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Laguna e os Garibaldis - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Laguna e os Garibaldis

Brasil, Santa Catarina, Laguna

Um quadro mostrando a valente Anita Garibaldi, na casa onde morou em Laguna, no sul de Santa Catarina

Um quadro mostrando a valente Anita Garibaldi, na casa onde morou em Laguna, no sul de Santa Catarina


Todo estudante ginasial no Brasil sabe (ou deveria!!!) que o mundo foi dividido em dois por Portugal e Espanha, no final do séc. XV. É o chamado Tratado de Tordesilhas. Além de dividir o mundo, essa linha imaginária dividiu o Brasil também, a parte oriental (menor) para Portugal e a parte ocidental para a Espanha. Confortavelmente instalados no futuro, sabemos muito bem que essa divisão acabou não funcionando, caso contrário o Brasil não seria o Brasil. Portugueses encontraram boas desculpas e passaram por cima do tratado, da linha imaginária e chegaram onde chegaram, o extremo oriental do Amazonas a mais de 2.500 km a oeste de Tordesilhas.

Na fila da balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul de Santa Catarina

Na fila da balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul de Santa Catarina


Entrando na balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul de Santa Catarina

Entrando na balsa entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no sul de Santa Catarina


Mas durante muito tempo o famoso tratado era sim levado a sério. Se levado em consideração, o extremo sul do Brasil português ficaria no litoral de Santa Catarina, no local onde hoje fica a cidade de Laguna. Então, não foi à toa que foi construído ali um povoamento, mais tarde cidade. Eram os portugueses querendo “se garantir”. Não só isso, queriam também uma boa base para poder avançar em terras teoricamente espanholas. Assim, no final do séc XVII foi fundada a freguesia de Santo Antônio dos Anjos de Laguna.

Na balsa, atravessando a Laguna de Imaruí,  entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no litoral sul de Santa Catarina

Na balsa, atravessando a Laguna de Imaruí, entre o Farol de Santa Marta e Laguna, no litoral sul de Santa Catarina


Balsa transporta carros entre Laguna e o Farol de Santa Marta, no sul de Santa Catarina

Balsa transporta carros entre Laguna e o Farol de Santa Marta, no sul de Santa Catarina


Por muito tempo, Laguna foi a cidade mais importante do sul do Brasil. Tanto é verdade que duas das atuais capitais dessa região, Porto Alegre e Florianópolis, eram parte da freguesia de Laguna, antes de se emanciparem. A cidade era o principal ponto de parada na rota entre São Vicente (em São Paulo) e Colonia del Sacramento, no Uruguai, a tentativa portuguesa de se estabelecer na orla do Rio da Prata.

Antigo casario nas ruas centrais de Laguna, sul de Santa Catarina

Antigo casario nas ruas centrais de Laguna, sul de Santa Catarina


Prédio antigo em Laguna, no sul de Santa Catarina

Prédio antigo em Laguna, no sul de Santa Catarina


Foi também essa importância que atraiu o interesse dos revoltosos republicanos durante a Guerra dos Farrapos, no final da década de 1830, com o Brasil já independente. Controlando quase todo o território do Rio Grande do Sul, mas sem acesso a algum porto (Rio Grande e Porto Alegre permaneciam em mãos imperiais), os revoltosos se viraram para a importante Laguna. Bento Gonçalves, líder dos farroupilhas, entregou essa tarefa de conquistar laguna ao seu amigo Giuseppe Garibaldi, um italiano exilado no Brasil. Ele já tinha vasta experiência militar no seu país de origem, de onde fora expulso por liderar uma revolução. Aqui, coube a ele comandar a marinha farroupilha. Num ato de grande audácia e intelig~encia, ele levou seus dois navios através do Lagoa dos Patos e pelo rio Capivari e depois, por terra, até o litoral de Santa Catarina. Foram 90 quilômetros empurrando e puxando os barcos sobre enormes lamaçais, numa epopeia de 6 dias. O esforço valeu a pena, a marinha imperial foi surpreendida e Laguna foi conquistada!

Igreja matriz de Laguna, no sul de Santa Catarina

Igreja matriz de Laguna, no sul de Santa Catarina


Interior da igreja matriz de Laguna, no sul de Santa Catarina

Interior da igreja matriz de Laguna, no sul de Santa Catarina


Alguns dias depois da conquista, foi decretada a criação da República Juliana (o nome vem do fato dela ter nascido em Julho de 1839), que abarcaria todo o território de Santa Catarina. A nova república logo se aliou à República Riograndense e buscou consolidar seu domínio sobre o território. A cidade de Lajes, no planalto catarinense, logo aderiu a revolta, e os republicanos por várias vezes tentaram conquistar a cidade de Desterro, atual Florianópolis, mas não conseguiram. As tropas imperiais organizaram um contra-ataque e a jovem república teve vida bem curta. Antes do final do ano, Laguna, Lajes e todo o território de Santa Catarina já estavam de volta ao controle do Brasil imperial de Dom Pedro II.

