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Finalmente, o Canyon!

Brasil, Minas Gerais, Carrancas

Tentando vencer o Sonrizal na Racha da Zilda em Carrancas - MG

Tentando vencer o Sonrizal na Racha da Zilda em Carrancas - MG


Faz tempo que queria trazer a Ana em Carrancas. Especiamente naquele canyon do qual guardava uma lembrança tão forte. Um local de natureza bruta, linda, de difícil acesso e, por isso mesmo, quase imaculado. Da outra vez que estive aqui não havia sido durante a semana. As cachoeiras não estavam esta moleza de agora não, super VIP. Havia gente em todas elas. Com exceção de uma! Pelo menos lá dentro do canyon, não havia ninguém. Foi uma sensação de descobrimento, ainda mais pelo esforço de se chegar até lá.

Pois bem, desde que chegamos em Carrancas, tinha a idéia fixa de levar minha valente esposa lá. No primeiro dia, aquele único em que o sol brilhou desde a manhã, acabamos ficando por mais tempo no alto da serra e depois, nos divertimos no escorregador e cachoeiras da Zilda. Ficou para o dia seguine. Mas, "no dia seguinte", ontem, passamos um dia maravilhoso na Vargem Grande/ Poço Esmeralda. Ficou para hoje, última chance.

Cachoeira no início da Racha da Zilda em Carrancas - MG

Cachoeira no início da Racha da Zilda em Carrancas - MG


Hoje o tempo amanheceu nublado. Já tínhamos marcado de voltar na fazenda Serra das Bicas e ainda queríamos viajar para São Thomé. Voltamos da fazenda quase duas da tarde. O tempo continuava nublado. Não pestanejei! Nem deixei a Ana, desanimada com o frio, sair do carro quando descemos na pousada. Só peguei a sunga e mochila e fomos direto para o canyon, aqui conhecido como a Racha da Zilda.

Voltando da RTacha da Zilda pelo leito do rio em Carrancas - MG

Voltando da RTacha da Zilda pelo leito do rio em Carrancas - MG


Cinco minutos de trilha na mata e outros 10 minutos subindo pelo leito do rio. Só esse trecho já vale o programa! As paredes do leito de pedra formam prateleias e por elas vamos caminhando, nos esquivando da água gelada e transparente que corre ao nosso lado. Por fim, chegamos ao poço onde há uma grande cachoeira de um lado e a entrada do canyon, ou da Racha, do outro, num afluente do rio maior. Foi apenas ali que reconheci de verdade a paisagem e as lembranças da aventura de outrora se tornaram mais vivas do que nunca. Nada mais poderia me impedir de levar a minha amada esposa num dos lugares mais incríveis que eu já havia estado.

Estudando uma maneira de ultrapassar o Sonrizal na Racha da Zilda em Carrancas - MG

Estudando uma maneira de ultrapassar o Sonrizal na Racha da Zilda em Carrancas - MG


Nada? Bem, na verdade, havia um último obstáculo a ser vencido. Não é que na hora que eu estava para me atirar na água apareceram duas pessoas, as primeiras que encontramos nas cachoeiras de Carrancas! Logo puxei papo, pronto para convidá-los a entrar conosco. Mas a resposta que tive foi uma total surpresa. Um deles se identificou como guia e me disse que eu não poderia entrar de maneira nenhuma. Pronto! Já imaginei que o canyon tinha sido fechado para acesso exclusivo a pesquisadores. Malditos pesquisadores!

Indignado, quis saber o porquê. Ele explicou que era pelo perigo. A água muito fria causaria hipotermia e afogamento. Enquanto ele falava, já havia decidido que entraria de qualquer maneira. Só me faltava essa ... afogamento. Passei a rebater seus argumentos: antes da hipotermia mortal, eu regressaria. E que nem dez caimbras me fariam afogar. Meu medo maior, na verdade, era que ele influenciasse a Ana e ela desistisse de entrar. Bem, por fim ele desistiu de me convencer e disse que seguíssemos até o primeiro obstáculo, o Sonrisal. Achou que desistiríamos ali. Olhei para a Ana, que acompanhara toda a discussão em silêncio e disse, firmemente: "Vamos!" Para minha alegria, ela não titubeou!!!

Cachoeira no início da Racha da Zilda em Carrancas - MG

Cachoeira no início da Racha da Zilda em Carrancas - MG


Bem, lá fomos nós, através da água gelada, até o outro lado do rio e de lá, ladeira escorregadia acima, até a entrada da Racha, onde está o Sonrisal. Essa pequena banheira circular e profunda, único caminho para entrada no canyon, tem esse nome porque a água entra nela por uma pequena cachoeira e joga muito ar lá dentro. O ar volta violentamente em forma de bolhas. Parece que a água está efervescente. Após estudar um pouco, me enchi de coragem, me atirei na água gélida e, com algum trabalho, consegui subir do lado de lá. A Ana veio atrás e eu puxei ela para cima. Vendo que nós passamos, o guia e seu cliente se foram, meio decepcionados.

Depois de explorar toda a Racha da Zilda em Carrancas - MG

Depois de explorar toda a Racha da Zilda em Carrancas - MG


Eu e a Ana seguimos para dentro dessa maravilha da natureza. Um canyon com quase 30 metros de altura e uns cinco de largura, onde raramente a luz do sol chega diretamente. Por isso, as águas são tão geladas. De tempos em tempos, as paredes do canyon quase se unem, formando cotovelos por onde o fluxo de água se acelera, tornando mais difícil e emocionante nadar contra a correnteza. Após a terceira sala (ou terceiro cotovelo) chegamos na última, onde há uma grande cachoeira. Visual de outro planeta!!!

Piscina após o Sonrizal

Piscina após o Sonrizal


Super feliz de estar lá pela segunda vez e mais feliz ainda de estar lá com a Ana. E com um super frio também. Infelizmente, esquecemos de levar a filmadora (que manés!) e a máquina fotográfica ficou atrás do Sonrisal. Voltamos lá, eu atravessei o Sonrisal de novo, peguei a máquina e voltei para a Racha. Agora que já sabia o "caminho da pedras" o temido Sonrisal virou moleza. O que não estava moleza era o frio e a tremedeira. Pior, as fotografias estavam ficando embaçadas. Assim, tiramos algumas fotos dali mesmo e retornamos sem voltar até a cachoeira para fotografar. Sei que vou me arrepender disso. De qualquer maneira, as lembranças da aventura estão mais fortes do que nunca e essas não vão se apagar. Não mesmo!

Se esquentando no sol após passar muito frio na Racha da Zilda em Carrancas - MG

Se esquentando no sol após passar muito frio na Racha da Zilda em Carrancas - MG


Felizes da vida, voltamos para a cidade e para um chuveiro quente, outra maravilha da natureza. Quer dizer, da humanidade! Para fechar a noite com chave de ouro, um feijão tropeiro no Massaroca. Hmmmmmmmmmmmm... que delícia!!!

Amanhã, São Thomé das Letras.

P.S Um assunto um pouco mais mundano: aparentemente, clonaram meu cartão em Porto Rico. Já estou correndo atrás das chatas burocracias para sanar isso...

Brasil, Minas Gerais, Carrancas, cachoeira

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