxergar maldade alguma naquilo respondeu, “era a única que tinha para comprar”. “Ahhh bom, por que eu fiquei com muito medo de você quando te vi sério e com isso no pescoço”, falei, “tire isso daí menino! Rsrs”
Com o Devanilson, durante viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Nós falamos tanto que logo um outro menino que estava no barco quis se juntar a nós, louco para conversar e dividir conosco suas peripécias. Luciano tem 13 anos, já está indo para a oitava série e sua matéria preferida é a matemática. Ele também mora em Bardaora e conhece Devanilson. Ainda não sabe bem o que quer ser quando crescer, mas quer fazer faculdade. Provavelmente será engenharia, já que é bom com números. É uma simpatia, está sempre sorrindo, principalmente com o olhar. Adora conversar com turistas e disse que vários já o fotografaram durante a viagem, por que será?
O Luciiano, em viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Enquanto eu estava entretida com os meus novos amiguinhos, Rodrigo curtia a paisagem lá da frente do barco e descia em cada parada para comprar cervejas geladinhas que nos alimentaram durante o passeio. Sobe gente, desce gente, até que chegou a hora dos meus companheiros irem embora, felizes para suas casas, não sem antes me darem um abraço gostoso e tirarem uma foto de recordação.
Despedindo-se do Luciano e Devanilson, na viagem pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, nos Lençóis Maranhenses (MA)
Chegamos à Atins e o Buna estava nos esperando para levar-nos até a pousada. O tempo estava fechando, mas mesmo assim não desistimos de desbravar um pouco a foz deste rio, preguiçoso por natureza. O rio forma várias baias, lagoas e penínsulas antes de chegar ao mar, o que torna a nossa caminhada mais emocionante, já que é uma geografia diferente e um pouco complexa para dois iniciantes em geografia maranhense. Tínhamos uma primeira expectativa de chegar ao mar e o Buna já nos advertiu, vocês teriam que andar uns 8 km. Já eram 5 da tarde, então saímos em direção ao mar, parecia que conseguiríamos, mas quanto mais andávamos mais longe ele ficava. Paramos ali mesmo, em uma das baias, tomamos banho nas águas de Oxum e Yemanjá e ainda tivemos uma visitinha de Oxumaré, com uma chuva daquelas que resistiu a parar. Que venha a chuva! Queremos todas as lagoas bem cheias, garantia de belas paisagens nos mosaicos e dunas dos Lençóis Maranhenses.
Lago da Mina da Passagem em Mariana - MG
Em setembro do ano passado ganhei do Rodrigo um presente diferente, o curso de mergulho em cavernas. Este sempre foi um dos meus sonhos como mergulhadora, mergulhar em cavernas. Só depois do curso fui ver que o buraco era muito mais embaixo. Não estamos falando de entrar em pequenas grutas ou restrições criadas pelos corais, mas sim de cavernas imensas alagadas. No Brasil temos diversos locais perfeitos para esta prática, como Bonito no Mato Grosso do Sul, Nobres no Mato Grosso ou mesmo a Chapada Diamantina na Bahia. O único “pequeno” empecilho foi que o Ibama proibiu a prática deste esporte em cavidades naturais sem que haja o plano de manejo da caverna com uma avaliação específica para este fim. Um plano como este tem um custo muito alto e nem o governo e nem os proprietários das terras tem interesse de investir, além destes não quererem se comprometer em liberar o espaço para um esporte arriscado como este. Sendo assim não temos como praticar o mergulho em caverna a não ser fora do Brasil ou usando a criatividade, característica peculiar ao nosso povo.
