0 Liworibo e o Salto Aponwao - Blog da Ana - 1000 dias

Liworibo e o Salto Aponwao - Blog da Ana - 1000 dias

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Liworibo e o Salto Aponwao

Venezuela, Gran Sabana

Admirando o Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela

Admirando o Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela


Começamos a nossa aventura pela Gran Sabana venezuelana! Um lugar bem conhecido dos brasileiros do norte, principalmente do Amazonas e de Roraima, que aproveitam feriados e férias para conhecer as savanas e cachoeiras do sul da Venezuela. Uma terra de muitas belezas naturais cortada basicamente por uma única estrada, a 10, que sai de Santa Helena de Uairén, na fronteira com o Brasil, vai até Ciudad Guayana, 600 km ao norte e continua rumo ao Mar do Caribe. Nós percorremos esta estrada no sentido contrário, já que vínhamos de Ciudad Bolívar. Adiantamos parte do percurso dirigindo 5 horas até a cidade mineradora de El Callao, na fronteira norte da Gran Sabana.

Atravessando o centro garimpeiro de El Dorado, antes de entrar na Gran Sabana, na Venezuela

Atravessando o centro garimpeiro de El Dorado, antes de entrar na Gran Sabana, na Venezuela


El Callao se desenvolveu em torno da região mais rica em ouro na Venezuela. Durante mais de 300 anos os espanhóis buscaram o El Dorado ao longo do Rio Orinoco, porém foi apenas em 1849 que os garimpeiros espanhóis encontraram os ricos veios de ouro do Rio Yuruarí. Mais de 15 toneladas de ouro eram retiradas por ano nos idos de 1880 e a Venezuela se tornou a maior produtora de ouro do mundo, só perdendo o posto para a África do Sul anos mais tarde. Ainda assim calcula-se que 10% das reservas de ouro do mundo estão em terras venezuelanas e andando pelas ruas de El Callao fica bem fácil acreditar nisso.

Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela

Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela


Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela

Passando pelo centro mineiro de El Callao, a caminho da Gran Sabana, na Venezuela


Fizemos umas comprinhas básicas na cidade, água e frutas e seguimos viagem pela Gran Sabana, com paisagens lindas! No caminho pararíamos em um posto de gasolina para colocar diesel, mas a fila gigantesca nos fez desistir. Tínhamos combustível justo para chegar à Santa Helena e contávamos com um posto no km 88 ou ainda com o posto das Rápidas de Kamoirán, no km 171. Nenhum deles tinha diesel, portanto ficamos apenas com uma pequena folga para desviar até o Salto Aponwao.

Gran sabana, na Venezuela. O Brasil é logo ali!

Gran sabana, na Venezuela. O Brasil é logo ali!


O Salto Aponwao está dentro do Parque Nacional Canaima, um dos maiores parques nacionais do país. Só para terem uma ideia do tamanho, é o mesmo parque onde está localizado o Salto Angel, com acesso apenas via aérea. Localizado no norte da Gran Sabana, para chegar até ele é necessário estar em um veículo alto, preferencialmente com tração 4 x 4.

Placa informativa de estrada secundária na Gran Sabana, na Venezuela

Placa informativa de estrada secundária na Gran Sabana, na Venezuela


A Fiona nos leva através da Gran Sabana, na Venezuela

A Fiona nos leva através da Gran Sabana, na Venezuela


Saímos da estrada principal no km 140 e seguimos em direção à vila de Kawanayén. Rodamos 28 km até a região de Parupa e aí encontramos a trilha de areia e terra que nos leva até a Vila de Liworibo, onde está o Salto Aponwao. Lá chegando encontramos um dos moradores da vila pemón arikuna, o guia Omar.

O Luis, nosso guia na região do Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela

O Luis, nosso guia na região do Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela


A esta altura já havíamos decidido acampar por ali, compramos um enlatado na venda local, antes que fechasse, e subimos na curiara de Omar, (canoa motorizada) para cruzar o Rio Aponwao. Os tours mais curtos e fáceis te levam ao salto direto de canoa, mas nós preferimos caminhar. Andamos uns 15 minutos na canoa e 40 minutos cruzando a savana em uma trilha plana e fácil até o mirante do Chinak Merú, como é chamado o Salto Aponwao na língua pemón.

