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Obsessão Nacional

Argentina, Ushuaia

Chegando em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, uma das placas mais comuns de se ver em todas as estradas argentinas

Chegando em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, uma das placas mais comuns de se ver em todas as estradas argentinas


Costumam dizer que o futebol e o samba são símbolos nacionais, paixões que unem todo o país. O mesmo vale para a Argentina, também com o futebol, mas trocando o samba pelo tango. Afirmações nitidamente equivocadas, nos dois casos. No Brasil, em muitas regiões, estilos musicais como o sertanejo ou o axé são muito mais populares do que o samba. Mesmo o futebol, são centenas de milhares de pessoas que preferem o vôlei, basquete, automobilismo ou mesmo, simplesmente, nenhum esporte. Talvez a final de uma Copa do Mundo tenha o poder de unir todo o país, mas um evento tão raro não pode ser prova para aquela afirmação tão ampla. Na Argentina, vale exatamente os mesmíssimos argumentos, com a diferença, talvez, de que o futebol por lá seja relativamente mais popular e levado a sério que no Brasil.

Resquícios da Guerra das Malvinas, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina

Resquícios da Guerra das Malvinas, em Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina


Mas, se há alguma coisa que chega perto de unir todos os argentinos, de sexos, idades, cores, credos e estratos sociais distintos, é o tema das Malvinas. Mais do que uma paixão, é uma verdadeira obsessão. Basta dirigirmos um pouco pelas estradas em qualquer parte do país e logo aparecerá aquela que é a placa mais comum nas rodovias: “Las Malvinas son Argentinas!”. Foi o que vimos, só para variar um pouco, na estrada entre Rio Grande e Ushuaia, ontem de tarde. E, na verdade, volto a esse assunto porque hoje, ao voltarmos para a cidade depois de um dia de explorações pelos arredores de Ushuaia (assunto do próximo post!), nos deparamos com mais um memorial sobre o tema. Mais que memorial, uma exposição de painéis fotográficos inaugurada por ocasião dos 30 anos da guerra completados no ano passado. Nós paramos para ver e, para minha grata surpresa, não se tratava de uma patriotada, mas de uma exposição muito sensível, sincera, informativa e justa.

Monumento relembrando os mortos na Guerra das Malvinas (Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Monumento relembrando os mortos na Guerra das Malvinas (Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)


Um dos painéis fotográficos da exposição sobre a Guerra das Malvinas, em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Um dos painéis fotográficos da exposição sobre a Guerra das Malvinas, em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)


Já tratei do tema da guerra nesse post, que aliás, ao relê-lo agora, achei que está muito bom e completo. Quem nos acompanha sabe que já passamos pelas Malvinas (ou Falkland) nessa viagem e podemos dizer que tivemos acesso aos dois lados da história. Aqui na Argentina, fizemos amigos ricos e pobres, jovens e velhos, homens e mulheres, esquerdistas e direitistas, e sempre que tivemos chance, discutimos o tema. É claro que as opiniões variam nos seus detalhes e meandros, mas a conclusão é sempre a mesma: “Las Malvinas son Argentinas”. Certamente, a memória fresca da guerra perdida e dos compatriotas mortos acirra ainda mais o sentimento. E, claro, as placas espalhadas pelo país não deixam o assunto ser esquecido.

Soldados argentinos caminham para o embarque para as ilhas Malvinas no início da guerra(fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Soldados argentinos caminham para o embarque para as ilhas Malvinas no início da guerra(fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)


Por isso gostamos da exposição que vimos hoje. Ela não tenta “acirrar” os ânimos. Mostra, nua e cruamente, como foi a guerra, sem questionar suas razões ou tomar partido. São fotos que mostram os soldados partindo do continente para as ilhas, sentimento patriota estampado em seus olhares temperado por um certo medo que a coisa se torne mais séria. Depois, fotos dos soldados entrincheirados em Port Stanley, a guerra já uma certeza, mas ainda longe no mar. As manchetes dos jornais argentinos, como era de se esperar, nada fazem para acalmar os ânimos. Aliás, até poucos dias antes da derrota final, boa parte do país ainda tinha a certeza da vitória. Numa época sem internet, ainda era bem mais fácil para o governo não só controlar o fluxo de informações como também “deturpá-lo um pouquinho”.

Soldados argentinos leem jornais entrincheirados nas Malvinas no início da guerra (fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Soldados argentinos leem jornais entrincheirados nas Malvinas no início da guerra (fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)


Outras fotos mostram soldados ingleses lavando e preparando seus aviões para a batalha enquanto argentinos correm esbaforidos nos últimos dias de uma resistência quase heroica para defender a capital da ilha, Puerto Argentino na nomenclatura local. Por fim, não poderia faltar, a volta para casa, seja em caixões, seja com os rostos envergonhados e cansados por uma guerra sem sentido, inútil e idiota.

Soldados ingleses lavam asa de avião antes de novo bombardeio contra tropas argentinas durante a Guerra das Malvinas (fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Soldados ingleses lavam asa de avião antes de novo bombardeio contra tropas argentinas durante a Guerra das Malvinas (fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)


Para quem vê essa história de fora, é fácil ver como um sentimento até certo ponto legítimo pode ser explorado por correntes políticas as mais variadas, da extrema direita corrupta e sanguinária à esquerda populista e inconsequente. O pseudo-patriotismo sempre pode ser usado para unir o país e desviar olhos e críticas de outras questões muito mais importantes. Não estou dizendo que as placas espalhadas pelo país tem esse objetivo, mas certamente ajudam nessa estratégia, a de ter sempre um az na manga para os momentos de crise.

Soldados argentinos caminham em uma Port Stanley já sitiada pelos ingleses, nos últimos dias da Guerra das Malvinas (fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Soldados argentinos caminham em uma Port Stanley já sitiada pelos ingleses, nos últimos dias da Guerra das Malvinas (fotografia em exposição em praça de Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)


Quanto às Malvinas, já disse no post citado acima e repito aqui: a questão não será solucionada nessa geração. Mas pode começar a ser “encaminhada”. Os argentinos precisam reconquistar os corações e mentes daqueles que lá vivem, os kelpers. Trabalho de muito longo prazo, pois muitos dos que lá estão passaram pelos horrores da guerra. A pressão econômica e política deveria cessar. Acordos de amizade e ajuda recíproca deviam ser assinados. Boa saúde e educação deveriam ser oferecidos aos habitantes da ilha. Obras de infraestrutura implementadas. Intercâmbios culturais. A proximidade geográfica torna claro que, dentro de um ambiente lógico e racional, há muito mais sinergia econômica daquelas ilhas com a Argentina do que com a Inglaterra. Mas, acima de tudo, é preciso um país sério e com ambiente político estável e previsível. Nada de aventuras populistas com viés antidemocrático. Muito menos, ditaduras corruptas ou sangrentas. Paciência e racionalidade. O que são duas gerações comparadas com o tempo de vida de uma nação?

Monumento relembrando os mortos na Guerra das Malvinas (Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Monumento relembrando os mortos na Guerra das Malvinas (Ushuaia, no sul da Terra do Fogo, na Argentina)

Argentina, Ushuaia, história, Malvinas, Falkland

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