Acesso para a Mina da Passagem em Mariana - MG
Foi assim que uma mina de ouro, com mais de 300km de túneis escavados se tornou um dos mais interessantes pontos de mergulho em caverna no Brasil. A Mina da Passagem em Mariana foi desativada no início do século passado, depois de décadas de exploração a mineradora responsável parou de drenar a água encontrada nos veios cavados, deixando que ela inundasse. O lago da mina possui água mineral transparente, com uma temperatura constante de 21°C, perfeita para o mergulho! O responsável por esta idéia e pela infra-estrutura montada na mina para os mergulhadores foi Romeu Dib, um dos mais experientes instrutores e exploradores de cavernas submersas do país. (www.divegold.com.br)
Romeu Dib, nosso guia no mergulho na Mina da Passagem em Mariana - MG
Esta operação de mergulho é um tanto quanto curiosa. Ao invés de irmos à praia vamos para Minas Gerais, que nem mar possui. Ao invés de entrarmos em um barco, pegamos um carrinho de mineração. Depois do mergulho é que vem a melhor parte, não precisamos lavar todo o equipamento, pois o próprio mergulho já se encarregou disso! Uma beleza!
Entrando na Mina da Passagem em Mariana - MG
Chegamos à mina as 10h, eu e Rodrigo pedimos ao Dib um primeiro mergulho guiado, já que ele conhece a mina como a palma da mão e o nosso último mergulho havia sido em janeiro. O Dib não só veio nos encontrar como trouxe outro mergulhador experiente para o seu batismo em caverna, o Jorge. O mergulho guiado foi maravilhoso, eu fui liderando a equipe seguindo a gold line e as instruções do Dib nos “jumps” que fizemos para túneis secundários. Fizemos uma travessia, chegamos a 21m de profundidade em quase 40 minutos de mergulho. Foi demais!
Ana mergulhando na Mina da Passagem, em Mariana - MG
O nosso segundo mergulho foi a nossa estréia solo em caverna, sem ninguém mais experiente junto conosco. Sem dúvida ficamos mais ansiosos e muito mais atentos! Já havíamos mergulhado com o Reinaldo Alberti, nosso instrutor que nos formou Intro to Cave Divers e também com o Dib. No entanto mergulhar sozinhos foi sensacional! Só assim tivemos certeza que estamos preparados para os mergulhos na Flórida e no México, onde o american way “do it yourself” não nos facilitará nem um pouco a vida.
Placa meio "borrada", subaquática, advertindo mrgulhadores da Mina da Passagem, em Mariana - MG
Logo na entrada encontramos uma placa colocada pelo Dib, alertando dos perigos de mergulhadores não treinados passarem daquele ponto, pois muitas pessoas já morreram achando que sabiam o que estavam fazendo. Mergulhar na mina é muito diferente, não vamos avistar nenhuma espécie de peixe ou coral. Vemos apenas túneis, espelhos d´água formados pelo ar que expiramos e as ruínas inundadas da mina. Trilhos, dormentes, escorregadores e alguns utensílios utilizados para mineração. Durante o mergulho fiquei imaginando os mineiros trabalhando, o ouro sendo encontrado e extraído. Um mergulho na história! Penso também em quantas pessoas podem ter morrido lá embaixo e chego a arrepiar de imaginar que seus espíritos podem estar lá, nos vendo mergulhar e achando tudo aquilo muito estranho! Rsrs.
Autofoto durante mergulho na Mina da Passagem, em Mariana - MG
Ana atravessando restrição em mergulho na Mina da Passagem, em Mariana - MG
A experiência de mergulhar em uma mina já é fantástica, mas também não vemos a hora de mergulharmos em cavernas naturais. Já está tudo programado dentro dos 1000dias, mas ainda deve demorar pelo menos uns 300 para chegarmos lá!
Escada que dá acesso aos mergulhadores para o lago na Mina da Passagem em Mariana - MG
Enquanto ficamos sonhando com os próximos mergulhos, ainda extasiados pelo que acabamos de fazer, aproveitamos para ir até o centro histórico de Mariana. Fizemos um lanche e visitamos a Igreja Matriz e seus arredores. Mariana foi a primeira capital de Minas Gerais e por isso possui uma história muito rica impressa em suas ruas e sua arquitetura. Vale à pena explorar e respirar um pouco esta história, sem pressa, tentando prolongar ao máximo cada minuto destes nossos 1000dias.
Igreja de São Francisco em Mariana - MG
O verdadeiro José Cuervo! (na cidade de Tequila, no México)
Rumo a Mazatlán passamos pela cidade de Tequila, onde nasceu a José Cuervo, primeira fábrica de tequila do mundo. Hoje já existem várias marcas, mas esta continua sendo líder mundial na produção, venda e exportação do produto.