Pronto para ir conhecer o Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela

Pronto para ir conhecer o Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela


Caminhando na Gran Sabana, a caminho do Salto Aponwao, na Venezuela

Caminhando na Gran Sabana, a caminho do Salto Aponwao, na Venezuela


Uma cachoeira incrível, um rio que despenca do alto dos seus 105 metros e forma uma cortina d´água única em meio à Gran Sabana.

O Salto Aponwao, o maior da Gran Sabana, na Venezuela

O Salto Aponwao, o maior da Gran Sabana, na Venezuela


Eu imaginava que poderíamos nos banhar nela, ledo engano! Há uma trilha que desce até o pé da cachoeira e quando o rio está mais baixo forma-se uma prainha onde é possível tomar banho. Não foi o caso hoje, a nuvem de água deixava todo o vale úmido e escorregadio, não muito convidativo para uma caminhada.

O Salto Aponwao, o maior da Gran Sabana, na Venezuela

O Salto Aponwao, o maior da Gran Sabana, na Venezuela


Caminhando nas vastidões da Gran Sabana, na Venezuela

Caminhando nas vastidões da Gran Sabana, na Venezuela


Voltamos com o sol baixando, uma luz linda e pouco tempo para conhecer as outras pequenas cachoeiras da região, mas com tempo, lugares não faltam para serem explorados. No caminho Omar, sabendo dos nossos planos de acampar, nos convidou para dormir em sua casa (com alguma gorjeta voluntária) na Vila Indígena Pemón de Riwo Riwo. Nós estávamos curtíssimos de dinheiro e fomos sinceros com ele, ainda assim, pela amizade e pela companhia ele manteve o convite e abriu as portas da sua casa. A casa está vazia, pois ele se mudou com esposa e filhos para morar na casa da sua sogra, que já precisa de cuidados. Com visão e tino para o turismo, Omar (38) e sua esposa Natália (49) estão planejando transformar a casa “extra” da família em um albergue simples para turistas como nós que chegam por ali.

O Luis, nosso guia, e sua esposa Stefany, moradores da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

O Luis, nosso guia, e sua esposa Stefany, moradores da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Na casa cozinhamos uma sopa e um macarrão que eu sempre trago no carro, para os casos de emergência, e montamos nosso pequeno acantonamento, com isolantes térmicos e sacos de dormir. De noite faz frio na savana, ainda mais depois do temporal que caiu! Tomamos um banho rápido no rio que circunda a comunidade e, assuntando sobre combustível, descobrimos que um caminhão de suprimentos chegava na vila. A vila de não mais de 15 casas conta com uma igreja católica e uma escola. A professora do primário é a líder comunitária, a pessoa com maior grau educacional entre os integrantes do vilarejo. O mercador, dono do caminhão, é seu namorado e assim a vila tem este privilégio! Ele vende de tudo um pouco, luvas, botas, cordas, colchões, pequenos móveis, galões e o principal, ele faz o fornecimento do diesel para o gerador de luz da comunidade. Papo vai e papo vem, conseguimos negociar com o mercador e a professora a compra de um galão de 20 litros de diesel para a Fiona! Isso custaria aqui na Venezuela em torno de 30 centavos de real, mas aqui no meio da savana tudo fica mais caro, nos custando então 100 bolivares! Leia-se: a bagatela de 7 reais!

Nossa casinha na aldeia perto do Salto Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

Nossa casinha na aldeia perto do Salto Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Enquanto o Ro capotou de cansado em casa, eu saí em busca do diesel e acabei sendo intimada a desatolar o caminhão do nosso amigo mercador. O seu motorista havia se prontificado a levar uns indiozinhos para a vila vizinha, há 15 minutos dali. Ele pegou o caminho errado e acabou atolando! Que azar! Ele não queria deixar as mercadorias todas sozinhas, mas estava chovendo e já estava escuro, seria impossível tirá-lo de lá hoje! Então eu fui até lá com as crianças avisá-lo que tiraríamos o caminhão pela manhã e dei uma carona para os 5 jovens até a vila vizinha, onde está a sede do parque.

