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Caminhada no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
São Pedro do Atacama está a 2.438 msnm em uma depressão Antiplanica, entre a Cordilheira Domeyko e a pré-cordilheira Andina. As montanhas nevadas marcam o seu horizonte, sendo o Licancabur o principal personagem dos postais e fotos da cidade.
Rua em San Pedro de Atacama - Chile
Licancabur é um vulcão com 5.590m de altura e no formato cônico mais tradicional que estamos acostumados a ver em desenhos animados. Lindo e imponente ele marca a paisagem e é personagem de uma história muito curiosa. Reza a lenda que Licancabur e seu vizinho Juriques (5.704m) se apaixonaram pela distante montanha de Quimal (4.278m), localizada na Cordilheira de Domyenko. Na disputa, Licancabur enfurecido teria decepado a cabeça de Juriques, reinando pleno como o vulcão bonitão na cordilheira andina.
Vulcão Licancabur visto do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Ao fundo, em direção à Toconao, vemos o Láscar, vulcão ativo com 5.550m de altura, sua última grande erupção foi em 1994 e desde então outras menores ocorrem com intervalos de 2 ou 3 anos. Com sorte podemos ver as fumarolas saindo de sua cratera.
Antigos vulcões vistos do deserto do Atacama - Chile
Com uma cadeia de montanhas como esta, impossÃvel São Pedro não ter se tornado também um oásis para os montanhistas. Há quase um ano atrás meu cunhado, Guto, esteve aqui e escalou 3 vulcões: Cerro Toco, Láscar e Licancabur, as duas últimas geralmente são caminhadas de dois dias. Ao norte estão as montanhas mais procuradas para trekking e escaladas, dentre elas o Sairecabur de 6.050m.
Caminhada acima dos 5 mil metros no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Seria o meu primeiro trekking acima dos 5.000m, isso por que não conto os 300m de caminhada ofegante para vencer 50m de altura entre a casinha de esqui até o topo do Chacaltaia na BolÃvia. Infelizmente não tÃnhamos muito tempo, portanto decidimos fazer um trekking de um dia, procurando a montanha de mais fácil acesso, o Cerro Toco. By the way, de toco ele não tem nada, são 5.604m de altura.
Muita neve no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
A caminhada começa dos 5.300m, uma ascensão pequena de apenas 300m nos levaria até o topo. Encontramos Cristóbal, nosso guia e pegamos a mesma estrada que leva ao Paso de Jama. Só ali já subimos dos 2.500m aos 4.500m. Nós já estamos um tanto quanto aclimatados depois da passagem por Potosà e tantos outros passos entre a puna argentina e chilena. Ainda assim uma coisa é um cotidiano normal acima dos 4.000m, outra é sair andando e subindo montanhas.
Dirigindo entre o gelo e o abismo, no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Nosso planejamento era simples, a Fiona nos leva à base da montanha onde encontramos a trilha principal na face sul e em 2h30 ou 3h estamos no topo. O Rodrigo poderia fazer em 2h até, mas eu prefiro sempre contar com uma folga, já que sou a principiante nesse negócio. Infelizmente o plano já começou mal... a neve estava cobrindo as rotas de acesso à base e por mais que tentasse a Fiona não poderia passar. Começamos a buscar alternativas, entramos em 2 ou 3 diferentes rotas, até que, depois de atolar a Fiona no gelo, encontramos a antiga estrada da mina de enxofre e que pôde nos levar até os 4.800m pela face noroeste do Cerro Toco.
Chegando de volta à Fiona, após caminhada no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
A caminhada é fácil, caminhando em um ritmo tranquilo, respeitando a altitude e a falta de oxigênio, fomos subindo. O primeiro trecho um pouco mais Ãngreme, sem uma trilha formada buscamos o melhor caminho no solo vulcânico, entre rochas e a neve. O Cerro Toco possui 3 picos, o principal já havia ficado muito distante, do outro lado. Daqui ainda conseguÃamos ver um deles, sem trilha e com uma inclinação muito acentuada.