Rótulo da famosa José Cuervo, na cidade de Tequila, no México
Lá finalmente descobrimos qual é a base de onde é produzida a tequila: a Agave Azul. Uma planta cactácea parecida com uma aloe vera, só que umas 10 vezes maior. Das folhas são feitas fibras para tecelagem, cestos, papel, etc. A tequila é produzida do coração do agave azul, que pesa de 10 a 60 kg dependendo do tamanho da planta.
Plantação de agave na região da cidade de Tequila, no México
O miolo do agave é deixado 2 semanas em um pátio aberto, sob o sol, onde já começa a fermentar naturalmente e depois são colocados em fornos imensos e aquecidos por 48 horas. Quando sai dali, o agave “assado” é moído e exprimido, o caldo extraído é quase um mel, produto da fermentação dos seus açúcares naturais. Este líquido vai para os destiladores e daí sai o primeiro “espírito” com 65% de álcool, forte como o diabo!
O Agave, matéria-prima para produção de tequila, durante visita à fabrica da José Cuervo, na cidade de Tequila, no México
O primeiro produto da destilação é misturado com outros ingredientes e aí começamos a ter as diferentes qualidades de tequila. A tequila prata que nós conhecemos e estamos acostumados, tipo exportação, é composta por 51,5% de agave azul e outros açúcares fermentados e destilados da cana e do milho, além de água. A ouro tipo exportação possui a mesma composição, porém fica descansando em barricas de carvalho americano.
Degustação de tequila durante visita à fábrica da José Cuervo, na cidade de Tequila, no México
As tequilas especiais, aka a verdadeira tequila, é pura, composta 100% de agave azul, sem cana nem milho. Estas são envelhecidas em barris de carvalho americano e francês com diferentes níveis de torra. Quanto mais tempo descansando em um barril, mais escura a tequila fica e mais deliciosa.
Barris para envelhecimento de tequila na fábrica da José Cuervo, na cidade de Tequila, no México
Estas são as reservas da família Cuervo que começaram a ser comercializadas há pouco tempo, os preços giram em torno de 80 a 100 dólares e são encontrados apenas aqui no México. Estas ficam em carvalho francês, barris mais tostados, por 3 anos. São as tequilas mais agradáveis ao paladar, podendo ser degustadas como uísque 18 anos, lentamente e sem gelo.
Garrafas especiais de Tequila, na cidade de Tequila, no México
Admirando coleção de garrafas de tequila, na cidade de Tequila, no México
Tudo isso aprendemos no tour que fizemos dentro da primeira fábrica e destilaria da José Cuervo na cidade de Tequila, um tour super recomendado para entender um pouco mais da história da bebida símbolo do país.
Painel na fábrica da José Cuervo, na cidade de Tequila, no México, mostra como é a colheita do agave
ps: no almoço finalmente provamos a Carne de Birrio, no mercado municipal de Tequila, birrio de vaca, não de bode. Ainda estamos tratando de arranjar a coragem para um bodinho. Rsrs!
Igreja colonial na cidade de Tequila, no México
Com o James, do hotel Kalilandia, em Feira de Santana - BA
Depois de uma viagem mega estressante ontem a noite chegamos em Feira de Santana. Estressante porque saímos um pouco atrasados do Poço Azul e acabamos pegando parte da estrada no escuro. Os últimos 80km (aprox.), sendo que seriam os mais perigosos, já que recebemos avisos e ouvimos histórias de assaltos constantes nas estradas próximas de Feira. Fomos pela BR 116, com um grande fluxo de caminhões o que é ruim, mas é bom, pois pelo menos dificulta a ação de qualquer bandido desalmado.