Nosso 'acampamento' na casa do Luis, na Gran Sabana, na Venezuela

Nosso "acampamento" na casa do Luis, na Gran Sabana, na Venezuela


De volta à comunidade encontrei Omar e Natália e passamos longas horas conversando. O casal tem 5 filhos e leva uma vida muito simples na vila. Há alguns quilômetros dali Omar e seus familiares plantam mandioca, batata e alguns poucos vegetais. A pesca e a caça estão cada vez mais escassas e a venda de artesanatos e o trabalho como guia são a única renda que eles possuem. Natalia já esteve no Brasil acompanhando sua sobrinha que estava grávida e foi a Boa Vista para o parto. Elas reuniram as poucas economias que tinham e conseguiram carona para chegar até a capital de Roraima. Complicações no estágio final da gravidez fizeram que sua sobrinha ficasse quase um mês no hospital e ali ambas tiveram todo o apoio e atendimento necessário. Ela conta que ficou impressionada com a qualidade do atendimento, enfermeiras sempre preocupadas e médicos muito atenciosos. Ganhou roupas, comida e até salão de beleza das amigas que fez no hospital.

O Luis, nosso guia, e sua esposa Stefany, moradores da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

O Luis, nosso guia, e sua esposa Stefany, moradores da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Para Natália o Brasil é um paraíso, cheio de pessoas educadas e muito gentis. Estava sempre muito curiosa para ver fotos de Boa Vista e querendo entender melhor o mapa do Brasil. Eu mostrei algumas fotos, o mapa e ensinei um pouco de português, enquanto Omar me perguntava sobre o trabalho e a vida no Brasil. Com a experiência de Natália sem dúvida Boa Vista lhes parece uma ótima saída desta vida paupérrima que vivem aqui. Quem dera fosse sempre assim, pensei... uma vida no campo às vezes lhes pode sair muito melhor do que a vida de imigrante em uma capital brasileira. Que a vida lhes guie pelo melhor caminho!

Fim de tarde na região do Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela

Fim de tarde na região do Salto Aponwao, na Gran Sabana, na Venezuela


Com o combustível extra que conseguimos, voltamos a pensar em ir até Kawanayén, a pequena vila em meio a uma paisagem incrível de tepuis que foi construída ao redor de uma Missão de Padres Capuchinhos. Kawanayén, a 70km de estrada de terra desde a estrada principal, estava no nosso plano original, mas sem combustível disponível já havíamos desistido. Omar e Natalia se animaram em nos acompanhar, não apenas pelo passeio, mas por que Kawanayén é muito mais barata para comprar suprimentos, comida, etc. Sairíamos bem cedo, entre 6 e 7 da manhã para dar tempo de irmos até lá, retornarmos e ainda seguirmos até Santa Helena, parando em algumas cachoeiras no caminho. Nosso cronograma estava apertado, mas daria tempo. Porém não contávamos que seria tão difícil desatolar o caminhão.

Caminhão atolado perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

Caminhão atolado perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


A Fiona guincha um caminhão atolado perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

A Fiona guincha um caminhão atolado perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Na manhã seguinte ficamos umas 3 horas trabalhando para tirar o caminhão de mais de 9 toneladas da lama! A roda estava quase toda afundada, calçamos com as nossas pranchas de alumínio, pedras, puxamos com o guincho e nada! Estouramos uma das nossas cintas tentando tirá-lo dali... Só depois de muito cavar, muitas pedras e muita paciência foi que conseguimos fazer ele se mover!

A prancha de aluminio nos ajuda a desatolar o caminhão perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

A prancha de aluminio nos ajuda a desatolar o caminhão perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Controlando o motor do guincho da Fiona durante operação paa desatolar um caminhão, perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

Controlando o motor do guincho da Fiona durante operação paa desatolar um caminhão, perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Celebração após desatolarmos um caminhão perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela

Celebração após desatolarmos um caminhão perto da Aldeia Aponwao, na Grand Sabana, na Venezuela


Ao final, nos despedimos de Omar e Natália sem poder leva-los até Kawanayén. Ajudamos com o que pudemos, comidas e roupas que tínhamos, além de um extra pela casa. Hoje é dia dos pais e a vila está em festa o dia inteiro! Missa na igreja pela manhã, famílias e amigos reunidos para o almoço e uma gincana organizada pela professora durante a tarde iam animar o Dia dos Pais. Uma pena não podermos ficar. Fomos presenteados com esta experiência na Gran Sabana! O encontro com Omar e Natália e a convivência, mesmo que rápida, com o pessoal da tribo foi marcante e muito especial! Espero poder voltar aqui e encontrar Omar e sua família muito bem, com uma bela pousadinha, transformando para melhor a sua vida e a da vila sem precisar sair da sua terra e sem perder as suas raízes.

Nessa época, há muitas flores na Gran Sabana, na Venezuela

Nessa época, há muitas flores na Gran Sabana, na Venezuela

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Roteiro na Gran Sabana

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Território do Ouro

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