Um dos três cumes do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Eu ainda tinha esperanças, mas Cristóval e Rodrigo logo adaptaram suas expectativas e trataram de me colocar à par. Gastamos uma hora a mais procurando a estrada e estávamos com uma ascensão muito maior do que a planejada, dos 4.800 aos 5.600m, por isso agora a nossa escalada ao topo do Cerro Toco passou a ser um trekking acima dos 5.000m e vamos ver até aonde conseguimos chegar.
Caminhando com o Cristobal na magnÃfica região do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Partimos dos 4.800m e em duas horas fomos até as minas de enxofre abandonadas, aos 5.300m. Andamos muito mais e ainda assim não chegamos ao cume. Não vou dizer que não foi frustrante, mas temos que jogar com o que temos. Valeu muito a experiência para ver como eu me sairia acima dos 5.000m.
Aos 5.300 metros, ao lado das antigas minas de Enxofre no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
No meu balanço final eu acho que me saà bem. Fisicamente me senti muito disposta e tranquila. A única coisa que me pega é o lado psicológico. Infelizmente confirmei que não posso ter o Rodrigo como meu dupla em situações como esta. Depois de centenas de caminhadas e montanhas a diferença de ritmo se mostra sempre um problema. Eu peço para que me acompanhe pacientemente, mas ele segue no seu ritmo me deixando para trás. Imagino que não deve ser fácil para ele ter que diminuir o ritmo... afinal, isso também cansa. Enfim, para mim uma equipe deve caminhar sempre unida. Aà é que vem o meu psicológico: se algo acontece comigo lá atrás, será que ele poderá me ajudar? Segundo ele sim... em dois minutos volta correndo e me ajuda... mas será que ele vai ver? Tudo passa pela minha cabeça... que eu deveria estar lá com ele, que estou lenta demais, etc, é uma certa sensação de impotência. Enfim, eu preciso trabalhar isso e nós precisamos acertar os tempos e a comunicação. Acho que, se pelo menos ele me avisar que vai acelerar, eu ficarei mais tranquila, sabendo o que vem pela frente.
Muita neve no Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
O Rodrigo, depois do meu breve chilique, ainda se colocou positivo sobre a minha performance, dizendo que agora acha que eu tenho 65% de chances de conseguir subir o Aconcágua, imagina. Esclarecendo: eu tenho vontade de subir o Aconcágua, assim como tenho vontade de ir à lua. Ter vontade não significa ter isso como um objetivo, gosto de trekkings pelo prazer da caminhada, da natureza, não para ficar sofrendo com o frio de - 10 ou 15°C durante 15 dias pelo prazer de chegar ao cume.
Caminhando com o Cristobal na magnÃfica região do Cerro Toco, na região de San Pedro de Atacama, no Chile
Enfim, o Cerro Toco foi apenas a primeira das montanhas acima dos 5.000m e ainda ficou entalada na garganta, por não termos chegado ao topo. A neve, o frio congelante e o vento cortante deram outra dinâmica à caminhada. A linda paisagem do Atacama, vermelho e seco, contrastando com os Andes gelados, Licancabur, Jurique e a Lagoa Verde (já no lado boliviano), fazem tudo valer muito à pena.
Por favor, pdoeria me dizer qual foi a operadora de turismo que contratou para subir ao cerro toco, e quanto lhe custou?
Obrigado
Resposta:
Oi Filipe! Fechamos um pacote diferente, pois não incluÃa transporte e alimentação, já que estávamos de carro, apenas contratamos o guia. Não consegui encontrar o nome da agência, fechamos lá na rua mesmo, são várias ali na rua principal e algumas especializadas em montanhismo, mas encontrei a Sol Andino, bem indicada e que organiza trekkings nos vulcões ao redor de San Pedro. http://www.solandinoexpediciones.cl/index.html =) Boa viagem! Abs
amiga, estou orgulhosa d vc! hehe
que lugar magnÃfico!
Resposta:
É guria, estou treinando e descobri que meu corpo até que se aclimata bem à altitude. Mas o principal é a teimosia do Rodrigo e a minha vontade de agradar e acompanhar a ele! rsrsrs! Beijos!
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