O escritório que muitos gostariam de trabalhar! (em Feira de Santana - BA)
Graças aos 100 Pai Nossos que eu rezei nós chegamos bem! Rsrsrs! Bem tensa, mas bem. Fomos direto para a Pousada Kalilândia na principal praça do bairro de mesmo nome, um dos mais bacanas da cidade. Por que viemos parar em Feira de Santana? Pois é, ossos do ofício, a Fiona está prestes a completar seus 20mil km rodados e precisava cumprir a revisão na concessionária. Enquanto ela estava lá, no seu médico e salão de beleza, nós aproveitamos para nos cuidar também!
Praça em Feira de Santana - BA
O Rodrigo foi ao barbeiro dar um trato completo: barba, cabelo e bigode! Tão bunitinho! Eu fui ao correio postar nossas justificativas de voto do segundo turno e encontrei no caminho uma Clínica de Terapias Corporais e Estéticas. O massagista é filho de um quiroprata e massoterapeuta com uma esteticista, especializada em drenagem linfática, massagem relaxante, entre outras. Leonardo tem o dom e depois de uma hora de massoterapia, mesclada com aromaterapia e técnicas de drenagem e acumpuntura eu saí novinha em folha! Também, depois de andar mais de 100km na Chapada, eu estava precisada!
Com o James, do hotel Kalilandia, em Feira de Santana - BA
Feira não estava nos planos, mas foi necessário, portanto acabamos adaptando o roteiro e decidimos seguir viagem para Petrolina! Não antes sem falar com o nosso amigo mega empresário das uvas na região. Infelizmente a safra já acabou e Enio já voltou para Curitiba, mas gentil como sempre, fez questão de nos receber através de sua mãe, Iolanda. Seguimos viagem para Petrolina!
Chegamos a Juazeiro em torno das 19h, mas para atravessar a ponte par Petrolina foi um parto, o trânsito nos deixou empatados por quase uma hora.
Agora, é outra coisa chegar e sermos recepcionados por alguém da cidade. Iolanda é de Curitiba, mas mora lá há 7 anos, desde que iniciaram a produção de uvas na região. Fomos super bem recebidos e ela logo nos convidou para conhecer uma das atrações da cidade, o Bodódromo!
Como Iolanda mesmo o descreveu, é a Santa Felicidade do bode, sendo que quando você escuta bode, é na realidade de carneiro que estão falando. A carne de bode é rara, porém ainda é consumida em algumas casas. No bodódromo a única iguaria de bode que se pode degustar é a lingüiça. Nós não estávamos muito dispostos depois de um dia inteiro de estrada, dizem que é muito forte, então não arriscamos. Fomos logo na especialidade da casa, mignon e picanha de carneiro! Deliciosa! Enquanto isso, conhecemos alguns amigos de Iolanda, ouvimos um pouco mais sobre a região e principalmente sobre a produção de uva no Vale do Rio São Francisco. Já vi que teremos muito a aprender amanhã. Ana Biselli, direto de Pernambuco: BOA NOITE! =)
Chegamos a Miami! A entrada nos EUA não foi nada complicada, já que tínhamos toda a documentação em dia, a única coisa que estava meio atrasada era mesmo o nosso sono. Fomos direto do aeroporto para Key Biscayne, na casa do Rita e da Su, amigos dos tempos de Unicamp do Belô. Uma delícia começar a viagem assim, já reencontrando amigos, conhecendo seus filhos lindos, André e Luisa e se atualizando sobre as histórias que aconteceram no último ano. A última vez que nos vimos foi no dia 09/05/09, no nosso casamento! Eles foram de Miami até a Ilha do Mel para nos prestigiar, é mole? Eu ainda não os conhecia na época, mas bastaram duas palavras com a Su para saber como ela é divertida e especial! Fora o Rita, que facilmente teria celebrado o nosso casamento caso o padre faltasse! Eles moram em um Condomínio maravilhoso, Key Colony em Key Biscayne, ilha ao sul de Miami. Estamos literalmente na diretoria!
Para continuar essa recepção super acolhedora, vieram direto de New York, minha irmã Juliane e o David, namorado já aclamado pela família, mas que eu ainda não conhecia pessoalmente. Logo ela nos ligou e conseguimos combinar um dia para descansar juntas. O David não tinha férias há bastante tempo e precisavam deste dia, relaxing in Miami. Sol, praia, piscina, cervejinhas e uma tarde toda para jogar conversa fora... Não precisamos de mais nada!