Praça central de Laguna, no sul de Santa Catarina

Praça central de Laguna, no sul de Santa Catarina


A cidade de Laguna, sul de Santa Catarina, ao final da década de 1840 (foto da Internet)

A cidade de Laguna, sul de Santa Catarina, ao final da década de 1840 (foto da Internet)


Mas a República Riograndense resistiu muito mais, até o ano de 1845. Foi para lá que fugiu o revolucionário italiano. Mas ele não estava só. Levava consigo o amor de sua vida, a futura esposa Anita Garibaldi. Esta sim era uma legítima brasileira, nascida na região de Laguna. De família humilde, havia se casado aos 14 anos com um sapateiro. Mas o marido logo a abandonou para se juntar às tropas imperiais assim que começou a Guerra dos Farrapos. Quando Giuseppe chegou à cidade, foi amor a primeira vista, literalmente. Com o amor, vieram também as paixões e vocação revolucionárias. Anita se tornou uma valente e destemida guerreira, sempre a seguir seu marido. A epopeia revolucionária do casal e dos filhos que foram nascendo seguiu para o Rio Grande do Sul, onde houve vários episódios heroicos de batalhas, capturas e fugas. Depois, seguiram para o Uruguai, também com episódios de guerra e, de lá, para a Itália, terra natal de Giuseppe.

Giuseppe Garibaldi (em foto de 1860), revolucionário italiano que conquistou Laguna em 1839, no contexto da Guerra dos Farrapos (foto da internet)

Giuseppe Garibaldi (em foto de 1860), revolucionário italiano que conquistou Laguna em 1839, no contexto da Guerra dos Farrapos (foto da internet)


Foto de Anita Garibaldi na Itália, na década de 1840

Foto de Anita Garibaldi na Itália, na década de 1840


Ali ele lutava pela unificação de seu país, numa complexa trama política e militar que se arrastou por décadas. Mas a valente Anita não sobreviveu a ela. No início da década de 1850, depois de inúmeras batalhas, ela morreu nos braços de seu amado, num episódio conhecido como Fuga de San Marino. Como escreveria Getúlio Vargas um século depois, saiu da vida para entrar na história. No caso, na história de dois países, Brasil e Itália. Daí seu apelido de “Heroína de Dois Mundos”. Hoje, ela é reverenciada nos dois lados do Atlântico. E, como não poderia deixar de ser, essa reverência é mais forte ainda em Laguna, sua terra natal.

A antiga casa de Anita Garibaldi, em Laguna, no sul de Santa Catarina

A antiga casa de Anita Garibaldi, em Laguna, no sul de Santa Catarina


A antiga casa de Anita Garibaldi, em Laguna, no sul de Santa Catarina

A antiga casa de Anita Garibaldi, em Laguna, no sul de Santa Catarina


Para quem vem à laguna em busca de história, não vai se decepcionar. O casario centenário ao redor da praça e das ruas centrais, a antiga igreja matriz e muitos outros prédios valem a visita. Mas o ponto alto, sem dúvida, gira em torno da história de sua filha mais célebre a da revolução em que ela se viu envolvida.

O João Pedro e a Bruna no lugar dos revolucionários Giuseppe e Anita Garibaldi, na casa onde morou ANita, em Laguna, sul de Santa Catarina

O João Pedro e a Bruna no lugar dos revolucionários Giuseppe e Anita Garibaldi, na casa onde morou ANita, em Laguna, sul de Santa Catarina


Fantasiados de Anita e Giuseppe Garibaldi, na casa onde morou Anita, em Laguna, sul de Santa Catarina

Fantasiados de Anita e Giuseppe Garibaldi, na casa onde morou Anita, em Laguna, sul de Santa Catarina


Nós ficamos algumas horas por aqui, a Fiona estacionada na praça e a gente caminhando para lá e para cá. Fotos dos antigos prédios e vistas aos museus da cidade. Começamos pela antiga casa de Anita, restaurada na década de 70. Foi aqui que ela se preparou para seu primeiro casamento. Vários artigos e painéis informativos nos ajudam a entender um pouco da história e dos dramas da curta e intensa vida de Anita. Em uma das salas, podemos até posar para fotos em casal, o homem fantasiado de Giuseppe e a mulher de Anita. Impossível resistir à tentação.

A antiga casa de Anita Garibaldi, em Laguna, no sul de Santa Catarina

A antiga casa de Anita Garibaldi, em Laguna, no sul de Santa Catarina


Em seguida, fomos ao Museu Anita Garibaldi, ali do lado. É um prédio solene e centenário, onde já funcionou a antiga câmar de vereadores em tempos imperiais e também a cadeia da cidade. Foi ali que foi proclamada a fugaz República Juliana e podemos ver a história de todos os seus líderes. O museu também abriga informações e objetos históricos de outras épocas. Por exemplo, há muita coisa sobre os sambaquis. Como já falei em outro post, os maiores do mundo se encontram na região de Laguna (o Farol de Santa Marta faz parte de Laguna!) e atestam a ocupação humana da região já há milênios.

Prádio do Museu Anita Garibaldi, que já serviu de Cãmara de Vereadores, prisão e sede da República Juliana. (em Laguna, sul de Santa Catarina)

Prádio do Museu Anita Garibaldi, que já serviu de Cãmara de Vereadores, prisão e sede da República Juliana. (em Laguna, sul de Santa Catarina)


Visitando o Museu Anita Garibaldi, em Laguna, sul de Santa Catarina

Visitando o Museu Anita Garibaldi, em Laguna, sul de Santa Catarina


Enfim, foi um verdadeiro banho de história. Mas depois de algumas horas por lá, já estávamos interessados em outro tipo de banho: um mergulho no mar! Então, todos de volta à Fiona, eu, a Ana, o João e a Bruna e rumo à Praia do Rosa!

Giuseppe Garibaldi  carrega sua amada esposa, a brasileira Anita, na fuga de San Marino, na Itália, em 1849. Anita estava doente e morreria em seguida (foto da internet)

Giuseppe Garibaldi carrega sua amada esposa, a brasileira Anita, na fuga de San Marino, na Itália, em 1849. Anita estava doente e morreria em seguida (foto da internet)

Brasil, Santa Catarina, Laguna, Arquitetura, história

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