À noite a Ju e o David já haviam combinado uma balada com o casal de amigos em Down Town Miami, eu e o Rodrigo até nos animamos, mas também já havíamos combinado um jantar com a Su e o Marcelo, que amanhã devem viajar para a Itália, conhecer o novo sobrinho que nasceu em Roma. Sem mais um pingo de energia, depois do restaurante de comida asiática, viemos para casa e finalmente pudemos recuperar todo o sono que nos faltava. Amanhã veremos como será sair da Barra do Ararapira e chegar a Miami Beach!
O característico vulcão encoberto de Nevis - Caribe
Nevis é uma ilha pequena, arredondada e habitada em torno de uma grande montanha do mesmo nome. Monte Nevis foi assim batizado por Colombo, que quando o avistou-o coberto de nuvens teve a impressão de ser um monte nevado. Nestes três dias que passamos em St. Kitts ele realmente estava sempre nublado, então até perguntamos ao Joseney nosso amigo taxista se era sempre assim: “Imagina, isso é por que vocês não moram aqui! Ele fica muito aberto também”, ele nos respondeu. O Mt Nevis é pouco mais baixo que o Liamuiga e sua cratera já desabou, portanto não possui aquele formato clássico de vulcão. Nevis possui uma fonte de água mineral e também fonte de águas termais. Por este motivo abrigou o primeiro hotel nas ilhas caribenhas nos idos de 1700 e muitos. Era um hotel de águas termais, um dos destinos mais bacanas para os britânicos ricos da época.
Jardim Botânico de Nevis - Caribe
Reservamos o dia de hoje para exercícios na Pinneys Beach, caminhada, sessão de ginástica, abdominais e uma bela natação. Queria muito que isso fosse uma prática comum no nosso dia-a-dia, “afinal somos donos do nosso tempo”, não é mesmo? Infelizmente não! Tempo é algo escasso nessa viagem mochileira corrida em que nos metemos. Sem contar que disciplina para a atividade física também é outro atributo indispensável neste caso, coisa que sem uma rotina mais “normal” eu não consigo ter.
Pinney Beach, em Nevis - Caribe
A praia é linda água transparente de areias escuras, típica das ilhas vulcânicas. Ainda que receba catamarãs lotados de “cruzeiristas” e tenha no final da praia um Four Seasons Resort, conseguimos nos afastar uns 50m de tudo e ficamos praticamente sozinhos no meio da praia.
Nadando em Pinney Beach, em Nevis - Caribe
O restante da ilha é composto por algumas outras vilas e alguns hotéis charmosos construídos nas antigas fazendas de cana, no estilo do Rawlins Plantation em St. Kitts. Para conhecer um pouquinho mais do interior da ilha, pegamos o táxi com Jonesey e fomos até o Jardim Botânico.
Visitando o Jardim Botânico de Nevis - Caribe
Uma propriedade particular, idealizada e desenvolvida por uma família de nevitians, o Botanical Garden é uma estrutura impressionante. Confesso que eu não esperava tanto deste lugar. Uma coleção de orquídeas magníficas, além de todas as espécies de palmeiras, bromélias, suculentas, árvores frutíferas e etc. As estátuas em estilo indonésio e tailandês dão um ar exótico ao jardim botânico caribenho.
Lindas orquídeas no Jardim Botânico de Nevis - Caribe
A loja de artesanatos locais também oferece peças lindíssimas feitas em palha, coco, madeira e bordados. Artigos de decoração, cozinha e uso diário de altíssimo gosto. É daquelas que dá vontade de levar tudo para casa. Que casa? É, nessas horas fico só na vontade! RS! A estufa também é outro ponto alto, esculturas imensas dão um certo ar salomônico para o ambiente.
Jardim Botânico de Nevis - Caribe
Eles oferecem também um restaurante thailandês, com chef original e sem alterações de cardápio ou temperos. É made in Thailand, the original! Pena que tínhamos pouco tempo e não nos programamos para almoçar lá. O ferry das 17h para St Kitts estava nos esperando. Fizemos um caminho alternativo para ver um pouco mais do “interior” da ilha, há 15 minutos da capital Charlestown. Estava rolando uma competição inter-escolar de atletismo, corrida. Festa imensa que parou a pequena ilha de 12.500 habitantes, com direito à transmissão ao vivo na TV e tudo!
Lindas orquídeas no Jardim Botânico de Nevis - Caribe
No caminho Joseney, o cara mais tranquilo e de bem com a vida que já encontramos na viagem, também é um dos mais antigos taxistas da ilha. Leva e traz passageiros para conhecer seu pedaço de paraíso desde 1973. Fechamos o dia em Nevis com uma entrevista especial do Joseney para mais um capítulo do Soy loco por ti América.
Desculpem, os vídeos estão ainda sem legendas, logo vou aprender a fazer isso! Por enquanto dá para ir treinando o inglês! Ele representa perfeitamente o sotaque e estilo de vida do povo desta pequena ilha britânica no Caribe,
Os Dois Irmãos, no Leblon, Rio de Janeiro - RJ
O Rio nos inspira a ter uma vida saudável! Eu estava louca para dormir até tarde, tirar o atraso do sono, no entanto acordei sozinha pouco antes da Íris nos convidar para ir à praia, tomar um banho de mar logo cedo. É claro que levantamos e lá fomos nós, acordar e curar qualquer resquício do chopp do Jobi nas águas geladas do Leblon. É uma delícia pegar praia logo cedo, praia vazia, aquele ar fresco da manhã, sol na temperatura ideal. Curtimos a praia em família, Pedro, Íris, Bebel, eu, Ro e até a Mel, cãzinha figura.
Bebel entrando no mar do Leblon, Rio de Janeiro - RJ
Durante a tarde fomos à Prainha, uma das praias preferidas dos surfistas e artistas globais, onde os papparazzis fazem a festa nos finais de semana. Chegamos lá já eram quase 15h, mas pudemos aproveitar um pouco do sol mais saudável do dia, lendo e descansando.
Lendo um pouquinho na Prainha, final de tarde (Rio de Janeiro - RJ)
Uma hora mais tarde seguimos em direção à Grumari, procurando o restaurante do Bira, famoso por seus deliciosos pratos e vista belíssima que tem para a Restinga de Marambaia. A estrada que sai da prainha para Grumari está em reforma, pois teve diversos deslizamentos de terra, mas encontramos um caminho que seguia por dentro até Guaratiba, atravessando a montanha. A região é conhecida pelos diversos restaurantes de frutos do mar. Depois da Barra, seguindo em direção à Grumari não será difícil encontrar, é só seguir as placas que indicam “restaurantes”. Começamos a ter a vista maravilhosa com o sol se pondo e nós ansiosos por encontrar o tal do Bira, infelizmente foi só chegando lá que descobrimos que ele só abre de 5ª a domingo. Já tínhamos uma segunda indicação, caso isso acontecesse, o restaurante da Tia Palmira, mãe do Bira. Novamente demos com os burros n´água... estava fechado. Procurando por lá e assuntando com os moradores foi que descobrimos o Quintal da Praia, pouco antes do morro de Grumari. Aproveitamos nosso final de tarde, comendo um delicioso risoto de camarão, nossa “almojanta” do dia. Acabei tendo que relaxar e deixar o salto de asa delta para outro dia, mas desta vez não sairei do Rio sem saltar!
Final de tarde na Marambaia, no Rio Janeiro - RJ
Retornamos apostando quanto tempo levaríamos. O GPS disse 40 minutos, o Rodrigo 1 hora e eu calculei que levaríamos 1h30. Fizemos todo o caminho no contra-fluxo dos moradores da Barra que vinham do centro e zona sul, mas quando chegamos ao túnel Zuzu Angel o trânsito parou e quem acertou? Euzinha, infelizmente... Sendo assim, o cansaço bateu, resolvemos ficar mais quietinhos em casa. Compartilhamos com Pedro e Íris um jantar delicioso que ela nos preparou e fomos dormir, afinal essa vida saudável não é fácil!
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